´´Observe as tendências mas não Siga a maioria`` Thiago Prado


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terça-feira, 25 de novembro de 2008

O dom da Liderança


"O tipo mais comum de governante é aquele que apenas reage aos fatos. A maioria dos políticos que ocupam a cadeira de líder não atua como tal"





O cientista político americano Fred Greenstein, 72 anos, diretor do centro de pesquisas em lideranças políticas da Universidade Princeton, é um dos maiores especialistas no mundo da psicologia do poder. No último de seus cinco livros sobre o assunto, The Presidential Difference: Leadership Style from FDR to Clinton (Diferenças Presidenciais: a Liderança de Roosevelt a Clinton), Greenstein disseca as qualidades e o estilo de onze ex-governantes dos Estados Unidos. Em sua pesquisa, ele mostra que a liderança é uma qualidade de nascença. Alguns líderes, no entanto, só apresentam essa vocação quando enfrentam uma situação-limite. Greenstein gosta de citar o exemplo do ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, considerado uma figura sem carisma até os ataques terroristas ao World Trade Center. Depois do episódio, Giuliani revelou-se um líder forte e popular. Nesta entrevista, Greenstein fala sobre os líderes mais marcantes da história, como Winston Churchill e Nelson Mandela, e diz que governantes populistas como Getúlio Vargas teriam pouco espaço nos dias de hoje.

Veja – Liderança é qualidade de nascença?
Greenstein – Sim, a liderança é um aspecto da personalidade, uma característica que alguns indivíduos têm e outros não. Isso não quer dizer que essa qualidade vá aparecer desde cedo. Existem os líderes que chamo de óbvios porque na infância ou na juventude já se colocavam à frente do grupo de pessoas com quem se relacionavam. Eles apresentam características da liderança muito evidentes, como Franklin Roosevelt, por exemplo. Moisés foi um líder bíblico com uma vocação clara, assim como o general romano Júlio César. Os estudos sobre o assunto mostram, no entanto, que homens que jamais se destacaram na liderança podem se tornar grandes líderes quando o ambiente ou o contexto histórico em que vivem são favoráveis a isso. Se não fosse a oportunidade, eles poderiam passar sua existência sem desenvolver essa qualidade com que nasceram, mas da qual não tinham sequer consciência.

Veja – Então qualquer pessoa pode descobrir que tem vocação para ser líder de uma hora para outra?
Greenstein – Há pessoas que são mais apagadas, sem sal, ou que aparecem como figuras antipáticas e arrogantes. Aí, de repente, num ponto da vida, se vêem forçadas a enfrentar uma situação-limite, uma crise de altas proporções, e se revelam líderes brilhantes. Digo que as situações críticas são um teste à liderança. Olhe o caso de Rudolph Giuliani. Ele era prefeito de Nova York quando desabaram as torres do World Trade Center. Antes dos ataques, Giuliani era controverso na cidade, tido como um político hostil e agressivo, sem popularidade. No fim do mandato, ele viu-se com a responsabilidade de organizar um caos e virou outro tipo de governante: enérgico, focado, bom de discurso, popular – genuínas características da liderança que ele próprio nunca tinha sido capaz de identificar.

Veja – É possível governar sem ser líder?
Greenstein – Por definição, governantes estão oficialmente em posição de liderança. Essa é a definição dos dicionários de ciências políticas, mas na prática do poder a maioria deles toma muito poucas iniciativas. O tipo mais comum de governante é aquele que reage aos fatos, e não o que cria novas situações, planeja estratégias e consegue enxergar um passo adiante. Ou seja: a maioria dos que ocupam cargos de líder não atua como tal. Os líderes de fato, muito mais raros, são bem recompensados. Conseguem manter-se no poder durante mais tempo que os outros e a história lhes confere o status de modelos desejáveis, em alguns casos símbolos de correntes políticas que se perpetuam. Dois líderes do tipo forte foram Nelson Mandela e Winston Churchill, e dois entre os menos expressivos foram George Bush (pai do atual presidente americano) e John Major, ex-primeiro-ministro britânico.

Veja – Quais são as características que diferenciam esses líderes que o senhor citou?
Greenstein – Há muitos tipos de líder, e gosto de destacar três. A primeira categoria é dos líderes que marcam diferença por ser grandes estrategistas, objetivos e com visão de futuro. O legado deles é o método. O segundo tipo tem forte poder intelectual, mergulha com intensidade nas questões teóricas, disseca e diagnostica problemas como ninguém. São líderes que deixam idéias originais, com marca própria. E um terceiro tipo chamo de líderes inspiradores. Eles entendem as demandas do povo, suas paixões, conseguem associar-se emocionalmente às pessoas. Os maiores líderes da história têm força porque reúnem método, intelecto e a habilidade de tocar no sentimento de seus liderados.

Veja – Carisma não é condição necessária à liderança?
Greenstein – Essa idéia é bastante propagada, mas a realidade é que falta carisma a muitas pessoas que ocupam a cadeira de líder. John Major era motivo de piada nos círculos do poder porque dava sono nos interlocutores e, no entanto, virou primeiro-ministro inglês. É possível passar uma temporada no poder, em postos importantes inclusive, sem ter o carisma como qualidade. De modo geral, esses políticos deixam os holofotes e são rapidamente esquecidos. Já os líderes carismáticos são mais fortes e poderosos porque têm a habilidade de deixar as pessoas a sua volta hipnotizadas, prontas para segui-los e para se sacrificar em nome de objetivos que sentem ser também os delas. O carisma é um aspecto do poder que ajuda a distinguir um líder da melhor estirpe de um político comum.

Veja – O poder no século XXI ficou mais sofisticado?
Greenstein – Sem dúvida. A começar pelo aspecto puramente visual. Sempre quando assisto aos documentários sobre os grandes líderes populistas do passado, como Juan Domingo Perón e Getúlio Vargas, parecem fora de moda, de tempo e espaço. Eles conseguiram estabelecer um eficiente elo emocional com o povo, mas seu gestual é hoje pouco persuasivo, difícil de convencer. Sinto que estou vendo uma peça de atores canastrões, com diálogos rasteiros e sem profundidade. Esse tipo de discurso pouco elaborado está em extinção. Hoje, quanto mais avançada é a democracia em um país, menos o seu povo se deixa seduzir por argumentações superficiais e pouco elaboradas.

Veja – O diploma escolar ajuda?
Greenstein – Estudo não é pré-requisito para a boa liderança, como o são o método, a inteligência ou a sensibilidade. Claro que é positivo. Quem estuda adquire mecanismos para organizar melhor as idéias e evidentemente aumenta o repertório de referências históricas e culturais. É um patrimônio pessoal importante, mas não imprescindível. Até porque é possível preencher as lacunas deixadas pela falta do estudo formal com leitura ou mesmo com uma boa rede de informação. O que não dá é ensinar alguém a ter magnetismo ou inteligência para liderar.

Veja – Entraram novas habilidades no conjunto de pré-requisitos que um líder precisa reunir?
Greenstein – Sim. O tipo de inteligência que um líder deve ter hoje é muito mais analítica, porque o mundo está mais complexo, cheio de variáveis, interligado por relações políticas e econômicas. Então não basta concentrar informação e juntar a com b. Hoje um líder acorda todo dia diante de centenas de possibilidades e precisa estar preparado para tomar suas decisões com extrema solidez emocional. Nas democracias modernas, habilidade política é um pré-requisito absolutamente essencial. Um líder não sobrevive sem isso.

Veja – É mais difícil ser um líder democrático ou um ditador?
Greenstein – Um líder democrático, claro. O líder democrático não só lida com o processo decisório, mas também precisa convencer pessoas com interesses antagônicos de que suas metas são factíveis e desejáveis. Isso exige talento para a liderança. Com os ditadores a coisa é diferente, porque a eles só é colocada a primeira parte do problema, que é decidir. O resto é feito na base de ordens, o que demanda muito menos habilidade política. Há ditadores como Fidel Castro e os governantes no continente africano que, apesar de sua longa temporada no poder, não conseguiriam ser eficientes líderes em nações democráticas. O mesmo se aplica a Hitler e Mussolini, que ganharam espaço num tempo e lugar da história.

Veja – Em seus estudos, o senhor se refere à importância da presença física de um líder. A aparência conta muito?
Greenstein – O que faz diferença é ter uma presença forte. A beleza e o charme são atributos que podem vir associados a isso e funcionar bem. O caso de John F. Kennedy é um clássico exemplo de como a mistura pode ser bem-sucedida. Na eleição que disputou com Richard Nixon, em 1960, quem ouvia os dois debatendo no rádio achava Nixon muito mais convincente. Aí veio o debate na televisão, e um Kennedy bonitão e seguro contrastou com um Nixon cinzento, recém-saído do hospital e com a aparência debilitada. Gosto de frisar os vários exemplos em que a beleza não entra em questão e só o que conta é a solidez da imagem. A história é farta em casos de políticos feios e atarracados que quando apareciam em público tinham uma presença tão forte que o público não conseguia desgrudar os olhos deles.

Veja – Quem o senhor citaria?
Greenstein – Winston Churchill é um bom exemplo. Estava longe de ter uma aparência hollywoodiana, mas para os ingleses sua imagem transmitia tenacidade, determinação. Na França do século XIX, quem olhasse para Napoleão jamais diria que aquele homem fisicamente inexpressivo adquiriria uma aparência tão forte e marcante no exercício do poder. A boa aparência pode ajudar, como mostra o exemplo de Kennedy, mas o que mais conta é a postura diante dos liderados, o que nos revelam os casos de Churchill e Napoleão. Acho que os homens que hoje fazem marketing político estão centrados demais na aparência. Aprimoraram suas técnicas de manipulação da imagem, mas estão tão animados com suas descobertas que ainda não se deram conta de que os exageros podem atrapalhar.

Veja – Como?
Greenstein – A interferência pode resultar em uma imagem artificial e o efeito ser negativo. Durante os oito anos em que Hillary Clinton desempenhou o papel de primeira-dama dos Estados Unidos, foi muito criticada, e uma das razões para isso era sua notória preocupação com a aparência, identificada como um traço de superficialidade. Toda semana Hillary vinha a público com um novo penteado. Atualmente, como senadora, ela aprendeu a se desvencilhar desse glamour. Mantém uma imagem só e, por ironia, foi desse jeito que ficou mais apresentável. O excesso de intervenção na imagem natural pode produzir um desagradável efeito bumerangue, que se volta contra o próprio político. Isso acontece porque o público já está educado o suficiente para detectar a insinceridade. No exercício do poder, o político se refina e aprende a equilibrar essas coisas.

Veja – Quais são as características que os bons líderes têm em comum?
Greenstein – Por definição, bons líderes são pessoas diferentes da média. Eles têm mais determinação que os outros. São mais eloqüentes que os outros. Sua presença é tão marcante que ficam na memória das pessoas. O gestual ajuda. Bons líderes costumam ter gestos largos e até teatrais. Usam as palavras com precisão cirúrgica, sabendo aonde querem chegar com um discurso. Gosto de sublinhar que a determinação não está associada necessariamente à permanente agressividade de postura. É bom lembrar que o trunfo de alguns líderes, como Kennedy, foi saber sorrir para seus liderados. Nenhum líder do primeiro time, no entanto, passou pelo poder sem precisar atuar de modo agressivo inúmeras vezes. Por isso a liderança não é para qualquer um, é um dom.

Veja – Até que ponto uma pessoa pode desenvolver algumas dessas características que o senhor citou?
Greenstein – É possível ensinar uma pessoa a organizar um trabalho de equipe e a educar seu olhar para aspectos fundamentais da chefia, como técnicas para estimular funcionários e aumentar a produtividade. Gente especializada pode também dar conselhos a políticos para que desenvolvam uma comunicação mais eficiente. E só. Quem prometer mais estará mentindo. Não acredito em palestras que garantem produzir grandes líderes com teorias mágicas. Elas viraram febre e ganharam popularidade porque as pessoas se sentem cobradas a agir como líderes no ambiente moderno de trabalho. E o pior é que esses cursos propagam estereótipos de liderança que não correspondem à realidade.

Veja – Quais estereótipos?
Greenstein – Propagou-se a idéia de que líder de verdade é o falante, piadista, competitivo e, de novo, o tipo agressivo. Os estudos nos melhores centros especializados do mundo mostram que o líder com a postura mais doce e tranqüila pode ser tão eficiente quanto o outro. Em meu último livro, descrevo a personalidade de onze presidentes americanos, e um deles, Dwight Eisenhower, que assumiu a Presidência aos 62 anos de idade, era visto como um avô afetuoso. No ambiente de trabalho esses não costumam ter vez. Pessoas de postura mais fechada são freqüentemente barradas na porta de entrada das grandes empresas. Embora os estudos demonstrem que esses possam ser líderes mais eficientes, acabam derrubados pelo estereótipo.

“Nossas fronteiras são altamente vulneráveis”, diz general

O general-de-exército Augusto Heleno Ribeiro é um dos mais experimentados integrantes da cúpula do Exército Brasileiro. Tem bom trânsito no alto comando e é respeitado na tropa. Maneja as nuances da política como poucos na caserna. Foi o primeiro comandante da Força de Paz da ONU no Haiti, a cargo do Brasil, e, em setembro passado, assumiu o Comando Militar da Amazônia, o mais importante posto do Exército depois do comando-geral da Força. Nesta entrevista a ÉPOCA, o general admite a deficiência na vigilância das fronteiras na região amazônica.

ÉPOCA - Há uma discrepância gritante entre o discurso político sobre a necessidade de proteção da Amazônia e a realidade das fronteiras na região. Por quê?
General Augusto Heleno Pereira -
Hoje eu penso que a grande ameaça à Amazônia não é invasão estrangeira, mas o vazio de poder. Quando sobrevoa a Amazônia, a gente tem idéia do que é um vazio demográfico, e quando bota o pé no chão verifica o que é vazio de poder, o que é ausência de Estado. Isso realmente precisa ser sanado a curto prazo. Nós podemos perder a Amazônia sem dar nenhum tiro. A ocupação da Amazônia pode se dar de forma desordenada, sub-reptícia, sem controle, e vai ser muito mais sério do que qualquer invasão física que aconteça. O que tem salvo a Amazônia de uma ação mais agressiva é o fato de que na selva tudo é muito difícil. Mas eu não tenho dúvida de que, à medida que a evolução tecnológica for dando condições econômicas de exploração, essa ocupação vai ser acelerada.

ÉPOCA - As organizações não-governamentais que atuam na região são a ponta aparente dessa ameaça?
General Heleno -
Também. Eu acho que algumas organizações não-governamentais fazem um trabalho altamente meritório. Mas outras nem tanto. E são essas que fazem trabalhos por baixo do pano, que colhem informações, que levantam nossas reservas de minério, que estão trabalhando para o futuro. Não tenho a mínima dúvida disso. Há ainda outras áreas altamente sensíveis que têm sido bastante avaliadas por estrangeiros que vêm à Amazônia para isso, para terem oportunidade de sentir qual é o futuro que eles podem ter aqui. A biopirataria é um exemplo disso. É só circular pela Amazônia que a gente percebe presenças estrangeiras que são até inexplicáveis em determinadas áreas. Onde é rarefeita a presença do Estado, o ilícito ganha espaço. Chega um ponto em que você vai transformando a Amazônia num paraíso para o ilícito.

ÉPOCA - O Exército está preparado para os problemas existentes nas fronteiras do Brasil na Amazônia?
General Heleno -
Nossos pelotões de fronteira são forças de vigilância. Estão ali para alertar sobre qualquer movimento pouco usual de tropas do outro lado. Em termos de soberania, de manutenção de integridade territorial, não há risco. Nós estamos bem posicionados na fronteira. Nós não estamos preparados para combater o ilícito, e nesse ponto as fronteiras realmente são altamente vulneráveis.

ÉPOCA - Por quê?
General Heleno -
É preciso dar melhores condições de vida para os homens que se propõem a ir para a fronteira defender o país. Eu tenho consciência de que falta até combustível. Isso não pode continuar acontecendo. Além do mais, para desempenhar bem esse papel o Exército precisa ter plataformas de combate altamente móveis. Sem elas, eu não consigo me fazer presente. As distâncias na Amazônia são gigantescas. Tem pelotões que estão a 300 quilômetros um do outro. É uma fronteira extremamente difícil de ser vigiada, área de selva. Não se vê nem os marcos de fronteira. Muitas vezes a fronteira é um rio, um igarapé. Nós não temos helicópteros, não temos voadeiras (barcos de alumínio com motor de popa) suficientes para realizar as patrulhas que nós desejamos.

ÉPOCA - As Farc, que agem bem próximo da fronteira, oferecem risco ao Brasil?
General Heleno -
Fatalmente, pela própria posição geográfica, a gente tem certeza que as Farc se abastecem no Brasil. É claro que o camarada não vem no Brasil como guerrilheiro. Ele vem como cidadão colombiano, é recebido como cidadão colombiano, vem aqui, compra algumas coisas e as recebe lá na Colômbia. O comerciante brasileiro entrega a mercadoria lá. O pagamento muitas vezes é feito numa moeda que não é legal. Muitas vezes é droga. E isso nos preocupa porque, se esse pagamento é feito em pasta de cocaína, podem estar sendo montados laboratórios dentro do território brasileiro para transformar a pasta em cocaína.

ÉPOCA - Na medida em que faltam meios para desempenhar o papel de vigilância das fronteiras, a soberania do Brasil na região amazônica não está em risco?
General Heleno -
Temos que considerar quem é nosso adversário possível e provável. Hoje nós temos uma situação amistosa com todos os países da fronteira. Uma mudança nessa situação não acontece de uma hora para outra. Se eu estivesse do outro lado de alguns países de primeiro mundo, estaria mais preocupado. Como ali está todo mundo jogando com meios muito improvisados, está todo mundo no mesmo barco. Então, com a questão da soberania, nesse sentido, eu não me preocupo tanto.

ÉPOCA - A corrida armamentista de Hugo Chávez preocupa?
General Heleno -
O fato de a Venezuela se armar é direito de um país soberano, independente, que tem dinheiro. Estão se armando. As articulações que ele (Chávez) tem feito na América do Sul, logicamente os estudiosos de geopolítica devem estar analisando, com vistas para o futuro. Mas, de forma imediata, aqui pra nós, a Venezuela continua a ser vista como um país amigo, com o qual temos um relacionamento muito bom.

ÉPOCA - O Brasil está preparado para eventuais conflitos?
General Heleno -
O Brasil, pela estatura política e estratégica que tem, precisa se preparar para ter forças armadas de acordo com o que ele pretende ser no cenário mundial. Não acho que as Forças Armadas do Brasil tenham que ser majestosas, até porque o Brasil não tem nenhuma tendência a imperialismos e belicismos. Mas nós temos que ter forças armadas respeitadas, com um poder de dissuasão grande. Se você tem uma mansão, não pode ter um poodle tomando conta. Tem que ter um pitbull. O Brasil é uma mansão, então nós temos que ter um pitbull.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Vacinação para viajens

Vacinas

Febre Amarela

A incidência da febre amarela em locais de prática de ecoturismo vem preocupando as autoridades sanitárias nacionais, que tentam evitar que a doença volte a ocorrer em áreas urbanas - um fantasma afastado da realidade brasileira desde 1942. A febre amarela é uma doença grave, que pode levar à morte, mas a vacina é considerada altamente eficaz. De acordo com informações do Centro de Informação em Saúde para Viajantes (Cives) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), existem áreas de risco de transmissão de febre amarela em todas as regiões do Brasil e em diversos países do continente americano e da África. Segundo a Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS), os principais locais de risco são as regiões de matas e rios onde há a presença natural do vírus. No Brasil, essas áreas compreendem todos os estados das regiões Norte e Centro-Oeste, além do Maranhão e Minas Gerais, bem como as regiões sudoeste do Piauí, oeste da Bahia, oeste do Paraná, oeste de Santa Catarina, noroeste do Rio Grande do Sul e noroeste de São Paulo. A maior incidência da doença é de janeiro a abril, coincidindo com o período das chuvas - quando há um aumento da quantidade do mosquito transmissor em circulação e uma maior atividade agrícola, com mais gente transitando em áreas com risco de transmissão.

Uma das ações do Ministério da Saúde para controlar a doença no país é a exigência do Certificado Internacional de Vacinação (CIV) contra a febre amarela para todos os turistas vindos de Bolívia, Peru, Venezuela, Guiana Francesa e África.

Quem e como vacinar - Nos últimos três anos, mais de 60 milhões de pessoas foram vacinadas contra febre amarela no Brasil. Nas regiões endêmicas, a vacina é aplicada de forma rotineira. Quem viaja para área de risco de transmissão deve ser imunizado no mínimo dez dias antes da viagem. O efeito de uma dose da vacina vale por dez anos, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A vacina pode ser aplicada a partir dos nove meses de idade. Quem já tomou a vacina há mais de dez anos precisa apenas de um reforço e a imunidade é imediata. A vacina é gratuita e está disponível exclusivamente na Rede Pública, incluindo postos de saúde municipais e estaduais da rede SUS, além dos postos e nas salas de vacinação da Anvisa, instalados em portos e aeroportos.

Quem parte de um região endêmica com destino ao exterior tem que apresentar o Certificado Internacional de Vacinação (CIV), que é emitido pela Anvisa nos Postos de Vacinação do Ministério da Saúde, mediante a apresentação do Comprovante de Vacinação, que é obtido nos postos de vacinação filiados ao SUS no momento da imunização. O CIV é exigido em viagens internacionais na chegada ao páis de destino. Apesar de a vacina ser recomendada em viagens domésticas para áreas endêmicas, o certificado de vacinação não é uma exigência legal, segundo a Anvisa.

O Posto de Vacinação do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro funciona na Secretaria de Estado de Saúde, na Rua México, 128 térreo, onde a vacina é aplicada de segunda-feira à sexta-feira, de 9h às 12h e das 14h às 16h. A Anvisa publica em seu site a lista de portos, aeroportos e fronteiras onde há vacinação contra a febre amarela e a relação dos países
endêmicos para a doença
, segundo classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Malária

O risco em níveis mais elevados de transmissão da malária ocorre em países da África (sub-saariana), da América do Sul (Bacia Amazônica), em Irian Jaia, em Madagascar, em Papua-Nova Guiné, no Sudeste da Ásia e em Vanuatu. É relativamente baixo no Afeganistão (leste), na América Central, na América do Sul (exceto na Bacia Amazônica), na América do Norte (áreas rurais do México), na China (norte), no Egito, na Índia, na Indonésia, no Iraque, no Irã, na Malásia, no Sri Lanka, no Sul do Iraque, no Oriente Médio, no Paquistão e na Península Arábica (sudeste). No Brasil, segundo informações do Cives/UFRJ, o risco maior de transmissão de malária está na Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins). Nas capitais, em geral, o risco é pequeno, mas considera-se possível nos arredores das cidades. Nos Estados do Sudeste e do Sul, a não ser esporadicamente, não ocorre transmissão.

Não há vacinas disponíveis contra a malária. As medidas de proteção são as mesmas usadas para se proteger das demais infecções transmitidas por insetos, como a febre amarela e a dengue: usar calças e camisas de mangas compridas, repelentes contra insetos à base de DEET nas roupas e no corpo, observando a concentração máxima para crianças (10%) e adultos (30%). O ideal é hospedar-se em locais com ar-refrigerado, protegidos por telas contra mosquitos, ou usar mosquiteiros tratados com permetrina e inseticida.

Informações adicionais:

Disque Saúde, do Ministério da Saúde: 0800-611997
Ministério da Saúde
Anvisa
Centro de informações ao viajante, da UFRJ (Cives)

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Crise no Iêmen ameaça levar anarquia a rota de petróleo

O possível colapso econômico e social do Iêmen pode criar uma zona de instabilidade e anarquia que se estende do leste africano até a Península Arábica, afetando a importante rota de escoamento de petróleo através do Canal do Suez, de acordo com um estudo divulgado nesta quinta-feira pelo instituto britânico Royal Institute for International Affairs.

"Um Iêmen instável pode levar ao aumento da área sem lei desde o norte do Quênia, através da Somália, o Golfo de Áden até a Arábia Saudita. A pirataria e movimentos jihadistas aumentariam, com conseqüências para as rotas marítimas e o transporte de petróleo pelo Canal de Suez", afirma o documento.

"Se o Iêmen se tornar um Estado falido, vão diminuir as chances de paz na Somália e as condições de segurança na Península Arábica."

Uma das conclusões do estudo é que "os vizinhos do Iêmen e instituições internacionais podem considerar mais barato subsidiar um país frágil do que reconstruir um falido."

Água e petróleo

O Iêmen é o mais pobre dos países árabes, com uma taxa de desemprego por volta de 40%. A população de 22 milhões deve dobrar até 2035 e seus recursos de água e petróleo se mostram cada vez mais escassos.

"Por décadas, foram perfurados poços irregulares que esvaziaram as reservas subterrâneas mais rapidamente do que a água da chuva podia compensar. Ninguém pode prever exatamente quando o volume da água potável na capital Sanaa vai baixar a um nível inviável", afirma o estudo.

Especialistas citados pelo jornal iemenita Yemen Times calculam que os reservatórios que abastecem a cidade podem estar completamente secos já em 2010. A saída apontada seria a dessalinização da água do mar, um processo caro.

Pelo menos 90% das exportações e 75% da receita do governo vêm do setor petrolífero, que está em decadência.

O Banco Mundial calcula que entre 2009 e 2010, os poços de petróleo do país vão gerar bem menos do que os atuais 300 a 350 mil barris/dia. As reservas do país devem se esgotar até 2017.

"O governo iemenita confia que novos poços de petróleo vão ser descobertos no mar. No entanto, o aumento da pirataria no Golfo do Áden pode prejudicar a exploração de petróleo na costa", diz o documento.

Al-Qaeda

As tentativas do governo de estimular o turismo para diversificar a economia vem sendo prejudicadas por uma série de ataques de extremistas, incluindo a rede Al-Qaeda, que custaram ao país nos últimos tempos mais de US$ 2 bilhões, segundo o ministro das Relações Exteriores do país, Abu Bakr Al-Qirbi.

Analistas afirmam que a atuação da Al-Qaeda vem crescendo no Iêmen por uma série de motivos, incluindo o aumento da repressão contra militantes na vizinha Arábia Saudita desde março e a saída de vários de seus integrantes do Iraque.

Mas há ligações históricas entre o Iêmen e a Al-Qaeda. O pai de Bin Laden era iemenita e o maior contingente de detidos pelos militares americanos na Baía de Guantánamo saiu do país.

Com o aumento dos problemas sociais no Iêmen, o governo central enfrenta duas insurreições diferentes, no norte, xiita, e a região sul do país (o antigo Iêmen do Sul), que deseja mais poder, dividendos e autonomia.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Brasileiros embarcam para Rússia para estudar medicina

esta segunda-feira (17), Bruno Giacomelli de Souza, 19 anos, dá início ao sonho de cursar medicina. Não, o nome dele não está em uma das últimas listas de aprovados no vestibular. O jovem voa para a Rússia, onde deverá fazer a graduação na Universidade Médica Estatal de Kursk. Junto dele estão outros 16 brasileiros com o mesmo objetivo.

“Estou ansioso. Nunca fui pra lá e não sei como vai ser. Vai ser meio complicado no começo. Mas acho que foi uma oportunidade de estar num lugar diferente e que vai me dar uma boa condição depois”, afirma.

A distância da família e dos amigos promete ser um dos grandes desafios. Mas, talvez, não seja maior do que a adaptação à língua e aos costumes locais. “Vou sem saber nada. Fiz umas aulas, mas continuo não sabendo muita coisa. Sei conjugar verbo no presente, falar bom dia, boa tarde, boa noite. Aprendi o alfabeto que é por sonoridade e é o mais difícil”, conta.

Por isso, nos primeiros nove meses, Bruno vai aprender a língua. Só então entrará no curso de medicina, com duração prevista de seis anos. “Meu sonho é estudar bastante, conhecer tudo”, diz.

Bruno já fez contato com outros brasileiros que vivem na Rússia e que fazem o curso. Ele tem a impressão de que lidará bem com diferenças, por exemplo, de clima. “Falaram que devo comprar as roupas de frio na Rússia mesmo, pois são mais quentes. E também já me falaram para levar panela de pressão, que não tem no país.”

Universidades

Além da universidade de Kursk, os estudantes brasileiros irão também para a Universidade Estatal de Belgoród e para a Universidade Amizade dos Povos, em Moscou. A seleção e a assistência aos alunos é oferecida pela Aliança Russa de Ensino Superior, entidade representante oficial das melhores instituições estatais russas no Brasil.

O custo do curso em Kursk, segundo a Aliança Russa, é de US$ 2.600 (cerca de R$ 6 mil) para realizá-lo em russo e cUS$ 3.700 (cerca de R$ 8.500) para concluí-lo em inglês. Nos valores anuais estão inclusos: seguro médico, tutoria acadêmica e benefícios como distribuição de livros e moradia, concedidos pelo governo russo.

Segundo a Aliança Russa, não é necessário ter conhecimento na língua russa ou inglesa para ingressar em uma das faculdades do país. Os alunos podem iniciar o processo de adaptação na Faculdade Preparatória Internacional (FPI), onde aprendem o idioma escolhido aplicado à futura área de atuação. Logo após, eles são encaminhados diretamente para o primeiro ano da faculdade. Com duração de nove meses, o curso pode ser realizado tanto na Rússia quanto no Brasil.

Mais informações no site www.aliancarussa.com.br.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Quatro maiores máfias italianas faturam US$ 163 bilhões ao ano

Se as quatro maiores máfias italianas - Ndranheta (Calábria), Cosa Nostra (Sicília), Camorra (Nápoles) e Sacra Conora Unita (Apúlia) - unissem seus negócios, elas faturariam US$ 163 bilhões - ou o correspondente à receita da décima maior empresa do mundo, à frente de gigantes como o banco HSBC e a montadora Volkswagen. A informação é da associação de lojistas da Itália, que revela ainda que a máfia pretende usar a crise financeira para aumentar seus negócios.

De acordo com Marco Venturi, presidente do conselho da Confesercenti, mais de 180 mil pequenos e médios empresários do país já devem ter procurado a máfia para conseguir empréstimos para financiar seus negócios. Para que outros não façam o mesmo, Venturi pede que os bancos e o governo italianos disponibilizem novas linhas de créditos para os empresários.

O estudo revela dados impressioanantes. Segundo ele, as quatro máfias faturam juntas US$ 317 milhões por dia ou US$ 12,7 por hora. Além disso, elas teriam uma espécie de tabela de serviços de proteção dos empresários italianos. Para evitar quaisquer problemas num canteiro de obras, seriam cobrados US$ 12,7 mil. Para supermercado, o preço varia entre US$ 3,8 mil e US$ 6,3 mil.

Jogos de Guerra motivam Escolas Militares

A Marinha prepara seus Fuzileiros Navais para um desembarque anfíbio na Região de Topázio, desloca submarinos e navios para posições ofensivas e defensivas no litoral da região em litígio. O Exército desloca suas tropas para as fronteiras entre os Países Azul, Vermelho e Amarelo e realiza diversas operações especiais para neutralizar radares, pistas, antiaéreas e conquistar posições estratégicas no terreno. A Força Aérea garante a superioridade do espaço aéreo no Teatro de Operações (TO) e possibilita as operações em proveito das Forças de Superfície (Marinha e Exército).

Esse é o cenário que ocupa os militares das três Escolas de Comando e Estado-Maior das Forças Armadas Brasileiras, a EGN (Escola de Guerra Naval), a ECEME (Escola de Comando e Estado-Maior do Exército) e a ECEMAR (Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica) que realizam o Exercício AZUVER (País Azul contra o País Vermelho), desde o dia 10 de outubro.

O AZUVER é o desfecho de um conflito armado fictício, ocorrido no século passado, entre os Países Azul e Vermelho, motivado por uma histórica indefinição de limites na região conhecida como Topázio. Desde então, Vermelho tem se dedicado ao povoamento daquela área, destinando-lhe investimentos e mantendo a posição de não discutir juridicamente os questionamentos de Azul, junto ao Organismo Internacional (OI). Nas últimas décadas, a Região de Topázio vem sendo contestada por sucessivos governos de Azul, com o argumento de que a área contestada lhe pertence por formação histórica.

O Exercício é o coroamento dos profissionais da guerra que irão compor os diversos Estados-Maiores das Forças Armadas Brasileiras, nos próximos anos, e prepara os Oficiais Superiores para os métodos, adotados pelo Ministério da Defesa e pelos Comandos das Forças Singulares, e para a solução de problemas operacionais com vistas ao prepara e emprego em operações de guerra, de acordo com a legislação e a doutrina em vigor.

Fonte: ECEMAR - CCEM

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Mulheres mais belas do mundo

Traveler's Digest, uma revista para viajantes, fez uma lista de países e cidades onde vivem mulheres mais bonitas do mundo. A Rússia e seu capital Moscou não ficaram no último lugar na lista, apesar de países e a cidades não são encontrados em tais listas como "mais seguros, fascinantes e agradáveis países do mundo a serem visitados.

A Suécia com a sua capital, Estocolmo, é o mais atraente entre os turistas para o sexo masculino, segundo o resultado da pesquisa. A abundância das belas mulheres na cidade, lhe dá uma sensação como que se encontra sozinho num reality show de top models.

Além disso, as mulheres suecas são muito simpáticas e bem-educadas. Elas falam Inglês com o sotaque britânico, e muitas delas parecem com meninas britânicas. É notável que a Suécia, bem como outros países escandinavos, são um dos países mais seguros do mundo para os turistas.

Argentina e Buenos Aires ocuparam o segundo lugar na lista. Muitas jovens argentinas são parecidas com modelos, porque Buenos Aires foi habitado por descendentes de emigrantes italianos. As mulheres Sul-Americanas se distinguiram pela sua requintada beleza do passado também. A vencedora desta primeira pesquisa, foi realizada em 1888 na Bélgica onde venceu uma menina de Guadalupe.

Os países da Europa Oriental e da região do Báltico assumiram 3 e 8 posição: Rússia, Bulgária, Letónia, Bielorrússia, Ucrânia e Estónia, respectivamente.

A Rússia é uma casa de mulheres mais bonitas do mundo. "O número de raparigas bonitas no metro de Moscovo pode exceder o número de mulheres bonitas em todo o E.U.A.", escreveu a revista.

A Alemanha, França e Suíça não foram incluídas na lista. Os cidadãos desses países dão mais atenção aos seus animais, dizem os turistas. Existe um provérbio que diz: “na Suíça a beleza do país é a vaca, não a mulher, porque ela é mais agradável do que a mulher”.

A Dinamarca é também conhecido como um dos mais seguros e agradáveis locais para a viagem. As raparigas de Copenhaga são distintas por causa das suas liberdades de expressão e absoluta indiferença ao estatuto social dos seus parceiros.

Nos Países Baixos, podemos ver uma bela mulher andando de bicicletas em vez dos automóveis, o que as ajuda manter-se em boa forma física. Além disso, o Amesterdão está incluído no topo das dez cidades mais fascinantes do mundo.

A Varna (Bulgária), Los Angeles (os E.U.A.), Caracas (Venezuela), Montreal (Canadá) e Tel Aviv (Israel) foram também incluídos na lista.

Sabemos que as meninas israelitas servem ao exército com a idade de 18 anos. Se um homem magoar uma rapariga israelita, ele pode estar certo que será punido depois. Beleza das meninas de Montreal é atraente para os franceses, o que faz delas definitivamente encantadoras.

Dério Nunes

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Barack Obama é negro ou mestiço?

Nos Estados Unidos vigora lei do "one drop rule", ou seja, se o indivíduo tiver uma gota (comprovada) de sangue negro, é negro. Não tem meio-termo. Dentro da (ir)racionalidade norte-americana, a definição racial é vista como um contágio. O mais interessante é que essa imposição racista foi aceita e assimilada pela minoria "negra" norte-americana.

Por outro lado, há uma elite mestiça nos Estados Unidos, desde antes da abolição da escravidão, inclusive alguns possuíam escravos, sobretudo na região da Luisiana, conforme o livro "La Bourgeoisie Noire", publicado primeiro na França devido à crise que o mesmo causou na "comunidade" negra. Adicione-se a imigração de caribenhos e seus descendentes, sobretudo mestiços, formados nas escolas de padrões britânicos, que vieram reforçar as elites mestiças: Sidney Poitier, Harry Belafonte, o Prêmio Nobel de Economia Arthur Lewis, Colin Powell e Condoleezza Rice. A segunda geração de caribenhos já tinha uma renda média mais elevada que a dos brancos em geral.

O caso brasileiro, como nós sabemos, é diferente, pois temos um contínuo de cor que vai do negro retinto ao "agalegado". Nossa formação histórica foi diferente na medida em que não tivemos o transplante em massa de famílias da Europa, como no caso norte-americano, mas, sobretudo de portugueses que vieram administrar ou tentar uma nova vida aqui no Brasil, e que realizaram uniões, forçadas ou não, com índias, negras e mestiças. Essas mestiçagens foram fundamentais, sobretudo no Nordeste, que não contou com a posterior imigração de famílias européias ou orientais.

Para os americanos, portanto, Obama é negro, não tem o que discutir. Mas nós temos que repetir o ponto de vista dos americanos? Não temos outros olhares e uma visão "brasileira" das temáticas mundiais? A nossa imprensa tem que repetir e traduzir automaticamente o que vem de fora? Adicione-se o agravante do movimento negro brasileiro tentar adotar o mesmo princípio norte-americano da dualidade negro-branca (eliminando, inclusive a origem indígena).

Obama é filho de um estudante queniano e de uma americana branca, professora de Antropologia. Biologicamente já é metade negro e metade branco. Viveu quatro anos de sua infância na Indonésia, após a separação dos pais e do novo casamento da antropóloga, agora com um asiático (o que certamente ampliou o conhecimento dela das comunidades exóticas ...). Em seguida foi morar com os avós brancos no Havaí. Estudou e se formou em Direito na prestigiosa Universidade de Harvard. Ou seja, não foi criado por uma mãe negra, não viveu em uma comunidade negra segregada, não fala o "black english", tendo absorvido a cultura européia da mãe e dos avós, além dos colegas das escolas que freqüentou. Além dos seus traços fisionômicos, sua postura, seu discurso, correspondem ao que Bourdieu chamou de capital cultural, adquirido pelas oportunidades que teve, ao contrário dos "afro-americanos" que viveram nos "guetos" e realizaram estudos nas escolas públicas desses bairros segregados.

O fato de ser mestiço e de ser culturalmente "branco" talvez seja a resposta da grande aceitação que Obama tem no conjunto do eleitorado norte-americano, além do voto massivo dos negros.

Fica a questão para nós brasileiros: precisou uma criança, no conto, para mostrar que o rei estava nu, quando é que vamos olhar com os nossos olhos que Obama é um mestiço, ou seja, é um afro-descendente, mas também é um "euro-descendente", com todas as qualidades e defeitos da junção de duas culturas, o que é bastante comum no caso brasileiro.

Mas essa questão também pode lembrar que estamos ficando daltônicos, em parte devido ao impacto da mídia, em parte da pressão dos movimentos negros, inclusive no proposto Estatuto da Igualdade Racial, em análise no Congresso, em que está prevista a indicação de nossa cor ou "raça" em nossas carteiras de identidade, o que é um absurdo, em um país em que dois irmãos facilmente podem ser de cores diferentes.

Pedro de Almeida Vasconcelos é geógrafo, historiador e professor UFBA/UCSAL



sábado, 8 de novembro de 2008

As Constituições Brasileiras

Constituições Brasileiras

1) Constituição de 1824
CONTEXTO
Após a independência do Brasil ocorreu uma intensa disputa entre as principais forças políticas pelo poder:
O partido brasileiro, representando principalmente a elite latifundiária escravista, produziu um anteprojeto, apelidado "constituição da mandioca", que limitava a poder imperial (antiabsolutista) e discriminava os portugueses (antilusitano).
Dom Pedro I, apoiado pelo partido português (ricos comerciantes portugueses e altos funcionários públicos), em 1823 dissolveu a Assembléia Constituinte brasileira e no ano seguinte impôs seu próprio projeto, que se tornou nossa primeira constituição.
CARACTERÍSTICAS:
Nome do país – Império do Brasil
Carta outorgada (imposta, apesar de aprovada por algumas câmaras municipais da confiança de D. Pedro I).
Estado centralizado / Monarquia hereditária e constitucional
Quatro poderes (Executivo / Legislativo / Judiciário / Moderador (exercido pelo imperador)
O mandato dos senadores era vitalício
Voto censitário (só para os ricos) e em dois graus (eleitores de paróquia / eleitores de província)
Estado confessional (ligado à Igreja – catolicismo como religião oficial)
Modelo externo – monarquias européias restauradas (após o Congresso de Viena)
Foi a de maior vigência (durou mais de 65 anos)
Obs.: foi emendada em pelo ato adicional de 1834, durante o período regencial, para proporcionar mais autonomia para as províncias. Essa emenda foi cancelada pela lei interpretativa do ato adicional, em 1840.

2) Constituição de 1891
CONTEXTO:
Logo após a proclamação da república predominaram interesses ligados à oligarquia latifundiária, com destaque para os cafeicultores. Essas elites influenciando o eleitorado ou fraudando as eleições ("voto de cabresto") impuseram seu domínio sobre o país ou coronelismo.
CARACTERÍSTICAS:
Nome do país – Estados Unidos do Brasil
Carta promulgada (feita legalmente)
Estado Federativo / República Presidencialista
Três poderes (extinto o poder moderador)
Voto Universal (para todos / muitas exceções, ex. analfabetos)
Estado Laico (separado da Igreja)
Modelo externo – constituição norte-americana
Obs.: as províncias viraram estados, o que pressupõe maior autonomia.

3) Constituição de 1934
CONTEXTO:
Os primeiros anos da Era de Vargas caracterizaram-se por um governo provisório (sem constituição). Só em 1933, após a derrota da Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo, é que foi eleita a Assembléia Constituinte que redigiu a nova constituição.
CARACTERÍSTICAS:
Nome do país – Estados Unidos do Brasil
Carta promulgada (feita legalmente)
Reforma Eleitoral – introduzidos o voto secreto e o voto feminino.
Criação da Justiça do Trabalho
Leis Trabalhistas – jornada de 8 horas diárias, repouso semanal, férias remuneradas (13º salário só mais tarde com João Goulart).
Foi a de menor duração / já em 1935, Vargas suspendia suas garantias através do estado de sítio.
Obs.: Vargas foi eleito indiretamente para a presidência.

4) Constituição de 1937
CONTEXTO:
Como seu mandato terminaria em 1938, para permanecer no poder Vargas deu um golpe de estado tornando-se ditador. Usou como justificativa a necessidade de poderes extraordinários para proteger a sociedade brasileira da ameaça comunista ("perigo vermelho") exemplificada pelo plano Cohen (falso plano comunista inventado por seguidores de Getúlio).
O regime implantado, de clara inspiração fascista, ficou conhecido como Estado Novo.
CARACTERÍSTICAS:
Nome do país – Estados Unidos do Brasil.
Carta outorgada (imposta)
Inspiração fascista – regime ditatorial, perseguição e opositores, intervenção do estado na economia.
Abolidos os partidos políticos e a liberdade de imprensa.
Mandato presidencial prorrogado até a realização de um plebiscito (que nunca foi realizado)
Modelo externo – Ditaduras fascistas (ex., Itália, Polônia, Alemanha)
Obs.: Apelidada de "polaca"

5) Constituição de 1946
CONTEXTO:
Devido ao processo de redemocratização posterior a queda de Vargas fazia-se necessária uma nova ordem constitucional. Daí o Congresso Nacional, recém eleito, assumir tarefas constituintes.
CARACTERÍSTICAS:
Nome do país – Estados Unidos do Brasil
Carta promulgada (feita legalmente)
Mandato presidencial de 5 anos (quinqüênio)
Ampla autonomia político-administrativa para estados e municípios
Defesa da propriedade privada (e do latifúndio)
Assegurava direito de greve e de livre associação sindical
Garantia liberdade de opinião e de expressão.
Contraditória na medida em que conciliava resquícios do autoritarismo anterior (intervenção do Estado nas relações patrão x empregado) com medidas liberais (favorecimento ao empresariado).
Obs.: Através da emenda de 1961 foi implantado o parlamentarismo, com situação para a crise sucessória após a renúncia de Jânio Quadros. Em 1962, através de plebiscito, os brasileiros optam pela volta do presidencialismo.

6) Constituição de 1967
CONTEXTO:
Essa constituição na passagem do governo Castelo Branco para o Costa e Silva, contexto no qual predominavam o autoritarismo e o arbítrio político. Documento autoritário e constituição de 1967 foi largamente emendada em 1969, absorvendo instrumentos ditatoriais como os do AI-5 (ato institucional nº 5) de 1968.
CARACTERÍSTICAS:
Nome do país – República Federativa do Brasil
Documento promulgado (foi aprovado por um Congresso Nacional mutilado pelas cassações)
Confirmava os Atos Institucionais e os Atos Complementares do governo militar.
Obs.: reflexo da conjuntura de "guerra fria" na qual sobressaiu a "teoria da segurança nacional" (combater os inimigos internos rotulados de subversivos (opositores de esquerda)

7) Constituição de 1988
"Constituição Cidadã"
CONTEXTO: Desde os últimos governos militares (Geisel e Figueiredo) nosso país experimentou um novo momento de redemocratização, conhecido como abertura. Esse processo se acelerou a partir do governo Sarney no qual o Congresso Nacional produziu nossa atual constituição.
CARACTERÍSTICAS:
Nome do país – República Federativa do Brasil
Carta promulgada (feita legalmente)
Reforma eleitoral (voto para analfabetos e para brasileiros de 16 e 17 anos)
Terra com função social (base para uma futura reforma agrária?)
Combate ao racismo (sua prática constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão)
Garantia aos índios da posse de suas terras (a serem demarcadas)
Novos direitos trabalhistas – redução da jornada semanal, seguro desemprego, férias remuneradas acrescidas de 1/3 do salário, os direitos trabalhistas aplicam-se aos trabalhadores urbanos e rurais e se estendem aos trabalhadores domésticos.
Obs.: Em 1993, 5 anos após a promulgação da constituição, o povo foi chamado a definir, através de plebiscito, alguns pontos sobre os quais os constituintes não haviam chegado a acordo, forma e sistema de governo. O resultado foi a manutenção da república presidencialista.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008



Leia o discurso completo do presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, pronunciado diante de mais de 100 mil pessoas no Grant Park de Chicago (Illinois) por volta das 23h locais (3h, horário de Brasília):

"Olá, Chicago!

Se alguém aí ainda dúvida de que os Estados Unidos são um lugar onde tudo é possível, que ainda se pergunta se o sonho de nossos fundadores continua vivo em nossos tempos, que ainda questiona a força de nossa democracia, esta noite é sua resposta.

É a resposta dada pelas filas que se estenderam ao redor de escolas e igrejas em um número como esta nação jamais viu, pelas pessoas que esperaram três ou quatro horas, muitas delas pela primeira vez em suas vidas, porque achavam que desta vez tinha que ser diferente e que suas vozes poderiam fazer esta diferença.

É a resposta pronunciada por jovens e idosos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, indígenas, homossexuais, heterossexuais, incapacitados ou não-incapacitados.

Americanos que transmitiram ao mundo a mensagem de que nunca fomos simplesmente um conjunto de indivíduos ou um conjunto de estados vermelhos e estados azuis.

Somos, e sempre seremos, os EUA da América.

É a resposta que conduziu aqueles que durante tanto tempo foram aconselhados por tantos a serem céticos, temerosos e duvidosos sobre o que podemos conseguir para colocar as mãos no arco da História e torcê-lo mais uma vez em direção à esperança de um dia melhor.

Demorou um tempo para chegar, mas esta noite, pelo que fizemos nesta data, nestas eleições, neste momento decisivo, a mudança chegou aos EUA.

Esta noite, recebi um telefonema extraordinariamente cortês do senador McCain.

O senador McCain lutou longa e duramente nesta campanha. E lutou ainda mais longa e duramente pelo país que ama. Agüentou sacrifícios pelos EUA que sequer podemos imaginar. Todos nos beneficiamos do serviço prestado por este líder valente e abnegado.

Parabenizo a ele e à governadora Palin por tudo o que conseguiram e desejo colaborar com eles para renovar a promessa desta nação durante os próximos meses.

Quero agradecer a meu parceiro nesta viagem, um homem que fez campanha com o coração e que foi o porta-voz de homens e mulheres com os quais cresceu nas ruas de Scranton e com os quais viajava de trem de volta para sua casa em Delaware, o vice-presidente eleito dos EUA, Joe Biden.

E não estaria aqui esta noite sem o apoio incansável de minha melhor amiga durante os últimos 16 anos, a rocha de nossa família, o amor da minha vida, a próxima primeira-dama da nação, Michelle Obama.

Sasha e Malia amo vocês duas mais do que podem imaginar. E vocês ganharam o novo cachorrinho que está indo conosco para a Casa Branca.

Apesar de não estar mais conosco, sei que minha avó está nos vendo, junto com a família que fez de mim o que sou. Sinto falta deles esta noite. Sei que minha dívida com eles é incalculável.

A minha irmã Maya, minha irmã Auma, meus outros irmãos e irmãs, muitíssimo obrigado por todo o apoio que me deram. Sou grato a todos vocês. E a meu diretor de campanha, David Plouffe, o herói não reconhecido desta campanha, que construiu a melhor campanha política, creio eu, da história dos EUA da América.

A meu estrategista chefe, David Axelrod, que foi um parceiro meu a cada passo do caminho.

À melhor equipe de campanha formada na história da política. Vocês tornaram isto realidade e estou eternamente grato pelo que sacrificaram para conseguir.

Mas, sobretudo, não esquecerei a quem realmente pertence esta vitória. Ela pertence a vocês. Ela pertence a vocês.

Nunca pareci o candidato com mais chances. Não começamos com muito dinheiro nem com muitos apoios. Nossa campanha não foi idealizada nos corredores de Washington. Começou nos quintais de Des Moines e nas salas de Concord e nas varandas de Charleston.

Foi construída pelos trabalhadores e trabalhadoras que recorreram às parcas economias que tinham para doar US$ 5, ou US$ 10 ou US$ 20 à causa.

Ganhou força dos jovens que negaram o mito da apatia de sua geração, que deixaram para trás suas casas e seus familiares por empregos que os trouxeram pouco dinheiro e menos sono.

Ganhou força das pessoas não tão jovens que enfrentaram o frio gelado e o ardente calor para bater nas portas de desconhecidos, e dos milhões de americanos que se ofereceram como voluntários e organizaram e demonstraram que, mais de dois séculos depois, um Governo do povo, pelo povo e para o povo não desapareceu da Terra.

Esta é a vitória de vocês.

Além disso, sei que não fizeram isto só para vencerem as eleições. Sei que não fizeram por mim.

Fizeram porque entenderam a magnitude da tarefa que há pela frente. Enquanto comemoramos esta noite, sabemos que os desafios que nos trará o dia de amanhã são os maiores de nossas vidas - duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise financeira em um século.

Enquanto estamos aqui esta noite, sabemos que há americanos valentes que acordam nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para dar a vida por nós.

Há mães e pais que passarão noites em claro depois que as crianças dormirem e se perguntarão como pagarão a hipoteca ou as faturas médicas ou como economizarão o suficiente para a educação universitária de seus filhos.

Há novas fontes de energia para serem aproveitadas, novos postos de trabalho para serem criados, novas escolas para serem construídas e ameaças para serem enfrentadas, alianças para serem reparadas.

O caminho pela frente será longo. A subida será íngreme. Pode ser que não consigamos em um ano nem em um mandato. No entanto, EUA, nunca estive tão esperançoso como estou esta noite de que chegaremos.

Prometo a vocês que nós, como povo, conseguiremos.

Haverá percalços e passos em falso. Muitos não estarão de acordo com cada decisão ou política minha quando assumir a presidência. E sabemos que o Governo não pode resolver todos os problemas.

Mas, sempre serei sincero com vocês sobre os desafios que nos afrontam. Ouvirei a vocês, principalmente quando discordarmos. E, sobretudo, pedirei a vocês que participem do trabalho de reconstruir esta nação, da única forma como foi feita nos EUA durante 221 anos, bloco por bloco, tijolo por tijolo, mão calejada sobre mão calejada.

O que começou há 21 meses em pleno inverno não pode acabar nesta noite de outono.

Esta vitória em si não é a mudança que buscamos. É só a oportunidade para que façamos esta mudança. E isto não pode acontecer se voltarmos a como era antes. Não pode acontecer sem vocês, sem um novo espírito de sacrifício.

Portanto façamos um pedido a um novo espírito do patriotismo, de responsabilidade, em que cada um se ajuda e trabalha mais e se preocupa não só com si próprio, mas um com o outro.

Lembremos que, se esta crise financeira nos ensinou algo, é que não pode haver uma Wall Street (setor financeiro) próspera enquanto a Main Street (comércio ambulante) sofre.

Neste país, avançamos ou fracassamos como uma só nação, como um só povo. Resistamos à tentação de recair no partidarismo, na mesquinharia e na imaturidade que intoxicaram nossa vida política há tanto tempo.

Lembremos que foi um homem deste estado que levou pela primeira vez a bandeira do Partido Republicano à Casa Branca, um partido fundado sobre os valores da auto-suficiência e da liberdade do indivíduo e da união nacional.

Estes são valores que todos compartilhamos. E enquanto o Partido Democrata conquistou uma grande vitória esta noite, fazemos com certa humildade e a determinação para curar as divisões que impediram nosso progresso.

Como disse Lincoln a uma nação muito mais dividida que a nossa, não somos inimigos, mas amigos. Embora as paixões os tenham colocado sob tensão, não devem romper nossos laços de afeto.

E àqueles americanos cujo apoio eu ainda devo conquistar, pode ser que eu não tenha conquistado seu voto hoje, mas ouço suas vozes. Preciso de sua ajuda e também serei seu presidente.

E a todos aqueles que nos vêem esta noite além de nossas fronteiras, em Parlamentos e palácios, a aqueles que se reúnem ao redor dos rádios nos cantos esquecidos do mundo, nossas histórias são diferentes, mas nosso destino é comum e começa um novo amanhecer de liderança americana.

A aqueles que pretendem destruir o mundo: vamos vencê-los. A aqueles que buscam a paz e a segurança: apoiamo-nos.

E a aqueles que se perguntam se o farol dos EUA ainda ilumina tão fortemente: esta noite demonstramos mais uma vez que a força autêntica de nossa nação vem não do poderio de nossas armas nem da magnitude de nossa riqueza, mas do poder duradouro de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e firme esperança.

Lá está a verdadeira genialidade dos EUA: que o país pode mudar. Nossa união pode ser aperfeiçoada. O que já conseguimos nos dá esperança sobre o que podemos e temos que conseguir amanhã.

Estas eleições contaram com muitos inícios e muitas histórias que serão contadas durante séculos. Mas uma que tenho em mente esta noite é a de uma mulher que votou em Atlanta.

Ela se parece muito com outros que fizeram fila para fazer com que sua voz seja ouvida nestas eleições, exceto por uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.

Nasceu apenas uma geração depois da escravidão, em uma era em que não havia automóveis nas estradas nem aviões nos céus, quando alguém como ela não podia votar por dois motivos - por ser mulher e pela cor de sua pele.

Esta noite penso em tudo o que ela viu durante seu século nos EUA - a desolação e a esperança, a luta e o progresso, às vezes em que nos disseram que não podíamos e as pessoas que se esforçaram para continuar em frente com esta crença americana: Podemos.

Em uma época em que as vozes das mulheres foram silenciadas e suas esperanças descartadas, ela sobreviveu para vê-las serem erguidas, expressarem-se e estenderem a mão para votar. Podemos.

Quando havia desespero e uma depressão ao longo do país, ela viu como uma nação conquistou o próprio medo com uma nova proposta, novos empregos e um novo sentido de propósitos comuns. Podemos.

Quando as bombas caíram sobre nosso porto e a tirania ameaçou ao mundo, ela estava ali para testemunhar como uma geração respondeu com grandeza e a democracia foi salva. Podemos.

Ela estava lá pelos ônibus de Montgomery, pelas mangueiras de irrigação em Birmingham, por uma ponte em Selma e por um pregador de Atlanta que disse a um povo: "Superaremos". Podemos.

O homem chegou à lua, um muro caiu em Berlim e um mundo se interligou através de nossa ciência e imaginação.

E este ano, nestas eleições, ela tocou uma tela com o dedo e votou, porque após 106 anos nos EUA, durante os melhores e piores tempos, ela sabe como os EUA podem mudar.

Podemos.

EUA avançamos muito. Vimos muito. Mas há muito mais por fazer. Portanto, esta noite vamos nos perguntar se nossos filhos viverão para ver o próximo século, se minhas filhas terão tanta sorte para viver tanto tempo quanto Ann Nixon Cooper, que mudança virá? Que progresso faremos?

Esta é nossa oportunidade de responder a esta chamada. Este é o nosso momento. Esta é nossa vez.

Para dar emprego a nosso povo e abrir as portas da oportunidade para nossas crianças, para restaurar a prosperidade e fomentar a causa da paz, para recuperar o sonho americano e reafirmar esta verdade fundamental, que, de muitos, somos um, que enquanto respirarmos, temos esperança.

E quando nos encontrarmos com o ceticismo e as dúvidas, e com aqueles que nos dizem que não podemos, responderemos com esta crença eterna que resume o espírito de um povo: Podemos.

Obrigado. Que Deus os abençoe. E que Deus abençoe os EUA da América".

Obama: uma síntese de idéias



Obama é preto. Liberal. Culto. Com nome de muçulmano.

Obama é tudo que a América nunca quis e que parece querer agora.

Outros democratas já foram reformistas, como os kennedys, assassinados… O Clinton, mas… Brancos de elite.

Obama não é importante como novo presidente apenas, ele será a maior virada da história americana: a América se auto criticando, aceitando o rejeitado histórico, o negro cuspido, o solitário que não representa corporações.

Obama nasceu nos anos 60, junto com a integração racial, com os direitos humanos. Obama é o jazz, a sexualidade livre, a liberdade da contra cultura. Ele é uma porrada no mundo republicano de preconceito, violência, burrice, da pulsão de morte.

Se Obama não ganhar, a América vai decair como suas torres do 11 de setembro.

Neste mundo do “conto do vigário”, das finanças alavancadas, Obama é mais que um candidato; ele é uma síntese de idéias, é a tomada do poder das conquistas cientificas, culturais e éticas da modernidade.

Voltarão a razão e a inteligência, que foram escorraçadas da América nos últimos anos.

Obama não é o novo. Ele é o velho. O bom e velho humanismo, a velha grandeza esquecida do mundo ocidental.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Grande oportunidade perdida


O NOME REMETE A COISAS PEquenas, mas o potencial do mercado é gigantesco. A nanotecnologia é uma das mais promissoras vertentes da atual pesquisa científica. De acordo com o Instituto de Física da UFRGS, a nova descoberta da ciência movimentará US$ 1 trilhão no mundo todo entre 2010 e 2015. A capacidade de reduzir o tamanho de substâncias e materiais sem que eles percam suas propriedades gerou produtos que vão de cremes dermatológicos milagrosos a tecidos com ações terapêuticas. Por isso, nos últimos anos, todos os países do mundo deram a largada nas pesquisas voltadas para esse ramo da ciência. Mas, como freqüentemente acontece, o Brasil está ficando para trás nessa corrida. Apesar de os investimentos do setor privado na área datarem do final da década de 1980, até hoje não existe no País um marco regulatório voltado para a atividade. Cerca de 90 patentes com o uso da nanotecnologia foram registrados por aqui. No entanto, a patente de seres vivos é proibida, nenhum processo com elementos biológicos ou químicos pode ser registrado ou comercializado no Brasil.

Diante dessa restrição, empresas brasileiras têm buscado o reconhecimento de seus produtos e pesquisas no Exterior. É o caso do H2Ocean, processo que transforma água do mar em água potável, desenvolvido pela Aquamare. Sem a aprovação da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa), o produto foi registrado e lançado nos EUA. Há dois meses a água H2Ocean é vendida no País. "Além de custar mais caro, o registro da patente só é válido em países onde a atividade é regulamentada", explica o advogado Fernando Stacchini, especialista em tecnologia e em propriedade intelectual. "No Brasil, a empresa não poderá se pretoger juridicamente, caso alguém copie ou desenvolva o mesmo produto." Algumas empresas têm mantido suas criações em sigilo, esperando a aprovação de projetos de lei que tramitam no Congresso. Enquanto isso não acontece, seguem expostas ao risco de plágio por parte de empresas estrangeiras e locais. Para Stacchini, ainda há a possibilidade do surgimento de um mercado paralelo de produtos oriundos da nanotecnologia. Ao mesmo tempo, os EUA estão prestes a lançar produtos como o de uma membrana invisível que protege frutas e legumes do ataque de insetos, por exemplo.

Um nano representa um bilionésimo de metro

A falta de regulamentação e de conhecimento sobre o assunto - os efeitos colaterais do uso de matérias nanométricas ainda não são inteiramente conhecidos - tem sido um empecilho na atração de investimentos. "A dúvida de que o produto desenvolvido pode ser proibido no País afasta investidores", explica Jefferson D'Addario, fundador da Daryus Consultoria e Treinamento. Os investimentos governamentais no Brasil são insignificantes diante de países como EUA e Japão, que destinam anualmente US$ 1 bilhão ao desenvolvimento da ciência. Por aqui, a soma total, desde o reconhecimento da nanotecnologia no Brasil, em 2003, não ultrapassou R$ 100 milhões. Atualmente, o País conta com pelo menos 14 redes de pesquisa, 300 pesquisadores, 77 instituições de ensino e 13 empresas. "Apesar de um pouco obscura e rodeada de riscos, a nanotecnologia é, sem dúvida, um bom investimento", afirma D'Addario.

O paraíso da tecnologia

HÁ TEMPOS, O BRASIL É visto como país emergente - mesmo antes do surgimento do BRIC, sigla criada por Jim O'Neill, economista-chefe do Goldman Sachs. A expressão significa que a economia brasileira tem perspectivas de se tornar uma potência, mas ainda precisa percorrer um caminho antes de chegar lá. O título de promessa do futuro, porém, se restringe à economia. No universo da internet, o País é o queridinho das empresas de tecnologia, à frente de gigantes como EUA e China. Personalidades como Steve Ballmer, da Microsoft, e Craig Barrett, da Intel, se referem ao Brasil, citando a impressionante rapidez e facilidade com que a população adota novas tendências do mundo digital. Por exemplo: de acordo com o Ibope/NetRatings, os brasileiros são os líderes mundiais em tempo de navegação, somando quase 24 horas por mês. E veja que menos de 20% dos 180 milhões de habitantes do País têm acesso à rede. Mais: até 2010, o Brasil poderá ocupar o terceiro lugar no ranking mundial de venda de computadores.

Apesar de toda a popularidade da tecnologia por aqui, as empresas ainda não descobriram como transformar isso em receita. "As companhias do setor estão vindo para cá", afirma Marco Fernandes, sócio-diretor da SaleSolution. "Só não investem tanto quanto em outros países porque não têm garantia de retorno." A captação de publicidade online no mercado brasileiro ainda é tímida, se comparada à de outros países. Segundo o IAB, instituto de pesquisas, a internet recebe investimentos publicitários de R$ 470 milhões por ano. Nos EUA, a quantia supera US$ 21 bilhões. Para Marcelo Coutinho, diretor de análise de mercado do Ibope Inteligência, as empresas deveriam explorar mais as redes sociais em suas ações de marketing e comunicação. "Nos sites de relacionamento, não é preciso investir nada para divulgar um trabalho. O retorno vem como reflexo do boca a boca", explica Coutinho. É o caso da jovem cantora Malu Magalhães. Desconhecida do grande público, lançou quatro músicas na internet, que rapidamente se transformaram em hits entre os internautas. Com isso, conquistou visibilidade na mídia e no mercado.

RECEITA REDUZIDA: a captação de publicidade online no Brasil ainda é tímida. Enquanto o País recebeu investimentos de R$ 470 milhões, em 2007,
os Estados Unidos atingiram US$ 21 bilhões

A dificuldade em transformar a paixão dos brasileiros pela tecnologia em receita está relacionada ao baixo poder aquisitivo da população. Os grandes campeões de audiência da rede oferecem acesso gratuito. Aqui se encontra a terceira maior comunidade de usuários da linguagem de programação Java e o português é o segundo idioma entre os visitantes do Java.com. "O governo local é muito receptivo à linguagem e existe uma comunidade brasileira de desenvolvedores muito interessada", diz Jean Elliot, diretor da Sun Microsystems. Entre os usuários do sistema operacional de código aberto Open Solaris, também da Sun, o Brasil aparece em segundo lugar. O mesmo acontece com a Wikipédia. Na última semana, Jimmy Wales, co-fundador da enciclopédia online, veio ao Brasil para ampliar o time de colaboradores por aqui.

O sucesso mais impressionante, porém, é o Orkut, do Google. Dos 60 milhões de usuários ao redor do mundo, 53% estão no Brasil. Por isso, parte da administração do Orkut veio para cá. Para Félix Ximenes, diretor de comunicação do Google Brasil, o portal reforça características culturais da população. "O brasileiro é muito intuitivo e curioso. Sai apertando botão e se identifica com as ferramentas, mesmo se estiverem em inglês", afirma. Outro motivo, segundo Coutinho, do Ibope Inteligência, é, mais uma vez, econômico. "As redes sociais substituíram o contato social que exigia deslocamento ou telefonemas e, por tabela, algum desembolso", diz ele. O bom desempenho se repete no serviço de comunicação instantânea - são mais de 37 milhões de brasileiros que usam diariamente o Windows Live Messenger, recorde no mundo. Já no YouTube, página de compartilhamento de vídeos, o País aparece em quarto lugar em visitas. O acesso às novidades da rede é também visto como trampolim social. "Tecnologia no Brasil sempre foi sinônimo de status", lembra Marco Fernandes. "Na época da reserva de mercado, poucos tinham computador. O que vemos hoje é fruto de uma demanda reprimida de anos."

O novo plano de defesa do Brasil

Demorou, mas a Estratégia Nacional de Defesa vai finalmente sair do papel. O presidente Lula avisou aos ministros que até o fim deste mês assina o decreto que cria o plano militar. A minuta do decreto, à qual ISTOÉ teve acesso com exclusividade, mostra que a nova política do governo para as Forças Armadas é ousada. Como grande guinada no modelo em vigor, o projeto prevê a fabricação de portaaviões não-convencionais, de função múltipla e de menor porte, além de uma base naval na Amazônia e outra para submarinos nucleares. A prioridade é assegurar a soberania do mar territorial e da Bacia Amazônica. Entre outros artefatos, ganham destaque também os veículos não-tripulados de vigilância e combate (Vant), caças supersônicos, submarinos nucleares, mísseis, radares e bombas inteligentes.
Trata-se de um projeto de desenvolvimento para reorganizar as três Forças Armadas e reconstruir a indústria bélica nacional. Fora as 98 páginas do decreto, o governo está redigindo cerca de 20 projetos de lei e medidas provisórias para viabilizar a ambiciosa Estratégia de Defesa. Os custos ainda não foram calculados, mas fala-se em dezenas de bilhões de dólares, que o governo se apressa em justificar. “É aflitivo ter que escolher entre mais hospitais, mais escolas e mais transferências sociais de um lado e mais defesa do outro lado”, diz o ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger. “Mas nada é mais caro no mundo que a independência nacional.”
A reorganização da indústria de defesa se dará a partir de um regime especial para as empresas que fabricam artefatos militares. Elas ficarão livres das amarras da Lei de Licitações e dos contingenciamentos de verbas do Orçamento da União. Em contrapartida, o Estado ganha participação especial no capital dessas empresas, na forma de golden share. Estas empresas, monitoradas pelo Estado, ficarão encarregadas de fabricar, entre outros, equipamentos de guerra eletrônica e artefatos individuais para o “combatente do futuro”. Além de garantir os investimentos, quer atrair a inteligência civil para fazer um “complexo militar-universitárioempresarial”, elo entre pesquisa e produção de materiais bélicos. Para isso, vai aumentar “decisivamente” o número de bolsistas em cursos de doutorado e pós-doutorado no Exterior, nos principais centros de pesquisa do mundo.
O pacote de compra de caças, submarinos e helicópteros que será fechado até janeiro é a fórmula para importar tecnologia e deslanchar a indústria nacional. Os submarinos e helicópteros virão da França. A minuta de decreto diz que uma das alternativas é comprar em escala mínima caças de “quinta geração”, com transferência integral de tecnologia, inclusive os códigos-fonte do avião, para que uma empresa nacional comece a produzir o modelo importado. Além dos aviões de combate da FAB, a Marinha vai desenvolver um avião de vigilância, defesa e ataque para seus futuros “navios-aeródromos”, de função múltipla, que serão preferidos aos porta-aviões tradicionais e de dedicação exclusiva.
O governo incluiu no contexto da defesa nacional o desenvolvimento da energia nuclear. A minuta de decreto diz que o País não aderirá ao protocolo adicional do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). A decisão põe fim à polêmica desencadeada anos atrás, quando a Associação Internacional de Energia Atômica (Aiea) fez pressões veladas para que o governo brasileiro assinasse o protocolo, destinado a ampliar as restrições e a organizar um regime de inspeções “invasivas” ao País. O projeto também prevê a aceleração da prospecção e o aproveitamento das jazidas de urânio, a construção de novas usinas nucleares, o uso da energia nuclear em “amplo espectro de atividades” e a nacionalização completa do ciclo do combustível. “Isso ocorrerá em pouco tempo”, garante o ministro Mangabeira Unger. Está prevista, também, a construção de submarinos nucleares e de reatores nucleares “para uso exclusivo do Brasil”. Segundo o plano, Exército, Marinha e Aeronáutica irão operar em rede, em ligação com o monitoramento da superfície da terra e do mar, “conduzido a partir do espaço”. Os detalhes estão em anexos sigilosos do projeto. Será criado o “Estado- Maior Conjunto das Forças Armadas”, para operação unificada. As tropas terrestres e os quartéis, hoje concentrados no Sul e no Leste, serão redistribuídos para Oeste e Norte. Há uma atenção especial do governo quanto à proteção da faixa do litoral entre Santos (SP) e Vitória (ES), onde estão os grandes centros urbanos e as reservas de petróleo do pré-sal. A nova base naval da Marinha ficará na foz do rio Amazonas e será do tamanho da Base do Rio, para expandir o poderio para o interior do País, aumentando sua presença nas bacias fluviais do Amazonas e Paraná-Paraguai. As barragens de hidrovias a serem construídas terão eclusas para assegurar a passagem de navios.

domingo, 2 de novembro de 2008

As 25 notícias mais censuradas

Caracas, 2 de outubro. ABN ─ O genocídio no Iraque, com 1,2 milhões de civis mortos pelas tropas estadunidenses desde que começou a invasão faz cinco anos é o tema que encabeça o ranking anual das 25 notícias mais ocultadas pela grande imprensa dos EEUU e do mundo em 2007/2008, segundo “Censored 2009”, o informe do Projeto Censurado da Universidad Sonoma State da Califórnia que publica todos os anos o editorial Seven Stories de Nova Iorque. As matanças do Iraque se comparam com os piores genocídios do século passado, como Ruanda e Camboja.

Ademais das 25 histórias mais censuradas, o livro contém valiosos trabalhos acadêmicos sobre a situação atual do jornalismo, novas visões do cambiante mapa da grande concentração da propriedade midiática, análises de conteúdo sobre a manipulação da informação que aborda temas como o governo do Hamas em Gaza, a liberdade de expressão nos EEUU e no mundo e a atividade das organizações da sociedade civil que lutam pela democratização dos meios informativos, entre outros temas de interesse para o cidadão comum da nossa sociedade em qualquer país, não só para os especialistas.

O Projeto Censurado, dirigido pelo sociólogo Peter Phillips, pesquisa desde há 33 anos as 25 notícias mais relevantes que nunca foram postas a disposição do público pelos grandes meios de comunicação corporativos que hoje exercem o controle midiático mundial. Ademais das 25 histórias “top”, o Projeto Censurado oferece este ano 14 menções honrosas a outros tantos temas que tampouco mereceram as honras da tinta e do papel ou as telas da televisão.

Phillips informou que no trabalho de investigação e seleção das 25 histórias “top” durante o ano os estudantes, acadêmicos e investigadores que trabalham no projeto analisaram várias centenas de “notícias censuradas” descobertas em meios independentes, sítios web, emissoras do interior, jornais sindicais, publicações estrangeiras, etc. Portanto, o total de notícias censuradas nos EEUU vai muito além das 25 histórias “top” e das 14 menções honrosas anuais. Algumas histórias nomeadas “em concurso” e submetidas a revisão podem ser observadas (em inglês) na página http://www.projectcensored.org/articles/category/stories-under-review/

A América Latina está presente em vários trabalhos. Por exemplo, os jornalistas Laura Carlsen, Stephen Lendman e Constance Fogal investigaram como o espaço econômico do Tratado de Livre Comércio da América do Norte, que inclui EEUU, México e Canadá e é mais conhecido por NAFTA, sua sigla em inglês, está se convertendo em um espaço militarizado a cargo do Comando Norte estadunidense. Outro trabalho explica como em El Salvador ressurgiu a tristemente célebre Escola das Américas, mas sob outro nome, e no mesmo país se criminalizou o protesto social com uma lei antiterrorista calcada no Patriot Act dos EEUU que castiga a quem participe de manifestações com até 60 anos de prisão.

El Salvador também é o único país latino-americano que tem tropas no Iraque e como aliado fiel dos EEUU está desempenhando um importante rol no ressurgimento do velho militarismo que outra vez ameaça as democracias da região com novos projetos de guerra suja. A nota “Ressurgem as guerras sujas dos EEUU na América Latina?”, escrita por Comunidade em Solidariedade com o Povo de El Salvador, Wes Enzinna e Benjamin Dangl, explica o funcionamento da Academia Internacional de Aplicação do Direito (ILEA, em inglês), que possui outra sede no Peru e ensina a torturar, a matar e demais matérias da Escola das Américas. A nota recorda que por volta de 2005, a ajuda militar dos EEUU para a América Latina aumentou 34 vezes com respeito a 2000 e ressalta que em 2008 foi posta de novo em serviço a IV Frota dos EEUU para atemorizar tanto aos países “descomprometidos” com o império, como Argentina, Brasil, Honduras, Paraguai e outros, e aos abertamente “dissidentes” ou desafiantes, como Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Equador e outros.

Outra notícia absolutamente desatendida pelos grandes meios continentais e estadunidenses é a possível nova mudança do mapa político da América Latina que pode dar-se em 2009 em favor das idéias progressistas. E o epicentro desta notícia não divulgada também seria El Salvador. Pela primeira vez desde os Acordos de Paz que em 1992 puseram fim à guerra civil de doze anos, a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) tem uma opção razoável de ganhar as eleições nacionais (a eleição parlamentar e municipal ocorrerá em 18 de janeiro de 2009, seguida pela eleição presidencial em 15 de março). Nas últimas pesquisas de 2008, a FMLN ganha comodamente a maioria parlamentar em janeiro e em março elegeria folgadamente a Mauricio Funes, seu candidato à presidência. O grande perdedor será o partido direitista ARENA, que no poder perpetuou as mesmas políticas daninhas que em 1980 conduziram à guerra civil.

Também toca à América Latina a nova legislação migratória para o “trabalhador hóspede”, relação laboral migratória que um senador do Harlem descreveu como “o mais parecido à escravidão”. E surpreende uma investigação que situa a escravidão em seu nível mais alto em toda a história da humanidade, com 27 milhões de escravos que não só habitam no terceiro mundo como também nos países desenvolvidos.

Colômbia continua sendo o país com mais sindicalistas assassinados em todo o mundo, segundo um informe sobre a situação dos direitos laborais em todo o mundo. Outro tema do Projeto Censurado aborda a vacuidade da Declaração Universal dos Direitos Indígenas proclamada em setembro de 2007 pelas Nações Unidas e como três meses depois foi excluída em Bali uma delegação aborígene que foi expressamente convidada a participar do Convênio Base sobre a Mudança do Clima.

Este é um resumo de cada uma das 25 histórias mais censuradas expostas na mesma ordem do Projeto Censurado:

1) A ocupação dos EEUU mata mais de um milhão de iraquianos
(por Michael Schwartz, Joshua Holland, Luke Baker, Maki al-Nazzal e Dahr Jamail)
A tropas estadunidenses mataram 1,2 milhões de civis iraquianos desde que começou a invasão há cinco anos, segundo o grupo britânico de investigação Opinion Research Business (ORB). Estas cifras fazem rivalizar a invasão e ocupação do Iraque com as grandes matanças do século passado, como o terrível balanço de até 900.000 seres humanos que se crê mortos no genocídio de Ruanda em 1994 e está se aproximando dos um milhão e setecentos mil mortos no Camboja sob o Khmer Vermelho, nos anos 70. Cada dia saem à rua até cinco mil patrulhas que invadem 30 lares cada uma buscando presumidos 'insurretos' ou 'terroristas', a fim de interrogá-los, apresá-los ou, simplesmente, matá-los. Estas operações soem deixar um balanço de até 100 mortes por dia e causaram uma crise humanitária que deslocou 5 milhões de iraquianos.

2) EEUU, Canadá e México militarizam o NAFTA
(por Laura Carlsen, Stephen Lendman e Constance Fogal)
O espaço econômico do Tratado de Livre Comércio da América do Norte, que agrupa EEUU, Canadá e México se está convertendo num espaço militarizado controlado pelo Comando Norte estadunidense, “seguro para os negócios” e imune ao terrorismo, chamado Sociedade da Segurança e da Prosperidade (SPP, em inglês). As corporações transnacionais promotoras desta conjunção de aparência trinacional, mas verdadeiramente “supranacional”, são velhas conhecidas: General Electric, Ford Motors, General Motors, Wal-Mart, Lockheed-Martin, Merck, Chevron e outras mega companhias. A SPP, que aponta para a integração das três nações num só bloco político, econômico e de segurança sob o comando de Washington. A SPP não é uma lei, ou um tratado, nem sequer um acordo. E qualquer dessas coisas requereria a discussão e participação pública do Congresso.

3) O FBI oferece licença para matar
(por Matthew Rothschild)
O governo estadunidense recruta negócios e indivíduos que se integram a InfraGard, uma importante peça na complexa estrutura de um panóptico industrial destinado a acolher à sociedade da vigilância que Washington constrói. Mais de 23.000 pequenos e médios empresários do comércio e da indústria estadunidense trabalham silenciosamente com o FBI e o departamento de Segurança da Pátria (DHS, em inglês) na coleta e abastecimento de informação sobre as amizades dos estadunidenses. Em recompensa, os membros de InfraGard, que é o nome deste grupo de rápido crescimento, têm licença de “atirar para matar” quando usem suas armas e, ademais, recebem advertências secretas sobre ameaças terroristas muito antes que o público e, ocasionalmente, antes que certos funcionários. A União das Liberdades Civis Americanas vê a InfraGard como os olhos e os ouvidos do FBI observando a milhões de clientes individuais.

4) ILEA: Ressurgem as guerras sujas dos EEUU na América Latina?
(por Comunidade em Solidariedade com o Povo de El Salvador, Wes Enzinna e Benjamin Dangl)
A velha Escola das Américas reviveu em El Salvador como Academia Internacional de Aplicação do Direito (ILEA, em inglês), com uma base satélite no Perú e 16,5 milhões de dólares do orçamento federal de 2008 dos EEUU. A ILEA, com imunidade ante prováveis crimes contra a humanidade, treina anualmente em 'técnicas anti-terroristas' a 1.500 oficiais de polícia, juízes, fiscais e outros “funcionários da lei” da América Latina, enquanto o velho militarismo dos EEUU ameaçam de novo a paz e a democracia na região e aumenta a ajuda militar, que em 2005 cresceu 34 vezes com respeito a 2000, ao mesmo tempo que uma visível mudança de estratégia militar descentralizou os treinamentos secretos de militares e policiais latino-americanos que incluem torturas e técnicas de execução, junto com a reativação da IV Frota.

5) Apoderando-se dos bens dos manifestantes contra a guerra
(por Michel Chossudovsky e Matthew Rothschild)
Bush assinou duas ordens executivas que facultam ao departamento do Tesouro apoderar-se dos bens de quem seja percebido como ameaça para as operações no Oriente Médio, inclusive de suas crianças. A primeira, 'Bloqueando as propriedades de pessoas que ameaçam os esforços de estabilização no Iraque', assinada em 17 de julho de 2007, autoriza o departamento da Fazenda, em consulta com o departamento de Estado e o Pentágono, a confiscar bens de cidadãos e organizações dos EEUU que 'direta ou indiretamente' ameacem as operações no Iraque. A segunda, 'Bloqueando a propriedade de pessoas que minam a soberania do Líbano, seus processos e instituições democráticas', de 1 de agosto, é quase idêntica mas mais severa. Sem o direito ao devido processo, a secretaria da Fazenda pode apoderar-se das propriedades de qualquer um que se oponha vagamente à agenda dos EEUU ou arbitrariamente se lhe atribua risco de violência.

6) Derrota da lei contra o “terrorismo doméstico de colheita própria”
(por Jessica Lee, Lindsay Beyerstein e Matt Renner)
Uma boa notícia é que parece haver fracassado outra lei “anti-terrorismo doméstico”, esta vez contra cidadãos de ascendência árabe ou que professem a fé islâmica, setores opostos à globalização e também críticos da versão oficial do desmoronamento das Torres Gêmeas e do Edifício Nº 7 em 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque. A legislação, que também é uma afronta às liberdades estadunidenses de expressão, ao uso livre da Internet, à privacidade e à livre associação, foi aprovada por 404 a 6 – quase por unanimidade – na Casa de Representantes, mas o Senado a deixou de lado, contrariando a seus dois principais promotores bipartidários: a congressista democrata pela Califórnia Jane Harman, chefa do Sub-comitê de Inteligência, Informação Compartilhada e Risco de Terrorismo, e o senador republicano por Connecticut Joseph Lieberman, presidente dos comitês de Segurança da Pátria e de Assuntos Governamentais. Todavia, Lieberman tratou censurar o popular YouTube, do Google.

7) Guest Workers Inc.: fraude e tráfico humano
(por Mary Bauer, Sarah Reynolds, Felicia Mello e Chidanand Rajghatta)
O sistema do “trabalhador convidado” que emigra para trabalhar nos EEUU contratado em seus países de origem resulta o mais parecido à escravidão do século 21, segundo o congressista democrata pelo Harlem Charles Rangel. O programa, que vitimiza os trabalhadores imigrantes mas foi elogiado e recomendado por Bush, é provável que sirva de base para futuras reformas da imigração. Por exemplo, 600 trabalhadores trazidos enganados da Índia e amontoados em trailers de uma companhia de navegação do Mississippi para trabalhar como escravos do século 21 em estaleiros e embarcações, pagaram gastos de viagem, as prometidas “tarjetas verdes” e um suposto visto de residência permanente vendendo suas casas, automóveis e jóias de família, ademais de pedir emprestado, mas nos EEUU se encontraram com um visto de trabalho por 10 meses e condições de vida e trabalho semelhantes à escravidão.

8) As ordens presidenciais podem ser mudadas em segredo

(por Sheldon Whitehouse [Senador dos EEUU] e Marcy Wheeler)
O senador Sheldon Whitehouse, democrata por Rhode Island e membro do Comitê de Inteligência do Senado, informou haver desclassificado três documentos jurídicos do Escritório de Conselhos Legais (OLC, em inglês) do ministério da Justiça que revelam que o Presidente Bush governa com Órdens Executivas secretas que têm preeminência sobre o Congresso, o Poder Judiciário, o ministério da Justiça e todo o sistema jurídico estadunidense. Marcy Wheeler, do The Guardian, de Londres, disse que “as políticas dos EEUU sobre tortura – e as opiniões duvidosas em que se baseiam essas políticas – deveriam ter sido expostas cinco anos antes. Mas por uma certa razão não foi assim. Não temos nenhuma maneira de saber a que nos ater, nesse mundo arbitrário onde o Presidente pode ignorar suss próprias Ordens Executivas”. Parece que Bush governa ao estilo do imperador Calígula.

9) Testemunhos de veteranos do Iraque e do Afeganistão
(por Aaron Glantz, Aimee Allison, Esther Manilla, Chris Hedges, Laila Al-Arian e Soldado de Inverno)
Os veteranos do Iraque e do Afeganistão descreveram o impacto brutal das ocupações nesses dois países na revista The Nation, de julho de 2007, e nas jornadas do Soldado de Inverno (Winter Soldier), de Silver Springs, Maryland, em dois dias de março de 2008, com a participação de Veteranos do Iraque Contra a Guerra e mais de 300 ex-militares estadunidenses. As rádios KPFA e Pacífica difundiram estas audiências ao vivo, com testemunhos dos soldados sobre atrocidades horripilantes presenciadas ou protagonizadas diretamente por eles mesmos, revelando de passagem como um problema estrutural criou um ambiente de anarquia criminosa nas tropas dos EEUU. Especialistas asseguram que as declarações dos veteranos permitiriam investigar violações potenciais do direito internacional de funcionários da administração Bush e do Pentágono.

10) Psicólogos cúmplices de tortura da CIA
(por Mark Benjamin, Katherine Eban e Democracy Now!)
Quando o jornalismo denunciou em 2005 que havia psicólogos trabalhando com militares dos EEUU e da CIA para desenvolver métodos brutais de interrogatório, os líderes da Associação de Psicólogos Americanos (APA) montaram um grupo de trabalho para examinar a questão. Após dois dias de deliberações, concluíram que trabalhando com os militares os psicólogos desempenhavam 'um papel valioso e ético'. Os psicólogos James Elmer Mitchell, pertencente de frente à CIA, e seu colega Bruce Jessen, desenharam o programa de treinamento militar secreto “Sobrevivência, Evasão, Resistência e Fuga (SERE)”, que prepara os soldados para suportar o possível cativeiro inimigo. De maneira “quase-científica”, segundo psicólogos e outros conhecedores diretos de suas atividades, Mitchell e Jessen desenharam a reengenharia das táticas aplicadas aos aprendizes do SERE para usá-las contra detidos na guerra global ao terrorismo.

11) El Salvador: Privatização da água e Guerra Global ao Terrorismo
(Jason Wallach, Wes Enzinna, Chris Damon e Jacob Wheeler)
Em El Salvador se criminaliza o protesto social desde que a polícia prendeu 14 líderes e residentes de uma comunidade que em julho de 2007 reclamou contra a privatização do abastecimento e distribuição da água, o aumento do preço e a diminuição do acesso e a qualidade do recurso. Desde outubro de 2006 opera uma lei anti-terrorista que criminaliza protestos como o da água, suscetíveis de longas condenações em presídio, ainda que os salvadorenhos continuam lutando para que a água seja um direito e não um crime, enquanto seu presidente Elías Saca fez do país um aliado fiel dos EEUU na militarização de sua agenda neoliberal para a América Latina. El Salvador continua sendo a única nação latino-americana com tropas no Iraque, foi o primeiro a assinar o CAFTA, em copiar a Lei Patriótica e alberga a controvertida Academia Internacional da Aplicação da Lei (ILEA).

12) Chegados a Bush se aproveitam da educação

(por Mandevilla, de Diatribune e Daily Kos)
Hasta Neil Bush, irmão mais novo do presidente dos EEUU, ordenha a vaca dos fundos públicos estaduais destinados ao sistema escolar estadunidense que diz converter as crianças em cidadãos honestos, laboriosos e competitivos. O segredo é converter-se em provedor SES, Serviço de Educação Suplementar, e vender tais “serviços suplementares” ao sistema escolar do estado, distrito por distrito. O sistema criou uma parafernália de controles que “ajudam” diagnosticando as falhas do sistema escolar e – óbvio!– os estados devem pagar por esse diagnóstico. Um negócio redondo, ainda que o remédio seja pior que a doença e locuplete certos bolsos. Esta obra mestra da estafa escolar é possível porque “o assessor em educação do presidente” e amigo íntimo da família Bush, um tal Sandy Kress, aproveitador sem profissão conhecida, inventou uma instituição chamada Não Deixemos as Crianças para Trás (No Child Left Behind, NCLB), que serve precisamente para fazer o contrário.

13) Pesquisando bilhões de dólares perdidos no Iraque
(por Donald Barlett, James Steele e Matt Taibbi)
É incrível que ademais de crimes e matanças de civis, militares, contratistas de Blackwater, de Halliburton e qualquer um que chegue ao Iraque vindo dos EEUU se tenha dedicado também a roubar. Desde abril de 2003, um mês depois da invasão, e durante mais de um ano, a Reserva Federal dos EEUU enviou 12 bilhões de dólares para “a reconstrução” do Iraque à Autoridade Provisória da Coalizão (leia-se governador Paul Bremer III), mas uns 9 bilhões desapareceram por completo devido a um inexplicável descuido. O jornalista Matt Taibbi, da revista Rolling Stone, escreveu: 'O que a administração Bush criou no Iraque é uma espécie de paraíso do capitalismo pervertido, onde os créditos são extraídos forçadamente do cliente pelo Estado e os obscenos lucros não são repartidos pelo mercado senão que por uma burocracia governamental não controlável'.

14) EEUU é uma grande lixeira nuclear
(por Diane D’Arrigo e Sunny Lewis)
A energia atômica e as fábricas de armas nucleares fazem dos EEUU uma grande lixeira nuclear, sem controle ambiental nem do ministério da Energia (DOE, em inglês). O material radiativo se guarda em aterros, se recicla e se revende para usá-lo em concreto de edifícios, equipamentos, asfalto, produtos químicos, solos, etc., também em recipientes inadequados e sem preparação, negócios comerciais e áreas de recreação. Sob o atual sistema, o DOE fornece diretamente os materiais, os vendem em subpastas ou os entregam em intercâmbios, ou envia os materiais a processadores que podem utilizá-los sem atender a controles radiativos. Cada vez é mais freqüente a reciclagem destes materiais para sua reutilização na produção de artigos domésticos de uso diário e efeitos pessoais, tais como fecho ecler, joguetes, móveis, automóveis, construção de caminhos, escolas e enchimento de pátios.

15) Escravidão mundial
(por David Batstone e E. Benjamin Skinner)
Ainda que os grandes meios só prestam atenção a certas formas de escravidão do comércio sexual, o certo é que hoje no mundo existem 27 milhões de escravos; mais que em qualquer outro momento da história humana. A globalização, a pobreza, a violência e a avareza facilitam o crescimento da escravidão, não só no terceiro mundo, senão que também nos países desenvolvidos. Atrás da fachada de qualquer grande urbe ou cidade importante do planeta, hoje é provável encontrar um comércio próspero em seres humanos. 800.000 pessoas anuais são objeto de tráfico através das fronteiras e até 17.500 novas vítimas atravessam a cada ano para os EEUU, segundo o ministério da Justiça (DOJ). Mais de 30.000 escravos adicionais passam pelos EEUU enquanto são transportados a outros destinos internacionais. Os advogados do DOJ processaram 91 casos de comércio de escravos em cidades de quase todos os 50 estados dos EEUU.

16) Informe anual sobre direitos sindicais

(pela Confederação Sindical Internacional)
A Colômbia continua sendo o país com mais sindicalistas assassinados no mundo, segundo o Informe Anual de Violações de Direitos Sindicais publicado pela Confederação Sindical Internacional (ITUC, em inglês). A edição 2007 do informe que cobre 138 países em 2006, demonstra um aumento alarmante das pessoas assassinadas em conseqüência de suas atividades sindicais, de 115 registradas em 2005 a 144 em 2006. Seqüestraram ou “desapareceram” a muitos mais sindicalistas ao redor do mundo, ao mesmo tempo em que milhares foram presos durante o ano por sua participação em ações de greve e protestos, enquanto outros milhares foram despedidos em vingança por ter se organizado. Também cresceu a quantidade de ativistas sindicais da África, das Américas, da Europa, da Ásia e do Pacífico, vítimas da brutalidade das polícias e assassinados por ser vistos como opositores dos governos favoráveis às corporações.

17) ONU: Vacuidade da Declaração dos Direitos Indígenas

(por Haider Rizvi, Brenda Norrell e Tom Griffiths)
Três meses depois que a ONU aprovara em setembro de 2007 a Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas, os aborígenes ao redor do mundo protestaram por sua exclusão em Bali do Convênio Base da sobre Mudança Climática (UNFCCC, em inglê), em que pese a que foram convidados a participar. A Declaração Universal da ONU chamou a reconhecer os direitos à autodeterminação e ao controle sobre as terras e recursos de 370 milhões de indígenas, depois de 22 anos de negociações que envolveram os Estados membros, grupos internacionais da sociedade civil e representantes das comunidades aborígenes do mundo. Somente EEUU, Canadá, Austrália e Nova Zelândia votaram contra, alegando que a autodeterminação e o controle indígena sobre terras e recursos naturais obstaculizariam o desenvolvimento econômico e minaria o 'estabelecimento de normas democráticas'.

18) Crueldade e morte nas prisões juvenis dos EEUU
(por Holbrook Mohr)
Uma horrorosa realidade vivem os jovens dos centros correcionais dos EEUU, onde padecem de abusos sexuais e físicos e inclusive morrem. O departamento de Justiça (DOJ), que carece de poder para fechar instalações, entabulou pleitos contra centros para jovens delinqüentes de onze estados por supervisão abusiva ou negligência daninha, entendendo que um julgamento pode conduzir os estados a melhorar seus centros de detenção, muitas vezes operados por contratistas privados, e a proteger assim os direitos civis da juventude encarcerada. A carência de supervisão e os padrões aceitos sobre abusos tornam difícil saber quantos jovens foram assaltados ou vítimas de negligência. A Associated Press estabeleceu que houve 13.000 demandas por abusos em centros juvenis através do país entre 2004 e 2007, quase um terço do total de detentos, que eram de cerca de 46.000 em 2007, quando se fez a indagação.

19) Criadores indígenas e pequenos granjeiros lutam contra a extinção do gado
(pelo Centro Internacional para o Desenvolvimento e o Intercâmbio Sustentável e por Representantes de pastores, povos indígenas e pequenos camponeses)
O modelo industrial de produção de gado causa a destruição mundial da diversidade animal. Pelo menos uma cria de gado indígena morre a cada mês como resultado do excesso de confiança nas castas seletas importadas dos Estados Unidos e da Europa, segundo o estudo 'O estado dos recursos genéticos do mundo animal' da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). Desde que em 1999 começou a investigação para o informe, se identificaram duas mil castas locais em risco. Organizações e ONG de 26 países estimam que este sistema industrial de criação e produção de gado ameaça o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar global. Sem embargo, o Plano de Ação Global da mesma FAO eludiu esta realidade.

20) Novo recorde em prisões por maconha

(por Bruce Mirken e Paul Armentano)
A cada ano aumentam nos EEUU as prisões por posse de maconha. Pelo quarto ano consecutivo, as detenções marcaram um recorde, segundo o Informe do Crime Uniforme do FBI para 2006. As apreensões somaram 829.627, com um aumento de 43.000 pessoas com respeito aos 786.545 detidos de 2005. A taxa atual de apreensões significa que a cada 38 segundos resulta detido um fumador de maconha que se incorpora a uma população cativa que corresponde a quase 44% de todas as detenções por droga nos Estados Unidos. Na última década, mais de 8 milhões de estadunidenses foram presos sob acusações relacionadas com a maconha, enquanto declinam as detenções por cocaína e heroína, segundo Allen St. Pierre, diretor executivo da Organização Nacional pela Reforma das Leis sobre a Maconha (NORML, em inglês). O número de presos aumentou mais de 5,4% em 2006 com respeito a 2005.

21) OTAN planeja “o primeiro golpe nuclear”
(por Ian Traynor, The Guardian)
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) considera viável um primeiro golpe nuclear a ser utilizado em qualquer lugar do mundo em que possa surgir uma ameaça. Os detalhes de implementação da idéia aparecem numa espécie de manual para um golpe de estado planetário de 150 páginas, concebido pelas mentes de ex-chefes das forças armadas dos EEUU, da Grã Bretanha, da Alemanha, da França e dos Países Baixos.
Os ex-chefes militares advertem sobre as seguintes ameaças dominantes:
- Fanatismo político e fundamentalismo religioso
- O 'lado escuro' da globalização significa terrorismo internacional, crime organizado e disseminação de armas de destruição total
- Mudança climática e insegurança energética exigem uma competição pelos recursos e uma potencial migração 'ambiental' a escala total
- O debilitamento do estado-nação, assim como de organizações tais como a ONU, a OTAN e a UE.

22) CARE rechaça ajuda alimentar dos EEUU
(por Ellen Massey e Revolution Cooperative)
Como no refrão “Melhor que não me ajude compadre!”, CARE, a maior e mais conhecida organização de caridade dos EEUU, concluiu que a forma como o país do norte encara a ajuda alimentar em vez de combater estruturalmente a fome no mundo, a solidifica e eterniza, porque o principal interesse de sua “ajuda” é converter em dinheiro efetivo os excedentes agrícolas estadunidenses que foram produzidos por una agricultura já subsidiada pelos contribuintes e que, de passagem, distorce o mercado alimentar mundial. A CARE anunciou em agosto de 2007 que recusava receber 45 milhões de dólares ao ano em ajuda alimentar do governo dos Estados Unidos por estimar que as condições impostas para sua distribuição não aliviam a fome. Os EEUU destinam 2 bilhões de dólares anuais de assistência alimentar para populações que sofrem fome crônica, mas exigem que as colheitas sejam compradas nos EEUU.

23) O público consome remédios que não necessita
(por Shreema Mehta)
A publicidade enganosa das companhias farmacêuticas fabrica necessidades, ocultando seguidamente do público os efeitos secundários de certos medicamentos. As companhias dos EEUU devem submeter sua publicidade à Administração de Drogas e Alimentos (FDA, na sua sigla em inglês), mas a agência não a revisa antes que se torne pública. Um informe do Escritório de Responsabilidade do Governo (GAO, em inglês) de novembro de 2006 encontrou que só se revisa uma pequena porção de bulas e nem sempre com os mesmos critérios. Alegando falta de fundos para um controle eficaz, a FDA pediu que uma reforma da Lei de Honorários na Prescrição de Drogas ao Usuário (PDUFA, em inglês) endosse à indústria farmacêutica o pagamento dos gastos de revisão que deveria efetuar a agência antes que os anúncios se tornem públicos. Ainda que equivale a por os ratões a vigiar o queijo, já é uma realidade desde que Bush renovou a PDUFA.

24) Japão duvida da versão oficial do 11/9 e não quer mais guerra
(por Benjamín Fulford)
O parlamentar Yukihisa Fujita desafiou a validez da guerra ao terrorismo dos EEUU e pediu que o Japão se retire do Afeganistão durante uma sessão da Câmara Alta que em janeiro de 2008 debateu a renovação da lei antiterrorista que faculta o apoio logístico japonês às tropas da coalizão. A transmissão do debate permitiu que os japoneses conhecessem pela primeira vez um questionamento frontal da versão oficial da tragédia de Nova Iorque de 2001. O jornalista Benjamin Fulford disse que o parlamentar do Japão, que é um país aliado dos EEUU, mostrou através da TV nacional evidência de grande alcance de que o governo dos EEUU assassinou a 3.000 de seus próprios cidadãos, assim como a 24 pessoas do Japão e a gente de muitas outras nações. Mas Fulford não pode levar Fujita a uma roda de imprensa no Clube dos Correspondentes Estrangeiros do Japão porque seus próprios colegas estadunidenses não o permitiram.

25) Por que destruíram o governador de NY Eliot Spitzer?

(por F. William Engdahl)
Quando uma proeminente figura pública resulta destruída de uma maneira tão espetacular como a exposição ao escárnio público do ex-governador democrata do estado de Nova Iorque, o jornalista F. Guillermo Engdall recomenda perguntar-se quem se beneficia e por que quereria eliminar essa pessoa, sobretudo porque um vulgar encontro com uma prostituta de luxo pouco tem a ver com os padrões morais da administração Bush com respeito aos altos servidores públicos. Eliot Spitzer foi o alvo provável de uma operação da Casa Branca e de Wall Street para silenciar um crítico perigoso e loquaz da condução da chamada “crise subprime” do mercado financeiro. Spitzer culpou de frente à administração Bush de favorecer os prestamistas rapazes ante o Subcomitê de Serviços Financeiros da Câmara de Representantes, em entrevistas pela NBC TV e num editorial do Washington Post que apareceu no dia anterior ao escândalo.


Fonte: Agencia Bolivariana de Noticias