22/07/2010
Mundo
Explosões não interrompem fornecimento, mas colocam organismos de segurança em alerta contra separatistas
Extremistas islâmicos da turbulenta região do Cáucaso, no sul da Rússia, são os principais suspeitos pelas explosões que atingiram ontem a usina hidrelétrica de Baksan, na região da Kabardino-Balkária, vizinha aos focos separatistas da Chechênia e do Daguestão. O ataque terrorista, como foi definido pela Procuradoria-Geral russa, deixou dois mortos e dois feridos, além de danos em três geradores e equipamentos secundários — sem afetar a geração de eletricidade na usina, com potência de 25 megawatts.
“Os bandidos invadiram o complexo, mataram dois guardas e feriram dois operadores na sala das máquinas da central elétrica. Depois, colocaram cargas explosivas”, alegou um porta-voz da procuradoria. De acordo com as autoridades, três artefatos explodiram e outro foi desativado por especialistas do Serviço Federal de Segurança (FSB, um dos organismos que sucederam a KGB, da extinta União Soviética). O chefe do FSB, Alexander Bortnikov, informou ao presidente Dmitri Medvedev que foram tomadas medidas para “reforçar a proteção das instalações estratégicas” após o ataque à hidrelétrica de Baksan.
As investigações do Comitê Nacional Antiterrorista (CNA) mostraram que as explosões provocaram um grande incêndio, que se alastrou a partir da sala de máquinas da usina, construída entre 1930 e 1936. O Ministério para Situações de Emergência tratou de tranquilizar a população das regiões próximas, quanto ao fornecimento de eletricidade e quanto à segurança. Em resposta ao ataque, o CNA anunciou que também vai reforçar a segurança em todas as hidrelétricas do sul do país.
Os grupos armados islâmicos que atuam na região tinham ameaçado em várias ocasiões promover atentados contra a infraestrutura e alvos considerados estratégicos. Há pouco menos de um ano, a usina de Sayanao Shushenskaya, na Sibéria, foi parcialmente destruída por uma explosão que deixou 75 mortos e vultosos danos. Na época, um grupo extremista reivindicou a autoria da ação, supostamente realizada com uma granada antitanque de detonação programada, mas as autoridades descartaram a hipótese de atentado.
O Cáucaso tem sido palco de movimentos separatistas, conflitos étnico-religiosos e até mesmo guerras entre nações — como a cristã Armênia e o muçulmano Azerbaijão desde o fim da Guerra Fria e a dissolução da União Soviética, em 1991. Três anos mais tarde, a região russa da Chechênia viveu a primeira de duas guerras entre separatistas muçulmanos e as tropas federais. A instabilidade na região afeta interesses de escala global, uma vez que o Cáucaso abriga uma rede de oleodutos e gasodutos por onde é escoada para a Rússia e a Europa Central parte da produção de gás natural e petróleo das vastas reservas do Mar Cáspio — não apenas russas, mas também das ex-repúblicas soviéticas do Azerbaijão e do Cazaquistão.
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