´´Observe as tendências mas não Siga a maioria`` Thiago Prado


http://www.speedtest.net
http://geotool.servehttp.com/


quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

INVASÕES ESTADUNIDENSES PELO MUNDO

INVASÕES ESTADUNIDENSES PELO MUNDO
Por Alberto da Silva Jones (*), 08.03.2007

1846 - 1848 - MÉXICO - Por causa da anexação, pelos EUA, da República do Texas.

1890 - ARGENTINA - Tropas americanas desembarcam em Buenos Aires para defender interesses econômicos americanos.

1891 - CHILE - Fuzileiros Navais esmagam forças rebeldes nacionalistas.

1891 - HAITI - Tropas americanas debelam a revolta de operários negros na ilha de Navassa, reclamada pelos EUA.

1893 - HAWAI - Marinha enviada para suprimir o reinado independente anexar o Hawaí aos EUA.

1894 - NICARÁGUA - Tropas ocupam Bluefields, cidade do mar do Caribe, durante um mês.

1894 - 1895 - CHINA - Marinha, Exército e Fuzileiros desembarcam no país durante a guerra sino-japonesa.

1894 - 1896 - CORÉIA - Tropas permanecem em Seul durante a guerra.

1895 - PANAMÁ - Tropas desembarcam no porto de Corinto, província Colombiana.

1898 - 1900 - CHINA - Tropas dos Estados Unidos ocupam a China durante a Rebelião Boxer.

1898 - 1910 - FILIPINAS - As Filipinas lutam pela independência do país, dominado pelos EUA (Massacres realizados por tropas americanas em Balangica, Samar, Filipinas - 27/09/1901 - e Bud Bagsak, Sulu, Filipinas - 11/15/1913) - 600.000 filipinos mortos.

1898 - 1902 - CUBA - Tropas sitiaram Cuba durante a guerra hispano-americana.

1898 - Presente - PORTO RICO - Tropas sitiaram Porto Rico na guerra hispano-americana, hoje 'Estado Livre Associado' dos Estados Unidos.

1898 - ILHA DE GUAM - Marinha americana desembarca na ilha e a mantêm como base naval até hoje.

1898 - ESPANHA - Guerra Hispano-Americana - Desencadeada pela misteriosa explosão do encouraçado Maine, em 15 de fevereiro, na Baía de Havana. Esta guerra marca o surgimento dos EUA como potência capitalista e militar mundial.

1898 - NICARÁGUA - Fuzileiros Navais invadem o porto de San Juan del Sur.

1899 - ILHA DE SAMOA - Tropas desembarcam e invadem a Ilha em conseqüência de conflito pela sucessão do trono de Samoa.

1899 - NICARÁGUA - Tropas desembarcam no porto de Bluefields e invadem a Nicarágua (2ª vez).

1901 - 1914 - PANAMÁ - Marinha apóia a revolução quando o Panamá reclamou independência da Colômbia; tropas americanas ocupam o canal em 1901, quando teve início sua construção.

1903 - HONDURAS - Fuzileiros Navais americanos desembarcam em Honduras e intervêm na revolução do povo hondurenho.

1903 - 1904 - REPÚBLICA DOMINICANA - Tropas norte americanas atacaram e invadiram o território dominicano para proteger interesses do capital americano durante a revolução.

1904 - 1905 - CORÉIA - Fuzileiros Navais dos Estados Unidos desembarcaram no território coreano durante a guerra russo-japonesa.

1906 - 1909 - CUBA -Tropas dos Estados Unidos invadem Cuba e lutam contra o povo cubano durante período de eleições.

1907 - NICARÁGUA - Tropas americanas invadem e impõem a criação de um protetorado, sobre o território livre da Nicarágua.

1907 - HONDURAS - Fuzileiros Navais americanos desembarcam e ocupam Honduras durante a guerra de Honduras com a Nicarágua.

1908 - PANAMÁ - Fuzileiros Navais dos Estados Unidos invadem o Panamá durante período de eleições.

1910 - NICARÁGUA - Fuzileiros navais norte americanos desembarcam e invadem pela 3ª vez Bluefields e Corinto, na Nicarágua.

1911 - HONDURAS - Tropas americanas enviadas para proteger interesses americanos durante a guerra civil, invadem Honduras.

1911 - 1941 - CHINA - Forças do exército e marinha dos Estados Unidos invadem mais uma vez a China durante período de lutas internas repetidas.

1912 - CUBA - Tropas americanas invadem Cuba com a desculpa de proteger interesses americanos em Havana.

1912 - PANAMÁ - Fuzileiros navais americanos invadem novamente o Panamá e ocupam o país durante eleições presidenciais.

1912 - HONDURAS - Tropas norte americanas mais uma vez invadem Honduras para proteger interesses do capital americano.

1912 - 1933 - NICARÁGUA - Tropas dos Estados Unidos com a desculpa de combater guerrilheiros invadem e ocupam o país durante 20 anos.

1913 - MÉXICO - Fuzileiros da Marinha americana invadem o México com a desculpa de evacuar cidadãos americanos durante a revolução.

1913 - MÉXICO - Durante a Revolução mexicana, os Estados Unidos bloqueiam as fronteiras mexicanas em apoio aos revolucionários.

1914 - 1918 - PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL - Os EUA entram no conflito em 6 de abril de 1917 declarando guerra à Alemanha. As perdas americanas chegaram a 114 mil homens.

1914 - REPÚBLICA DOMINICANA - Fuzileiros navais da Marinha dos Estados invadem o solo dominicano e interferem na revolução do povo dominicano em Santo Domingo.

1914 - 1918 - MÉXICO - Marinha e exército dos Estados Unidos invadem o território mexicano e interferem na luta contra nacionalistas.

1915 - 1934 - HAITI- Tropas americanas desembarcam no Haiti, em 28 de julho, e transformam o país numa colônia americana, permanecendo lá durante 19 anos.

1916 - 1924 - REPÚBLICA DOMINICANA - Os EUA invadem e estabelecem um governo militar na República Dominicana, em 29 de novembro, ocupando o país durante 8 anos.

1917 - 1933 - CUBA - Tropas americanas desembarcam em Cuba, e transformam o país num protetorado econômico americano, permanecendo essa ocupação por 16 anos.

1918 - 1922 - RÚSSIA - Marinha e tropas americana enviadas para combater a revolução Bolchevista. O Exército realizou cinco desembarques, sendo derrotado pelos russos em todos eles.

1919 - HONDURAS - Fuzileiros norte americanos desembarcam e invadem mais uma vez o país durante eleições, colocando no poder um governo a seu serviço.

1918 - IUGOSLÁVIA - Tropas dos Estados Unidos invadem a Iugoslávia e intervêm ao lado da Itália contra os sérvios na Dalmácia.

1920 - GUATEMALA - Tropas americanas invadem e ocupam o país durante greve operária do povo da Guatemala.

1922 - TURQUIA - Tropas norte americanas invadem e combatem nacionalistas turcos em Smirna.

1922 - 1927 - CHINA - Marinha e Exército americanos mais uma vez invadem a China durante revolta nacionalista.

1924 - 1925 - HONDURAS - Tropas dos Estados Unidos desembarcam e invadem Honduras duas vezes durante eleição nacional.

1925 - PANAMÁ - Tropas americanas invadem o Panamá para debelar greve geral dos trabalhadores panamenhos.

1927 - 1934 - CHINA - Mil fuzileiros americanos desembarcam na China durante a guerra civil local e permanecem durante 7 anos, ocupando o território chinês.

1932 - EL SALVADOR - Navios de Guerra dos Estados Unidos são deslocados durante a revolução das Forças do Movimento de Libertação Nacional - FMLN - comandadas por Marti.

1939 - 1945 - SEGUNDA GUERRA MUNDIAL - Os EUA declaram guerra ao Japão em 8 de dezembro de 1941 e depois a Alemanha e Itália, invadindo o Norte da África, a Ásia e a Europa, culminando com o lançamento das bombas atômicas sobre as cidades desmilitarizadas de Iroschima e Nagasaki.

1946 - IRÃ - Marinha americana ameaça usar artefatos nucleares contra tropas soviéticas caso as mesmas não abandonem a fronteira norte do Irã.

1946 - IUGOSLÁVIA - Presença da marinha americana ameaçando invadir a zona costeira da Iugoslávia em resposta a um avião espião dos Estados Unidos abatido pelos soviéticos.

1947 - 1949 - GRÉCIA - Operação de invasão de Comandos dos EUA garantem vitória da extrema direita nas "eleições" do povo grego.

1947 - VENEZUELA - Em um acordo feito com militares locais, os EUA invadem e derrubam o presidente eleito Rómulo Gallegos, como castigo por ter aumentado o preço do petróleo exportado, colocando um ditador no poder.

1948 - 1949 - CHINA - Fuzileiros americanos invadem pela ultima vez o território chinês para evacuar cidadãos americanos antes da vitória comunista.

1950 - PORTO RICO - Comandos militares dos Estados Unidos ajudam a esmagar a revolução pela independência de Porto Rico, em Ponce.

1951 - 1953 - CORÉIA - Início do conflito entre a República Democrática da Coréia (Norte) e República da Coréia (Sul), na qual cerca de 3 milhões de pessoas morreram. Os Estados Unidos são um dos principais protagonistas da invasão usando como pano de fundo a recém criada Nações Unidas, ao lado dos sul-coreanos. A guerra termina em julho de 1953 sem vencedores e com dois estados polarizados: comunistas ao norte e um governo pró-americano no sul. Os EUA perderam 33 mil homens e mantém até hoje base militar e aero-naval na Coréia do Sul.

1954 - GUATEMALA - Comandos americanos, sob controle da CIA, derrubam o presidente Arbenz, democraticamente eleito, e impõem uma ditadura militar no país. Jacobo Arbenz havia nacionalizado a empresa United Fruit e impulsionado a Reforma Agrária.

1956 - EGITO - O presidente Nasser nacionaliza o canal de Suez. Tropas americanas se envolvem durante os combates no Canal de Suez sustentados pela Sexta Frota dos EUA. As forças egípcias obrigam a coalizão franco-israelense-britânica, a retirar-se do canal.

1958 - LÍBANO - Forças da Marinha americana invadem apóiam o exército de ocupação do Líbano durante sua guerra civil.

1958 - PANAMÁ - Tropas dos Estados Unidos invadem e combatem manifestantes nacionalistas panamenhos.

1961 - 1975 - VIETNÃ. Aliados aos sul-vietnamitas, o governo americano invade o Vietnã e tenta impedir, sem sucesso, a formação de um estado comunista, unindo o sul e o norte do país. Inicialmente a participação americana se restringe a ajuda econômica e militar (conselheiros e material bélico). Em agosto de 1964, o congresso americano autoriza o presidente a lançar os EUA em guerra. Os Estados Unidos deixam de ser simples consultores do exército do Vietnã do Sul e entram num conflito traumático, que afetaria toda a política militar dali para frente. A morte de quase 60 mil jovens americanos e a humilhação imposta pela derrota do Sul em 1975, dois anos depois da retirada dos Estados Unidos, moldaram a estratégia futura de evitar guerras que impusessem um custo muito alto de vidas americanas e nas quais houvesse inimigos difíceis de derrotar de forma convencional, como os vietcongues e suas táticas de guerrilhas.

1962 - LAOS - Militares americanos invadem e ocupam o Laos durante guerra civil contra guerrilhas do Pathet Lao.

1964 - PANAMÁ - Militares americanos invadiram mais uma vez o Panamá e mataram 20 estudantes, ao reprimirem a manifestação em que os jovens queriam trocar, na zona do canal, a bandeira americana pela bandeira e seu país.

1965 - 1966 - REPÚBLICA DOMINICANA - Trinta mil fuzileiros e pára-quedistas norte americanos desembarcaram na capital do país São Domingo para impedir a nacionalistas panamenhos de chegarem ao poder. A CIA conduz Joaquín Balaguer à presidência, consumando um golpe de estado que depôs o presidente eleito Juan Bosch. O país já fora ocupado pelos americanos de 1916 a 1924.

1966 - 1967 - GUATEMALA - Boinas Verdes e marines americanos invadem o país para combater movimento revolucionário contrario aos interesses econômicos do capital americano.

1969 - 1975 - CAMBOJA - Militares americanos enviados depois que a Guerra do Vietnã invadem e ocupam o Camboja.

1971 - 1975 - LAOS - EUA dirigem a invasão sul-vietnaita bombardeando o território do vizinho Laos, justificando que o país apoiava o povo vietnamita em sua luta contra a invasão americana.

1975 - CAMBOJA - 28 marines americanos são mortos na tentativa de resgatar a tripulação do petroleiro estadunidense Mayaquez.

1980 - IRÃ - Na inauguração do estado islâmico formado pelo Aiatolá Khomeini, estudantes que haviam participado da Revolução Islâmica do Irã ocuparam a embaixada americana em Teerã e fizeram 60 reféns. O governo americano preparou uma operação militar surpresa para executar o resgate, frustrada por tempestades de areia e falhas em equipamentos. Em meio à frustrada operação, oito militares americanos morreram no choque entre um helicóptero e um avião. Os reféns só seriam libertados um ano depois do seqüestro, o que enfraqueceu o então presidente Jimmy Carter e elegeu Ronald Reagan, que conseguiu aprovar o maior orçamento militar em época de paz até então.

1982 - 1984 - LÍBANO - Os Estados Unidos invadiram o Líbano e se envolveram nos conflitos do Líbano logo após a invasão do país por Israel - e acabaram envolvidos na guerra civil que dividiu o país. Em 1980, os americanos supervisionaram a retirada da Organização pela Libertação da Palestina de Beirute. Na segunda intervenção, 1.800 soldados integraram uma força conjunta de vários países, que deveriam restaurar a ordem após o massacre de refugiados palestinos por libaneses aliados a Israel. O custo para os americanos foi a morte 241 fuzileiros navais, quando os libaneses explodiram um carro bomba perto de um quartel das forças americanas.

1983 - 1984 - ILHA DE GRANADA - Após um bloqueio econômico de 4 anos a CIA coordena esforços que resultam no assassinato do 1º Ministro Maurice Bishop. Seguindo a política de intervenção externa de Ronald Reagan, os Estados Unidos invadiram a ilha caribenha de Granada alegando prestar proteção a 600 estudantes americanos que estavam no país, as tropas eliminaram a influência de Cuba e da União Soviética sobre a política da ilha.

1983 - 1989 - HONDURAS - Tropas americanas enviadas para construir bases em regiões próximas à fronteira, invadem o Honduras.

1986 - BOLÍVIA - Exército americano invade o território boliviano na justificativa de auxiliar tropas bolivianas em incursões nas áreas de cocaína.

1989 - ILHAS VIRGENS - Tropas americanas desembarcam e invadem as ilhas durante revolta do povo do país contra o governo pró-americano.

1989 - PANAMÁ - Batizada de Operação Causa Justa, a intervenção americana no Panamá foi provavelmente a maior batida policial de todos os tempos: 27 mil soldados ocuparam a ilha para prender o presidente panamenho, Manuel Noriega, antigo ditador aliado do governo americano. Os Estados Unidos justificaram a operação como sendo fundamental para proteger o Canal do Panamá, defender 35 mil americanos que viviam no país, promover a democracia e interromper o tráfico de drogas, que teria em Noriega seu líder na América Central. O ex-presidente cumpre prisão perpétua nos Estados Unidos.

1990 - LIBÉRIA - Tropas americanas invadem a Libéria justificando a evacuação estrangeiros durante guerra civil.

1990 - 1991 - IRAQUE - Após a invasão do Iraque ao Kuwait, em 2 de agosto de 1990, os Estados Unidos com o apoio de seus aliados da Otan, decidem impor um embargo econômico ao país, seguido de uma coalizão anti-Iraque (reunindo além dos países europeus membros da Otan, o Egito e outros países árabes) que ganhou o título de "Operação Tempestade no Deserto". As hostilidades começaram em 16 de janeiro de 1991, um dia depois do fim do prazo dado ao Iraque para retirar tropas do Kuwait. Para expulsar as forças iraquianas do Kuwait, o então presidente George Bush destacou mais de 500 mil soldados americanos para a Guerra do Golfo. 1990 - 1991 - ARÁBIA SAUDITA - Tropas americanas destacadas para ocupar a Arábia Saudita que era base militar na guerra contra Iraque.

1992 - 1994 - SOMÁLIA - Tropas americanas, num total de 25 mil soldados, invadem a Somália como parte de uma missão da ONU para distribuir mantimentos para a população esfomeada. Em dezembro, forças militares norte-americanas (comando Delta e Rangers) chegam a Somália para intervir numa guerra entre as facções do então presidente Ali Mahdi Muhammad e tropas do general rebelde Farah Aidib. Sofrem uma fragorosa derrota militar nas ruas da capital do país.

1993 - IRAQUE -No início do governo Clinton, é lançado um ataque contra instalações militares iraquianas, em retaliação a um suposto atentado, não concretizado, contra o ex-presidente Bush, em visita ao Kuwait.

1994 - 1999 - HAITI - Enviadas pelo presidente Bill Clinton, tropas americanas ocuparam o Haiti na justificativa de devolver o poder ao presidente eleito Jean-Betrand Aristide, derrubado por um golpe mas o que a operação visava era evitar que o conflito interno provocasse uma onda de refugiados haitianos nos Estados Unidos.

1996 - 1997 - ZAIRE (EX REPÚBLICA DO CONGO) - Fuzileiros Navais americanos são enviados para invadir a área dos campos de refugiados Hutus onde a revolução congolesa se iniciou. Marines evacuam civis.

1997 - LIBÉRIA - Tropas dos Estados Unidos invadem a Libéria justificando a necessidade de evacuar estrangeiros durante guerra civil sob fogo dos rebeldes.

1997 - ALBÂNIA - Tropas americanas invadem a Albânia para evacuar estrangeiros.

2000 - COLÔMBIA - Marines e "assessores especiais" dos EUA iniciam o Plano Colômbia, que inclui o bombardeamento da floresta com um fungo transgênico fusarium axyporum (o "gás verde").

2001 - AFEGANISTÃO - Os EUA bombardeiam várias cidades afegãs, em resposta ao ataque terrorista ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001. Invadem depois o Afeganistão onde estão até hoje.

2003 - IRAQUE - Sob a alegação de Saddam Hussein esconder armas de destruição e financiar terroristas, os EUA iniciam intensos ataques ao Iraque. É batizada pelos EUA de "Operação Liberdade do Iraque" e por Saddam de "A Última Batalha", a guerra começa com o apoio apenas da Grã-Bretanha, sem o endosso da ONU e sob protestos de manifestantes e de governos no mundo inteiro. As forças invasoras americanas até hoje estão no território iraquiano, onde a violência aumentou mais do que nunca.

Na América Latina, África e Ásia, os Estados Unidas invadiam países ou para depor governos democraticamente eleitos pelo povo, ou para dar apoio a ditaduras criadas e montadas pelos Estados Unidos, tudo em nome da "democracia".

(*) Alberto da Silva Jones é professor da UFSC.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A Semana > Entrevista
| N° Edição: 2097 | 15.Jan - 21:00

Salvador Ghelfi Raza

"A Guerra De Obama Não É A De Bush"

Brasileiro que participa da reestruturação da política de defesa dos EUA diz que americanos usarão menos força militar para defender seus interesses no mundo

Claudio Dantas Sequeira

img.jpg
REVISÃO
Raza: “Não há mais intenção de se impor a doutrina de Washington”

O analista de segurança nacional Salvador Ghelfi Raza é o único brasileiro a integrar a equipe contratada pelo governo Barack Obama para propor uma reforma profunda na política e, também, nos métodos utilizados pelos Estados Unidos mundo afora. São 30 Ph.D.s, os melhores cérebros do mundo em análise de segurança, defesa e diplomacia. Ao lado de Raza, além dos americanos, há ingleses, paquistaneses, suíços e uma mexicana. Raza é doutor em estudos estratégicos pela UFRJ com pós-doutorado em estudos de defesa na National Defense University, em Washington, onde leciona. Ressaltando que não fala em nome do governo, mas em caráter pessoal, Raza diz que há em curso uma “revolução” que dará um novo perfil às ações externas daquele país. “Para enfrentar o terror, não basta comprar mais scanners para os aeroportos. A guerra mudou, o papel das Forças Armadas também”, diz. No início do mês, começaram a circular internamente os primeiros rascunhos do que promete ser a maior mudança estrutural no setor desde a criação da CIA, a agência de inteligência americana, no final da década de 40.

img1.jpg

"É preciso evitar erros recorrentes, como querer acabar com o tradicional cultivo da papoula no Afeganistão ou destruir plantações de coca na Bolívia"

img2.jpg

"No governo Bush a diretriz política era centralizadora, puxando para cima o núcleo de decisão. No caso de Obama, há uma descentralização"

Como é o trabalho que o sr. está desenvolvendo em Washington?

Salvador Ghelfi Raza -

Estou trabalhando no desenvolvimento da nova metodologia que será usada para ações estratégicas das agências do governo americano em outros países. É um planejamento a longo prazo. Estamos falando de redesenhar a arquitetura de relacionamento das agências de desenvolvimento, de defesa e de inteligência. O objetivo é reunir as principais agências envolvidas num único esforço coordenado de formulação de políticas, desenho integrado de estratégias e gestão coordenada de projetos. Meu núcleo trabalha na vertente do desenvolvimento, capacitando planejadores seniores na área de segurança para que essas pessoas possam integrar equipes de estabilidade e reconstrução em várias partes do mundo. Faz parte de um movimento novo no governo americano para reduzir as barreiras entre as agências, evitando erros como os que permitiram a tentativa de atentado terrorista no último Natal, planejado pela Al-Qaeda.

Istoé -

Essa tentativa de atentado revelou fragilidades na segurança dos EUA parecidas com as que permitiram os ataques de 2001. A reforma executada por Bush não resolveu?

Salvador Ghelfi Raza -

Há uma semelhança nos dois casos, sim. Após os atentados de 11 de setembro, houve uma grande reforma centrada na gestão das informações de inteligência. De qualquer maneira, o que ocorreu no Natal aqui, ou no Afeganistão e no Iêmen, não se resolve aumentando o número de máquinas que vão fazer o scanner de pessoas nos aeroportos. É preciso atuar nos fundamentos. Em como o governo se organiza, em como as decisões são tomadas, que políticas podem ser mais efetivas e quais elementos das estratégias se tornaram obsoletos. Na segunda-feira 11, tivemos uma reunião de cinco horas sobre novos parâmetros analíticos para definir o que é um conflito. Se os critérios atuais estão corretos. Daí, podemos olhar para Honduras e avaliar que não há ali um conflito. Reduz-se, assim, o afã operacional.

Istoé -

No caso hondurenho, os EUA foram criticados pelo Brasil exatamente por não agir.

Salvador Ghelfi Raza -

O silêncio não significa inação. O Brasil age muitas vezes como aquele garoto cheio de energia que mete os pés pelas mãos. Os EUA estão numa posição mais sênior, de avaliar se uma ação se justifica ou não. Não é dar menos importância, mas evitar ações tempestivas.

Istoé -

Não é nada fácil mudar a cultura de um país e toda uma burocracia. Será possível fazê-lo nos EUA de Obama?

Salvador Ghelfi Raza -

É difícil em todo lugar, mas, ao contrário do que parece, a cultura de mudança existe nos EUA. O difícil é saber para qual direção mudar, que tipo de mudança pode gerar um diferencial de resultados. Não é simplesmente criar ou substituir agências ou departamentos. Embora a dinâmica de mudanças tenha se iniciado na era Clinton e se aprofundado com Bush, no caso de Obama ela é substancialmente diferente. Enquanto no governo Bush a diretriz política era formulada em alto nível, de forma centralizadora, puxando para cima o núcleo de decisão, no caso Obama há uma descentralização e delegação de autoridade. Quando se faz isso, vem à tona uma série de fragilidades de planejamento estratégico, e surgem problemas que pareciam não existir antes. Há aspectos positivos e negativos nesse processo.

Istoé -

A ambiguidade na política externa de Obama seria um desses aspectos?

Salvador Ghelfi Raza -

Sim. E isso eles querem corrigir. Uma das coisas para as quais precisamos tirar o chapéu e reconhecer é o esforço. Quem está de fora não imagina o que está sendo feito, os bilhões de dólares que estão sendo gastos para reparar de forma discreta, mas forte, a máquina decisória. Não é mudar pessoas, mas saber por que não funciona, qual a lógica articulante do sistema.

Istoé -

Dessa estratégia, o que o sr. pode detalhar?

Salvador Ghelfi Raza -

Haverá um redesenho das competências de segurança no país, com a criação de um núcleo organizacional de defesa fortemente orientado na integração das agências de inteligência, as de controle dos UAVs (aviões não tripulados), a Força Aérea e as Forças Especiais. Haverá um outro núcleo, de segurança civil, uma espécie de grande Gendarmeria, onde estarão as agências de desenvolvimento. Hoje há três dimensões de ação: no Departamento de Defesa; no Departamento de Estado e no Departamento de Segurança Interna. É como se pegassem as Forças Armadas, as polícias, a inteligência, as agências de fomento, botassem tudo num liquidificador, retirassem os vínculos e separassem em dois. É um esforço enorme, caríssimo, e os primeiros rascunhos já saíram no início de janeiro. O que se antecipa é uma mudança estrutural sem precedentes.

Istoé -

Quando Obama dobra as tropas no Afeganistão não está imprimindo sua digital na guerra ao terror de Bush?

Salvador Ghelfi Raza -

Não vejo assim. O governo Obama está repensando as estratégias usadas contra o terror. A guerra ao terror de Obama não é a de Bush. Existe um fenômeno chamado terrorismo, que foi enfrentado de uma certa maneira. O propósito de enfrentá-lo continua, mas as estratégias estão sendo ajustadas para dar conta de forma mais abrangente, menos militar e mais eficiente. Envolvem-se mais agências que estavam na periferia do esforço.

Istoé -

Que tipo de abordagem podemos esperar nos conflitos atuais?

Salvador Ghelfi Raza -

Não só no Afeganistão, mas em vários outros países, podemos esperar maior envolvimento dos países, a qualificação das autoridades locais e a integração das agências de inteligência. Implica ouvir mais os altos escalões do país onde há a crise. E uma tentativa brutal de entender a cultura do povo local. Não há intenção de se impor a chamada doutrina de Washington.

Istoé -

Espera-se uma ação menos intervencionista dos EUA?

Salvador Ghelfi Raza -

É mais participativa. Não vejo como menos intervencionista, pois aí é uma questão de matiz ideológico. Mas é um desenho mais integrador, que procura identifi car a cultura do país. Evitar erros como os cometidos na Bolívia. Você não pode chegar lá e destruir a coca. Ou acabar com o cultivo de papoula no Afeganistão. A economia desses países depende disso. Então, é preciso substituir esses cultivos. Da mesma forma, ao agir na estabilização, é preciso treinar a polícia e as Forças Armadas para que tenham autonomia. Isso tudo é novo. Antes, o governo americano vinha, ocupava e dizia “eu tenho a solução”. Não é que o americano ficou bonzinho, mas mais inteligente e humano.

Istoé -

Como atuar com agências tão estigmatizadas como a Usaid, que por décadas funcionou como fachada da CIA?

Salvador Ghelfi Raza -

As agências de fomento serão de fomento e as de inteligência serão de inteligência. Haverá uma defi nição melhor das responsabilidades, sem a fusão de atribuições, mas apenas dos efeitos. Pretende-se, assim, resgatar a imagem delas, aproveitando a ênfase na diplomacia política de cooperação e integração.

Istoé -

Mas será difícil convencer muitos países, inclusive na América Latina, de que os EUA agem de boa-fé.

Salvador Ghelfi Raza -

É um desafio. De qualquer maneira, a América Latina não está no foco de atenção americana, apesar de ter ganho projeção surpreendente. O Brasil precisa acordar dessa letargia metodológica intelectual, achando que para crescer basta deixar rolar. Nossas instituições estão obsoletas. Nosso pessoal militar tem que sofrer modernização drástica. Não basta comprar avião novo e submarino e manter a mentalidade dos anos 80. A política exterior está desarticulada da política de defesa, estamos numa panela de pressão e aumentando o fogo.

Istoé -

A crise em torno do Plano Nacional de Direitos Humanos é um exemplo desse atraso, ao reanimar sentimentos de revanchismo e enfrentamentos que já deveriam estar superados?

Salvador Ghelfi Raza -

É só um aperitivo do que vem pela frente. A tendência é piorar. Há crises internas e erros de política tão grandes que podem comprometer a imagem de um país que parou no tempo. O Brasil é um novo-rico. Os EUA já estão fazendo sua revolução para o futuro, e nós dando pulos para trás. Comprando espelhos, como índios. Qual a estratégia de segurança do governo brasileiro? Não tem. Como a política externa dialoga com a compra de mais caças? Como se espera que o submarino nuclear possibilite novas dimensões de dissuasão regional e como isso será usado pela diplomacia comercial? Ninguém sabe.


"A guerra de Obama não é a de Bush"

Entrevista

Salvador Ghelfi Raza

"A guerra de Obama não é a de Bush"

Brasileiro que participa da reestruturação da política de defesa dos EUA diz que americanos usarão menos força militar para defender seus interesses no mundo

Claudio Dantas Sequeira

REVISÃO

Raza: “Não há mais intenção de se impor a doutrina de Washington”

O analista de segurança nacional Salvador Ghelfi Raza é o único brasileiro a integrar a equipe contratada pelo governo Barack Obama para propor uma reforma profunda na política e, também, nos métodos utilizados pelos Estados Unidos mundo afora. São 30 Ph.D.s, os melhores cérebros do mundo em análise de segurança, defesa e diplomacia. Ao lado de Raza, além dos americanos, há ingleses, paquistaneses, suíços e uma mexicana. Raza é doutor em estudos estratégicos pela UFRJ com pós-doutorado em estudos de defesa na National Defense University, em Washington, onde leciona. Ressaltando que não fala em nome do governo, mas em caráter pessoal, Raza diz que há em curso uma “revolução” que dará um novo perfil às ações externas daquele país. “Para enfrentar o terror, não basta comprar mais scanners para os aeroportos. A guerra mudou, o papel das Forças Armadas também”, diz. No início do mês, começaram a circular internamente os primeiros rascunhos do que promete ser a maior mudança estrutural no setor desde a criação da CIA, a agência de inteligência americana, no final da década de 40.

"É preciso evitar erros recorrentes, como querer acabar com o tradicional cultivo da papoula no Afeganistão ou destruir plantações de coca na Bolívia"

"No governo Bush a diretriz política era centralizadora, puxando para cima o núcleo de decisão. No caso de Obama, há uma descentralização"

Istoé - Como é o trabalho que o sr. está desenvolvendo em Washington?

Salvador Ghelfi Raza - Estou trabalhando no desenvolvimento da nova metodologia que será usada para ações estratégicas das agências do governo americano em outros países. É um planejamento a longo prazo. Estamos falando de redesenhar a arquitetura de relacionamento das agências de desenvolvimento, de defesa e de inteligência. O objetivo é reunir as principais agências envolvidas num único esforço coordenado de formulação de políticas, desenho integrado de estratégias e gestão coordenada de projetos. Meu núcleo trabalha na vertente do desenvolvimento, capacitando planejadores seniores na área de segurança para que essas pessoas possam integrar equipes de estabilidade e reconstrução em várias partes do mundo. Faz parte de um movimento novo no governo americano para reduzir as barreiras entre as agências, evitando erros como os que permitiram a tentativa de atentado terrorista no último Natal, planejado pela Al-Qaeda.

Istoé - Essa tentativa de atentado revelou fragilidades na segurança dos EUA parecidas com as que permitiram os ataques de 2001. A reforma executada por Bush não resolveu?

Salvador Ghelfi Raza - Há uma semelhança nos dois casos, sim. Após os atentados de 11 de setembro, houve uma grande reforma centrada na gestão das informações de inteligência. De qualquer maneira, o que ocorreu no Natal aqui, ou no Afeganistão e no Iêmen, não se resolve aumentando o número de máquinas que vão fazer o scanner de pessoas nos aeroportos. É preciso atuar nos fundamentos. Em como o governo se organiza, em como as decisões são tomadas, que políticas podem ser mais efetivas e quais elementos das estratégias se tornaram obsoletos. Na segunda-feira 11, tivemos uma reunião de cinco horas sobre novos parâmetros analíticos para definir o que é um conflito. Se os critérios atuais estão corretos. Daí, podemos olhar para Honduras e avaliar que não há ali um conflito. Reduz-se, assim, o afã operacional.

Istoé - No caso hondurenho, os EUA foram criticados pelo Brasil exatamente por não agir.

Salvador Ghelfi Raza - O silêncio não significa inação. O Brasil age muitas vezes como aquele garoto cheio de energia que mete os pés pelas mãos. Os EUA estão numa posição mais sênior, de avaliar se uma ação se justifica ou não. Não é dar menos importância, mas evitar ações tempestivas.

Istoé - Não é nada fácil mudar a cultura de um país e toda uma burocracia. Será possível fazê-lo nos EUA de Obama?

Salvador Ghelfi Raza - É difícil em todo lugar, mas, ao contrário do que parece, a cultura de mudança existe nos EUA. O difícil é saber para qual direção mudar, que tipo de mudança pode gerar um diferencial de resultados. Não é simplesmente criar ou substituir agências ou departamentos. Embora a dinâmica de mudanças tenha se iniciado na era Clinton e se aprofundado com Bush, no caso de Obama ela é substancialmente diferente. Enquanto no governo Bush a diretriz política era formulada em alto nível, de forma centralizadora, puxando para cima o núcleo de decisão, no caso Obama há uma descentralização e delegação de autoridade. Quando se faz isso, vem à tona uma série de fragilidades de planejamento estratégico, e surgem problemas que pareciam não existir antes. Há aspectos positivos e negativos nesse processo.

Istoé - A ambiguidade na política externa de Obama seria um desses aspectos?

Salvador Ghelfi Raza - Sim. E isso eles querem corrigir. Uma das coisas para as quais precisamos tirar o chapéu e reconhecer é o esforço. Quem está de fora não imagina o que está sendo feito, os bilhões de dólares que estão sendo gastos para reparar de forma discreta, mas forte, a máquina decisória. Não é mudar pessoas, mas saber por que não funciona, qual a lógica articulante do sistema.

Istoé - Dessa estratégia, o que o sr. pode detalhar?

Salvador Ghelfi Raza - Haverá um redesenho das competências de segurança no país, com a criação de um núcleo organizacional de defesa fortemente orientado na integração das agências de inteligência, as de controle dos UAVs (aviões não tripulados), a Força Aérea e as Forças Especiais. Haverá um outro núcleo, de segurança civil, uma espécie de grande Gendarmeria, onde estarão as agências de desenvolvimento. Hoje há três dimensões de ação: no Departamento de Defesa; no Departamento de Estado e no Departamento de Segurança Interna. É como se pegassem as Forças Armadas, as polícias, a inteligência, as agências de fomento, botassem tudo num liquidificador, retirassem os vínculos e separassem em dois. É um esforço enorme, caríssimo, e os primeiros rascunhos já saíram no início de janeiro. O que se antecipa é uma mudança estrutural sem precedentes.

Istoé - Quando Obama dobra as tropas no Afeganistão não está imprimindo sua digital na guerra ao terror de Bush?

Salvador Ghelfi Raza - Não vejo assim. O governo Obama está repensando as estratégias usadas contra o terror. A guerra ao terror de Obama não é a de Bush. Existe um fenômeno chamado terrorismo, que foi enfrentado de uma certa maneira. O propósito de enfrentá-lo continua, mas as estratégias estão sendo ajustadas para dar conta de forma mais abrangente, menos militar e mais eficiente. Envolvem-se mais agências que estavam na periferia do esforço.

Istoé - Que tipo de abordagem podemos esperar nos conflitos atuais?

Salvador Ghelfi Raza - Não só no Afeganistão, mas em vários outros países, podemos esperar maior envolvimento dos países, a qualificação das autoridades locais e a integração das agências de inteligência. Implica ouvir mais os altos escalões do país onde há a crise. E uma tentativa brutal de entender a cultura do povo local. Não há intenção de se impor a chamada doutrina de Washington.

Istoé - Espera-se uma ação menos intervencionista dos EUA?

Salvador Ghelfi Raza - É mais participativa. Não vejo como menos intervencionista, pois aí é uma questão de matiz ideológico. Mas é um desenho mais integrador, que procura identifi car a cultura do país. Evitar erros como os cometidos na Bolívia. Você não pode chegar lá e destruir a coca. Ou acabar com o cultivo de papoula no Afeganistão. A economia desses países depende disso. Então, é preciso substituir esses cultivos. Da mesma forma, ao agir na estabilização, é preciso treinar a polícia e as Forças Armadas para que tenham autonomia. Isso tudo é novo. Antes, o governo americano vinha, ocupava e dizia “eu tenho a solução”. Não é que o americano ficou bonzinho, mas mais inteligente e humano.

Istoé - Como atuar com agências tão estigmatizadas como a Usaid, que por décadas funcionou como fachada da CIA?

Salvador Ghelfi Raza - As agências de fomento serão de fomento e as de inteligência serão de inteligência. Haverá uma defi nição melhor das responsabilidades, sem a fusão de atribuições, mas apenas dos efeitos. Pretende-se, assim, resgatar a imagem delas, aproveitando a ênfase na diplomacia política de cooperação e integração.

Istoé – Mas será difícil convencer muitos países, inclusive na América Latina, de que os EUA agem de boa-fé.

Salvador Ghelfi Raza - É um desafio. De qualquer maneira, a América Latina não está no foco de atenção americana, apesar de ter ganho projeção surpreendente. O Brasil precisa acordar dessa letargia metodológica intelectual, achando que para crescer basta deixar rolar. Nossas instituições estão obsoletas. Nosso pessoal militar tem que sofrer modernização drástica. Não basta comprar avião novo e submarino e manter a mentalidade dos anos 80. A política exterior está desarticulada da política de defesa, estamos numa panela de pressão e aumentando o fogo.

Istoé - A crise em torno do Plano Nacional de Direitos Humanos é um exemplo desse atraso, ao reanimar sentimentos de revanchismo e enfrentamentos que já deveriam estar superados?

Salvador Ghelfi Raza - É só um aperitivo do que vem pela frente. A tendência é piorar. Há crises internas e erros de política tão grandes que podem comprometer a imagem de um país que parou no tempo. O Brasil é um novo-rico. Os EUA já estão fazendo sua revolução para o futuro, e nós dando pulos para trás. Comprando espelhos, como índios. Qual a estratégia de segurança do governo brasileiro? Não tem. Como a política externa dialoga com a compra de mais caças? Como se espera que o submarino nuclear possibilite novas dimensões de dissuasão regional e como isso será usado pela diplomacia comercial? Ninguém sabe.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Jomini e a História Militar

A História Militar é uma área mal entendida pela maioria das pessoas. O público leigo a toma por mera narração factual de combates, líderes e equipamentos, quase como que uma hagiografia; apesar de essa ser uma visão que a maioria das pessoas possui sobre a História em geral, mesmo pessoas com um pouco mais de conhecimento na área costumam tomar o estudo de história militar como uma exaltação dos feitos de homens de armas.

Existem diversos campos que se utilizam do estudo da História Militar, notadamente a área de Estudos Estratégicos, pela qual tenho nutrido certo interesse ultimamente. Apesar de esses estudos quase arcanos se restringirem a alguns poucos pós-graduandos, eles são a prova de que aquela se diferencia das narrativas épicas não só pelo formato, mas também pelo que é estudado.

De fato, nem sempre foi assim. Até o século XIX, quando se escrevia sobre guerra, a função era exaltar os feitos de determinado líder ou criar um manual com preceitos para a vitória. Mesmo no século que testemunhou a Segunda Revolução Industrial, a ascensão e queda do Império napoleônico, dentre outras radicais mudanças, essa visão continuou, influenciada por pensadores como o suíço Antoine-Henri Jomini.


Pode-se, de um certo ponto de vista, dizer que Jomini foi o primeiro teórico europeu da guerra, antecedendo a publicação póstuma da obra de Clausewitz com seu Traité des grandes operations militaires, publicado em 1805. Inspirado pela forma européia de guerrear, especialmente pelas triunfantes campanhas de Frederico, O Grande e Napoleão – de quem foi aide-de-camp -, Jomini resumiu as campanhas napoleônicas em uma série de preceitos, os quais garantiriam a vitória ao comandante que o seguisse.

A visão de Jomini do Exército era através de uma ótica heróica, com ênfase nos líderes e nos soldados. Para ele, o segredo da vitória era saber posicionar as tropas no ponto decisivo da ação; com um líder e com treinamento adeqüado, então a vitória seria obtida. Ele simplesmente considerava que os exércitos estavam prontos, adeqüados e era tudo uma questão de manejar as tropas e destruir os oponentes.

Em sua obra, ele defende que o exército ideal seria muito bem treinado, sem, no entanto, nunca tocar no assunto do treinamento das tropas. Jomini também não abordou as mudanças no modo de guerrear provocadas pelas Guerras Napoleônicas, como a divisão das forças em Corpos de Exército; para ele, a concentração de forças era essencial para a obtenção da vitória.

Outro ponto que Jomini não abordou foram as necessidades materiais de grandes exércitos. Apesar de ter cunhado o próprio termo logística, seu entendimento da função desta era bem diferente da visão atual, conforme indicado em uma passagem do Précis de l’Art de la Guerre, sua principal obra:

“Logística é a arte prática de movimentar os exércitos, compreendendo não apenas os problemas de transporte, mas também o trabalho do estado maior, as medidas administrativas e até as unidades de reconhecimento e de informações necessários para o deslocamento e a
manutenção das forças militares organizadas.”

O fato de Jomini negligenciar as questões logísticas não deve ser estranhado, uma vez que era comum na época, quando se esperava que os exércitos extraíssem seus suprimentos da prática da forragem. Mesmo Aleksandr Suvorov, grande general russo que derrotou Moreau e o futuro marechal Macdonald durante a campanha italiana, não dava a devida atenção ao problema de obtenção dos recursos necessários para sustentar grandes quantias de combatentes num campo de batalha; não fosse o proverbial auxílio de oficiais austríacos, seu exército possivelmente não teria tido condições de efetuar as velozes marchas que por muitas vezes garantiram vitórias para o Czar.

Para qualquer um que pretenda criar uma teoria completa do que era chamado de A Arte da Guerra, esquecer de um fator tão grande quanto a logística é uma omissão gritante, cujo preço seria visto durante a Primeira Guerra Mundial. Mas, apesar de limitada, a obra de Jomini foi uma primeira tentativa de criar uma visão mais racional da guerra.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O que é terrorismo e quais são os grupos que agem no mundo

Nenhuma definição de terrorismo obteve aprovação universal. Segundo as leis norte-americanas (Código dos Estados Unidos, artigo 2656f), o termo pode ser definido das seguintes formas:

Quando empregado sozinho, pode se referir à motivação política, cometida contra alvos não-combatentes por grupos subnacionais ou agentes clandestinos, geralmente com o objetivo de influenciar o público. No âmbito internacional, pode significar uma ação que envolva muitos cidadãos ou o território de mais de um país. Já o termo "grupo terrorista" significa qualquer grupo que pratique terrorismo internacional, ou tenha subgrupos significativos que pratiquem terrorismo internacional.

O terrorismo passou a ser assunto discutido internacionalmente após o ataque às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque, nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001. O ataque, que matou milhares de civis e chocou o mundo, foi atribuído ao grupo Al Qaeda, liderado por Osama Bin Laden. Este grupo passou a ser o principal alvo de combate norte-americano no que se refere à política de segurança nacional.

Mas a Al Qaeda não é o único grupo político a espalhar terror pelo mundo. Outros merecem destaque na história da política mundial, devido ao número de pessoas envolvidas e freqüência dos ataques. Conheça os principais:

Al Qaeda
Seguidores de Bin Laden, acusado pela explosão de duas embaixadas americanas na África oriental em 1998, matando 224 pessoas. Laden, a exemplo de Saddam Hussein, também foi parceiro dos EUA no passado. Nos anos 80, Bin Laden e outros guerrilheiros islâmicos do Afeganistão recebiam apoio norte-americano no combate às tropas da União Soviética, que sustentavam o regime comunista no país

ETA (Pátria Basca e Liberdade)
Grupo basco fundado em 1959, que luta pela transformação do País Basco, que ocupa áreas da Espanha e da França, em Estado independente. Fez seu primeiro atentado em 1968, matando Meliton Manzanas, chefe de polícia de San Sebastián. Em 1980, realizou seu maior número de atentados, assassinando 118 pessoas

Hamas (Movimento da Resistência Islâmica)
Um dos principais grupos extremistas contrários à existência do Estado de Israel e ao processo de paz entre árabes e israelenses. Foi criado em 1987 a partir da Intifada (revolta palestina contra a ocupação israelense). A organização promove ataques terroristas suicidas contra judeus.

IRA (Exército Republicano Irlandês)
Organização terrorista católica da Irlanda do Norte, que começou a atuar nos anos 60. A Irlanda do Norte tem maioria de protestantes. Os unionistas protestantes (60% da população) querem que a região continue ligada ao Reino Unido, mas os nacionalistas católicos querem a reunificação com a República da Irlanda, um país de maioria católica

Jihad Islâmico
Formada por jovens palestinos no Egito em 1980, a organização é apontada como responsável pela morte de 18 soldados em um ponto de ônibus em Beit Lid em 1995. Organizações de caráter religioso buscam expulsar palestinos e impedir negociações de paz entre a OLP e Israel

Supremacia Branca
Organizações paramilitares racistas de extrema direita que atuam nos EUA e defendem a "supremacia branca". Um dos seguidores desse tipo de organização seria Timothy James McVeigh, responsável pelo atentado a um edifício de Oklahoma, onde morreram 168 pessoas (1996). McVeigh foi executado em junho de 1997.