´´Observe as tendências mas não Siga a maioria`` Thiago Prado


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terça-feira, 30 de março de 2010

Potências querem tirar dos desarmados até estilingue, diz brasileiro

Para Samuel Guimarães, caso do Irã pode repetir "manipulação ideológica" pré-invasão do Iraque

CLAUDIA ANTUNES

DA SUCURSAL DO RIO



O ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, disse ontem que os países "extraordinariamente armados" pretendem "desarmar os desarmados totalmente, até o último estilingue", e convencer o mundo de que são estes últimos os "perigosos e que oferecem grandes riscos à paz internacional".

Foi uma das referências indiretas à pressão das potências ocidentais sobre o programa nuclear do Irã, em palestra na Escola de Políticas Públicas do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio) na qual o ex-secretário-geral do Itamaraty falou sobre "as perspectivas do Brasil para o mundo de 2022".

Ele se referiu às negociações de defesa ao mencionar a criação de normas destinadas a "consagrar privilégios" como uma das tendências globais que o Brasil enfrentará.

Ao apresentar o ministro, o acadêmico Candido Mendes, reitor da universidade à qual o Iuperj é ligado, saudou o esforço brasileiro para "readmitir o Irã na comunidade internacional" e perguntou por que o país persa não pode ser potência nuclear "se Israel o é".

Guimarães não entrou nesse mérito, mas disse que a manutenção de privilégios no sistema internacional envolve uma "manipulação ideológica permanente", que segundo ele parte de universidades para organismos internacionais e a imprensa, e conseguiu, em 2003, "convencer" que o Iraque tinha armas de destruição em massa.

"Quem sabe não estamos diante de uma outra formulação do tipo, que se articula gradualmente?", perguntou.

Antes, ao lembrar que países hoje no Conselho de Segurança da ONU, como França e Reino Unido, já estavam em posição de poder no início do século 19, o ministro disse que "uma das características do sistema internacional é o racismo, a ideia de civilizações superiores e inferiores".

Disse que japoneses foram considerados "brancos honorários" para fazer negócios com a África do Sul do apartheid e comparou: "Fiquem sabendo os senhores que nós também somos brancos honorários. Mesmo aqueles aqui de pele mais alva".



América do Sul

Guimarães disse que a crescente disparidade econômica entre o Brasil e seus vizinhos da América do Sul, e a penetração de empresas brasileiras na região, onde o "capital estrangeiro, como sabemos, nem sempre é bem-vindo", exige que o país seja mais generoso.

"Será necessária uma política de grande audácia para reverter essa tendência, promover o desenvolvimento dos vizinhos e permitir o desenvolvimento equilibrado da região", disse, citando também a intensificação do ativismo indígena, desconfiado da exploração de recursos naturais.

Ele sugeriu a formação de um mercado único sul-americano, mas não "ao estilo neoliberal", no qual o Brasil continue a acumular superavit. Seria, disse, um esquema "em que o Brasil abra seu mercado, mas permita aos países menores proteger seu sistema econômico para poderem se desenvolver".

Guimarães disse ainda que o Brasil sofrerá "danos extraordinários" se cair na tentação de se intrometer na política interna dos vizinhos, movido por interesses econômicos. "Será necessário manter o princípio da não intervenção e da autodeterminação", afirmou.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Com setor bélico deficiente, Rússia compra armas

Por ANDREW E. KRAMER

MOSCOU - Até pouco tempo atrás, as exportações militares da Rússia perdiam em volume apenas para as dos EUA. Na Rússia de hoje, porém, a indústria de equipamentos militares, que movimenta US$ 40 bilhões, está encolhendo, ao lado do setor de manufatura civil. Armamentos russos antes legendários vêm sofrendo problemas constrangedores de controle de qualidade. Recentemente, por exemplo, a Argélia devolveu um carregamento de jatos MIG devido a defeitos nos aviões.
Uma reforma de porta-aviões encomendada pela Índia está com atraso de quatro anos e já superou seu orçamento previsto em centenas de milhões de dólares.
E, no que talvez seja o sinal mais claro de problemas, os próprios militares russos começaram a votar com seus rublos: Moscou está em negociações com a França para adquirir quatro navios de assalto anfíbios franceses.
A aquisição dos navios de classe Mistral será "o sinal mais evidente de deficiências na indústria de defesa russa", disse Dmitri Trenin, analista militar do Centro Carnegie Moscou, organização de pesquisas políticas.
Fora da Rússia, esse contrato potencial vem provocando preocupações geopolíticas. Críticos dizem que a França está prejudicando seus aliados europeus orientais da Otan, deixando o dinheiro falar mais alto.
Mas a oposição ao contrato tem sido quase tão feroz no interior da Rússia -e ela parte dos
defensores da indústria armamentista.
Ao mesmo tempo em que o setor manufatureiro militar encolheu para 4,28% do PIB no ano passado -contra 20% na época do comunismo-, as Forças Armadas russas continuaram a depender de fornecedores domésticos para praticamente todo o seu arsenal. Para alguns especialistas, o declínio começou com o fim da União Soviética. Quando a Rússia se tornou capitalista, afirmam, o mesmo aconteceu com sua indústria militar, privatizada de maneira aleatória.
Com o passar do tempo, isso afetou a qualidade. Grandes empresas que herdaram contratos de exportação com China, Índia e Oriente Médio lucraram com designs e componentes mais antigos, mas pouco fizeram no sentido de se modernizar.
O fim dos generosos orçamentos militares soviéticos foi outro fator que levou à paralisia nas fábricas de tanques e aviões. E muitos engenheiros emigraram, deixando uma força de trabalho que está perto de se aposentar.
Mais recentemente, o setor sofreu os efeitos de um problema econômico insidioso conhecido como a "doença holandesa" -quando um aumento da receita obtida com recursos naturais (no caso da Rússia, petróleo e gás natural) provoca a valorização da moeda de um país, encarecendo suas exportações.
Isso tem minado a competitividade dos exportadores de armas russas. O rublo se valorizou durante a maior parte da década, antes de mergulhar na crise. Mas já está voltando a se valorizar.
Mesmo com todos esses problemas, contudo, algumas empresas conseguiram abrir seu capital.
A United Aircraft, a empresa que reúne os fabricantes dos aviões de combate MIG e Sukhoi, tem capitalização de mercado de mais de US$ 2 bilhões, segundo a analista industrial Marina Alekseyenkova,
do banco de investimentos moscovita Renaissance Capital.
A pergunta é: será que Moscou vai comprar dessas empresas relativamente bem-sucedidas? Até agora, os gastos militares domésticos foram distribuídos pela gama inteira de fornecedores militares russos, para manter a ilusão de autossuficiência do país. Isso implicou no gasto de dinheiro com produtos de qualidade inferior, como os walkie-talkies fabricados na Rússia.
As vendas externas de armas russas caíram muito desde o início da crise global, em 2008,
segundo relatórios. Nesse ano, a Rússia vendeu US$ 3,5 bilhões em armas em todo o mundo, contra US$ 10,8 bilhões em 2007. Foi um valor muito inferior ao dos EUA, cujas empresas venderam armas no valor de US$ 37,8 bilhões nesse ano -68% das vendas globais de armas.
No mundo em desenvolvimento, onde a Rússia superou até os EUA em exportações militares em 2004 e 2006, sua participação teve uma queda imensa -de 25,2% de todas as transações em 2007 para 7,8% em 2008, o último ano para o qual há cifras disponíveis.
Enquanto se esforça para conservar seus clientes, a Rússia não pode se dar ao luxo de
continuar a investir em toda a enorme gama atual de armas produzidas no país, disse Trenin, do Centro Carnegie. Como mostram as negociações em torno do Mistral, a Rússia não tem outra opção senão tornar-se tanto vendedora quanto compradora.
"Como a Alemanha ou qualquer outro país, a Rússia vai competir e colaborar no bazar global de armas", disse Trenin.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Porque não se orgulhar do Brasil ? ( Leiam por favor )


Olá pessoal,hoje procurando um pedido feito na Cbox,entrei numa página e vi um texto que me chamou muito à atenção,uma escritora Holandesa falando sobre o nosso Brasil,que a maioria de nós achamos que é um lixo.Por favor tenham paciência e leiam tudo:

Realmente somos um país abençoado e uma terra de empreendedores, além de sermos o únicopaís do mundo onde se pode abastecer simultâneamente um carro com álcool, gasolina e gás.

Mas veja o que uma escritora holandesa falou do nosso Brasil:

Os brasileiros acham que o mundo todo presta, menos o Brasil. Realmente parece que é um vício falar mal do Brasil. Todo lugar tem seus pontos positivos e negativos, mas no exterior eles maximizam os positivos, enquanto no Brasil se maximizam os negativos. Aqui na Holanda, os resultados das eleições demoram horrores porque não há nada automatizado.

Só existe uma companhia telefônica e pasmem: se você ligar reclamando do serviço, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado.

Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém tem o hábito de enrolar o sanduíche em um guardanapo – ou de lavar as mãos antes de comer. Nas padarias, feiras e açougues europeus, os atendentes recebem o dinheiro e com a mesma mão suja entregam o pão ou a carne.

Em Londres, existe um lugar famosíssimo que vende batatas fritas enroladas em folhas de jornal – e tem fila na porta.

Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir mesa de não-fumante, o garçom ri na sua cara, porque não existe. Fumam até em elevador.

Em Paris, os garçons são conhecidos por seu mau humor e grosseria e qualquer garçom de botequim no Brasil podia ir pra lá dar aulas de “Como conquistar o cliente”.

Você sabe como as grandes potências fazem para destruir um povo? Impõem suas crenças e cultura. Se você parar para observar, em todo filme dos EUA a bandeira nacional aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos.

Vocês (brasileiros) têm uma língua que, apesar de não se parecer quase nada com a língua portuguesa, é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de software a chamam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros através da língua portuguesa.

Os brasileiros são vítimas de vários crimes contra a pátria, crenças, cultura, língua, etc…Os brasileiros mais esclarecidos sabem que tem muitas razões para resgatar suas raízes culturais.

Os dados são da Antropos Consulting:

1 – O Brasil é o país que tem tido o maior sucesso no combate a AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis, e vem sendo exemplo mundial;

2 – O Brasil é o único país do hemisfério Sul a participar do projeto Genoma;

3 – Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária;

4 – Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações. O modelo chamado chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em xeque a credibilidade do processo.

5 – Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado na América Latina;

6 – No Brasil, há 14 fábricas de automóveis instaladas e outras 4 em construção, enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma;

7 – Das crianças e adolescentes entre 7 e 14 anos, 97,3% estão estudando;

8 – O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo, com 650 mil novas habilitações a cada mês;

9 – Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado de qualidade ISO 9000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México, são apenas 300 empresas e 265 na Argentina;

10 – O Brasil é o segundo maior mercado de jatos e helicópteros executivos. Porque vocês (brasileiros) têm esse vício de falar mal do Brasil?

11 – Por que não se orgulham em dizer que o mercado editorial de livros é maior que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano?

12 – Que tem o mais moderno sistema bancário do planeta?

13 – Que suas agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais?

14 – Por que não falam que são o país mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários?

15 – Por que não dizem que são hoje a terceira maior democracia do mundo?

16 – Que apesar de todas as mazelas, o Congresso Nacional está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?

17 – Por que não se lembram que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços para atende-los bem?

Por que não se orgulham de ser um povo que faz piada da própria desgraça e que enfrenta os desgostos sambando.

É! O Brasil é um país abençoado de fato. Bendito este povo, que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos. Bendito este povo, que sabe entender todos os sotaques. Bendito este povo, que oferece todos os tipos de climas para contentar toda gente. Bendita seja, querida pátria chamada Brasil!

Bron: Staatsblad Nederland ( Januari 2010 )

ou

Fonte :Jornal Gazeta de Holanda ( Janeiro de 2010 )

OBS: desculpem se o português ficou ruim,foi porque eu usei o Google tradutor para traduzir do Holandês para o Português.

E agora o que você pensa sobre o nosso país ?

segunda-feira, 15 de março de 2010

Presidente do CNPq preocupado com baixo número de engenheiros

O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, revelou preocupação com a pequena quantidade de estudantes que terminam os cursos de Engenharia no país, por ano. Ele alertou, durante a aula inaugural do Programa de Planejamento Energético (PPE) da Coppe–UFRJ, sexta-feira (12/03), que o número de novos engenheiros ficou em 4,28% do total de formados no nível superior em 2007, em contraste com os 29% para a mesma área na Coreia do Sul.

Estatísticas de fato deram o tom da palestra “O CNPq e a pesquisa no Brasil: desafios e realizações”. Carvalho Filho, que também é professor do Instituto de Física da UFRJ, lembrou que seis em cada 10 estudantes de Engenharia nas universidades públicas não terminam o curso. Em universidades particulares, o número pode chegar a 75%. Segundo ele, o motivo é a baixa qualidade da educação fundamental e média. Na Rússia, na Índia e na China, que ao lado do Brasil destacam-se no cenário mundial pela ascensão rápida das economias em desenvolvimento (Bric), são formados 190 mil, 220 mil e 650 mil engenheiros por ano, respectivamente. Em 2007, o Brasil formou apenas 30 mil engenheiros.

A relação entre o CNPq e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) — as duas maiores agências de fomento à pesquisa no Brasil — também foi tratada por Carvalho Filho, que tomou posse em 27 de janeiro, no lugar de Marco Antonio Zago. Ele anunciou que será criada uma portaria conjunta do CNPq e da Capes que permitirá que o bolsista de mestrado e doutorado complemente a renda até o dobro do valor da bolsa com atividades extras, como a docência.

Quanto às realizações, Carvalho Filho deu destaque ao fato de o CNPq ter sido um dos principais motores para colocar o Brasil em 13º lugar no ranking mundial de publicações científicas, com cerca de 2% de tudo que é divulgado. A partir da década de 1970 a produção científica no Brasil cresceu quatro vezes mais que a dos outros países, inclusive os desenvolvidos.

O presidente da primeira instituição de fomento à pesquisa, fundada em 1951 (também ano do nascimento dele), encerrou o evento afirmando que espera “não acabar seus dias achando que o Brasil é o país do futuro” e que quer ver um brasileiro ganhar o Nobel de Física.

América do Sul dá salto em compra de armas

As compras de armas pela América do Sul cresceram 150% nos últimos cinco anos na comparação com o período entre 2000 e 2004, enquanto no mundo o aumento foi de 22%, mostram dados apresentados hoje pelo Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo (Sipri).

O salto é maior do que o de qualquer outra parte do planeta. Ainda que as aquisições sul-americanas continuem sendo uma parcela menor do total global, o instituto mostra preocupação com o rápido crescimento e com o que que vê como "indícios claros de comportamento competitivo" -um país reagindo à compra por outro.

Tensões fronteiriças históricas ou recentes não são o único fator a pesar para essa aceleração. "O Brasil em particular tem ligado desenvolvimento com a ideia de que é preciso adquirir uma força militar mais moderna para se tornar uma potência global, como o presidente Lula tem enfatizado nos últimos anos", disse por telefone Mark Bromley, especialista do Sipri na região.

Os dados, detalhados à Folha antecipadamente, tomam como base as encomendas de armas convencionais pesadas que foram entregues (e não apenas solicitadas) para cada país, o que cria expectativa de que o avanço persista.

O Brasil foi o terceiro comprador de armas da região e o 30º do planeta no período em foco, atrás do Chile (rival histórico do Peru e 13º comprador global) e da Venezuela (o 17º, constantemente em tensão com a Colômbia desde que Hugo Chávez e Álvaro Uribe chegaram ao poder em Caracas e Bogotá). Em seguida vêm exatamente Peru e Colômbia.

No quinquênio anterior, o país era o maior comprador da América do Sul e o 24º do mundo. Mas isso não significa que se gastou menos. Apenas que outros governos transformaram palavras em atos, e que tensões domésticas no sudeste da Ásia, em países como Malásia e Indonésia, catapultaram essa parte do mundo para um lugar mais alto da lista.

"As importações [de armas] pelo Brasil se mantiveram estáveis nos últimos dez anos, mas o volume global subiu", afirmou Bromley. Apesar do avanço dos vizinhos, nenhum deles manteve trajetória tão perene quanto a brasileira.

"Com as encomendas que o Brasil tem feito mais recentemente [como os caças do projeto FX-2, que renovará a frota da FAB], é provável que o país suba no próximo ranking", afirma o especialista.


Falta de confiança

O pesquisador aponta ainda para a necessidade de maior transparência nas transações de Defesa no subcontinente ("o histórico da América Latina aí ainda é volúvel") e de medidas que reforcem a tíbia confiança entre governos.

Ele ressalta, no entanto, que parte desse salto se deve ao fato de as compras terem ficado praticamente congeladas na região nos anos 80 e 90.

No bolo global, a fatia sul-americana ainda é pequena -a América, EUA inclusos, adquiriu só 11% dos novos armamentos nesse intervalo. A Ásia e a Oceania, líderes, compraram 41% (a entidade não dividiu a tabela por sub-região, nem forneceu dados suficientes para o cálculo).

A lista é encabeçada pela China, que tem gradualmente renovado seu arsenal para se equiparar a outras potências e recebeu 9% das armas do planeta. Em seguida vêm países com questões de fronteira como Índia, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos e Grécia. Israel é o sexto, e os EUA, com o poder bélico há muito consolidado, são os oitavos. O Irã é o 29º, e a Rússia, a 80ª.

De todas as entregas no período, 27% foram de aeronaves militares. Os americanos continuam sendo os principais vendedores de armas, com 30% da oferta mundial, seguidos pela Rússia (23%). A China é apenas o nono, mas os pesquisadores chamam atenção para seu papel ascendente.

domingo, 14 de março de 2010

+Autores: O valor de um canhão

A pedido do vice-presidente do Paraguai, Federico Franco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a decisão de devolver àquele país o canhão "Cristão", fabricado pelos paraguaios a partir de sinos de igrejas, no curso da guerra com a Tríplice Aliança, formada pelo Brasil, a Argentina e o Uruguai, entre 1864 e 1870.

A medida foi aplaudida pelo presidente do Clube Militar [general Gilberto Barbosa de Figueiredo], afirmando que "normalmente não se devolve troféu de guerra, mas o povo paraguaio merece; é um ato de grandeza".

Aplausos, com um pequeno adendo: mais do que um ato de grandeza, a devolução é um ato de justiça.

"Guerra brasileira"

A Guerra do Paraguai foi o fato mais relevante da história latino-americana, na segunda metade do século 19. A luta contra aquele país, liderado por Francisco Solano López, que a princípio reuniu os três países citados, passou a ser, cada vez mais, uma "guerra brasileira", seja pelos efetivos militares envolvidos, seja por sua repercussão interna.

O episódio tem também muito interesse pelas controvérsias historiográficas que gerou. Até anos recentes, Solano López era considerado, no Paraguai, um herói nacional; no Brasil, foi pintado como um tirano sanguinário, que tivemos de esmagar, apesar de nossa vocação pacifista.

Nem tão herói assim

Essas visões mudaram nos dois lados, pois, se Solano continua a ser um herói da pátria para a maioria do povo paraguaio, vários historiadores daquele país promoveram a revisão para baixo de sua figura. Quanto ao Brasil, a Guerra do Paraguai foi descrita e analisada, por muitas décadas, a partir de uma versão patrioteira.

Qualquer outra versão era considerada impatriótica e implicitamente perigosa. Uma reviravolta ocorreu a partir dos anos 1960 do século passado, no âmbito da voga do nacionalismo anti-imperialista, nos meios intelectuais da América Latina. Um dos pontos centrais da revisão diz respeito às causas da guerra, atribuída às maquinações do imperialismo britânico.

Um livro típico daquela época, "Genocídio Americano - A Guerra do Paraguai", do jornalista Julio José Chiavenato (1979, ed. Moderna, esgotado), teve imenso sucesso nas escolas brasileiras, incorporando a versão conspirativa.

Segundo o autor, ao destruir o Paraguai, o imperialismo inglês manteve o status quo na América meridional e impediu a ascensão de seu único Estado economicamente livre.

Hoje, a tese conspirativa está desacreditada, graças aos trabalhos de Francisco Doratioto, baseado em fontes brasileiras e paraguaias ("Maldita Guerra", 2002, Cia. das Letras), e de outros historiadores, como Ricardo Salles ["Guerra do Paraguai - Escravidão e Cidadania na Formação do Exército", Paz e Terra] e Vitor Izecksohn ["O Cerne da Discórdia - A Guerra do Paraguai e o Núcleo Profissional do Exército", E-Papers].

Na verdade, aos ingleses interessava acima de tudo a estabilidade da região, como garantia de seus bons negócios, e não um conflito. É certo, que após estourar a guerra, bancos ingleses financiaram o Brasil, agravando aliás o problema de nossa dívida pública, mas isso é outra história. O conflito teve causas locais, embora nem sempre fáceis de discernir.

Morticínios

De um lado, Solano López, que instaurara no Paraguai uma ditadura férrea e convertera o país numa grande fazenda pertencente ao Estado, pretendia romper o relativo isolamento paraguaio e abrir caminho para uma presença maior na bacia do [rio da] Prata.

De outro lado, as pretensões paraguaias eram tidas como francamente expansionistas e vistas com suspeita pelos países da Tríplice Aliança. Se López não era um herói precursor do anti-imperialismo, o Brasil liberal, mas escravista, não ficava em boa posição na luta contra o ditador.

Além disso, ao longo do conflito, as forças brasileiras perpetraram uma série de morticínios, assim como o saque de Assunção, quando a capital paraguaia foi ocupada, em janeiro de 1869. O que não quer dizer que as ações paraguaias não se caracterizassem também por muitas barbaridades. No terreno dos números, há uma total incerteza quanto às mortes do lado do Paraguai, variando as cifras entre 9% e 69% da população!

O Brasil enviou para a guerra cerca de 139 mil homens, dos quais uns 50 mil morreram nos combates ou foram vítimas de doenças.

Os contingentes incluíram, além do Exército, os "voluntários da pátria" -na verdade, gente enviada à força para a frente de combate, entre eles escravos que substituíram filhos da elite. Para qualificar o conflito numa frase, lembremos uma carta escrita pelo barão de Cotegipe para o barão de Penedo, em maio de 1866. Nela, há um trecho eloquente, lembrado por Doratioto: "Maldita guerra, atrasa-nos meio século!".

De fato, a guerra não nos atrasou meio século, como pensava o provecto barão, mas certamente mereceu o qualificativo de maldita.

BORIS FAUSTO é historiador e preside o Conselho Acadêmico do Gacint (Grupo de Análise da Conjuntura Internacional), da USP. É autor de "A Revolução de 30" (Companhia das Letras).

segunda-feira, 8 de março de 2010

Gestão Nixon mencionou divergências com Brasil

Análise confidencial apontou, nos anos 70, empecilhos para "relação especial" com país

Alguns temas em desacordo na época, como energia nuclear, foram tratados por Hillary Clinton na semana passada, em visita ao Brasil

CLAUDIA ANTUNES

DA SUCURSAL DO RIO

Análise confidencial sobre o "poder e o prestígio internacionais" do Brasil encomendada pelo governo de Richard Nixon (1969-1974) dizia que o estabelecimento de um "relacionamento especial" entre os dois países seria difícil -e mencionava pontos de divergência também tratados na visita da secretária de Estado Hillary Clinton, na semana passada.

A possibilidade de uma relação especial e sua natureza voltaram a ser discutidas em círculos da política externa americana, a partir do aumento do peso brasileiro no continente.

No início dos anos 70, a conclusão da análise desagradou Henry Kissinger, assessor de Segurança Nacional de Nixon e defensor da aliança preferencial com o Brasil. O documento apontava como empecilhos o "desejo brasileiro de obter status de grande potência", divergências sobre economia, desarme e energia nuclear e o risco de desagradar países da região.

"O Brasil gostaria de compartilhar nossa influência única no hemisfério, mas nem os EUA nem os vizinhos latino-americanos parecem dispostos a fazer essa concessão", dizia o texto. O documento, obtido pelo historiador Carlos Fico, da UFRJ, na pesquisa para seu livro "O Grande Irmão" (2008), integra informe mais amplo determinado por Kissinger. A íntegra será divulgada no site do Grupo de Estudos sobre a Ditadura da universidade.

Contexto histórico

Fico ressalta as diferenças de contexto. Na época, por exemplo, o regime militar não havia aderido ao TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear), o que o Brasil fez em 1997. "Mas a grande diferença é que o Brasil hoje tem importância efetiva nas negociações globais."

Para o historiador, Kissinger pretendia uma "simulação" de relação especial, sobretudo para obter apoio contra o socialista Salvador Allende no Chile.

Shannon O"Neil, pesquisadora do Brasil no Council on Foreign Relations (Washington), ajuda a situar o documento: "Kissinger tinha essa ideia de que escolher um parceiro regional resolveria tudo, o que não cabe mais num mundo que ruma à multipolaridade".

Mas o documento mostra que o tema da "relação especial" é tão antigo quanto a embaixada brasileira em Washington, inaugurada pelo chanceler Rio Branco (1902-1912) e uma das primeiras a se instalarem na capital americana.

O texto adota tom condescendente tanto diante de iniciativas brasileiras de aproximação quanto em relação à cultivada autonomia da política externa nacional.

O interesse americano se tornou mais concreto na Segunda Guerra, quando os EUA tiveram bases no Nordeste. O país foi o único latino-americano a mandar tropas à Europa, mas o movimento foi seguido de decepção pela ausência de um equivalente no continente ao Plano Marshall.

Ditadura

Com o apoio dos EUA ao golpe militar, o governo Castelo Branco (1964-1967) foi francamente pró-EUA, mas fricções posteriores foram agravadas pela relutância dos EUA em fornecer armas e tecnologia nuclear ao Brasil.

No governo Ernesto Geisel (1974-1979), o Acordo Militar de 1952 foi denunciado e reforçado o programa militar secreto pelo qual o Brasil adquiriu o domínio do ciclo de enriquecimento de urânio.

O Memorando de Entendimento assinado em 1976, prevendo consultas mútuas regulares -semelhante ao "diálogo de parceria global" acertado agora na visita de Hillary- caiu logo em desuso.

Mesmo com a aproximação que se seguiu à democratização brasileira, os EUA mantiveram a expectativa de um relacionamento que daria ao país posição subordinada.

Matias Spektor, autor de "Kissinger e o Brasil" e professor da FGV-Rio, diz que o Brasil sempre oscilou entre três estratégias para lidar com a superpotência: o alinhamento automático, raro; o distanciamento, baseado na tese de que estar fora do foco americano dá mais espaço ao país; e o balanceamento "soft", com a diversificação das relações exteriores brasileiras, modelo atual.

As três se esgotaram, avalia Spektor. "As alianças Sul-Sul só em parte satisfazem nosso interesse. Há um modelo novo a ser feito."

Jungmann: política de defesa não é uma questão de governo, mas de Estado

Presidente da Frente Parlamentar da Defesa Nacional, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) reforça a ideia de que a estratégia de Defesa Nacional deve ser uma política de Estado e não de governos. Mesmo considerado um crítico da política adotada para o setor pelo atual governo, o deputado garante que sua disposição é ajudar a fazer com que o Brasil possa ter um sistema à altura daquilo que precisa proteger, como a região amazônica e toda a extensão continental do País. Para Jungmann, o grande gargalo da defesa nacional está na questão orçamentária e na insistência dos governos em tomar decisões pelo setor quando elas deveriam ficar a cargo das Forças Armadas. Deputado federal em segundo mandato, Jungmann é autor de um projeto que prevê a elaboração do Livro Branco de Defesa Nacional, um documento com dados estratégicos, orçamentários, institucionais e materiais sobre as Forças Armadas, que seja submetido ao Congresso de quatro em quatro anos.


Qual a estratégia da frente para envolver o Congresso Nacional nas questões da política de defesa?

Insistimos muito junto ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, para que o Congresso Nacional seja consultado sobre as questões da área, notadamente agora sobre a compra de 36 aviões caças para a Força Aérea Brasileira (FAB). Não aceito que o governo Lula decida sobre a compra dos caças Rafale, da empresa francesa Dassault, porque isso compete à Aeronáutica, que sabe o que é melhor para o setor. A boa notícia é que o ministro Jobim concordou com nossa proposta de que a Estratégia Nacional de Defesa seja aprovada pelo Congresso Nacional e revisada de quatro em quatro anos, no meio do mandato do Presidente da República. Atualmente, a formatação desse plano é de responsabilidade exclusiva do Executivo.


Com isso, o que muda na relação entre Legislativo e Executivo sobre a área de defesa?

A Frente Parlamentar da Defesa Nacional teve participação fundamental nesse diálogo. Com essa medida, o mais importante é a ampliação da responsabilidade do Congresso Nacional neste tema, justamente em um momento que o Brasil ganha maior peso no cenário internacional. Além disso, ela cria a cultura de que a política de defesa não é uma questão de governo, mas de Estado, além de promover a democratização desse debate. Hoje, a responsabilidade é do presidente, que é eleito por uma parcela da população, e, a partir de agora, essa missão caberá ao Congresso, que representa a sociedade como um todo.


Quais são os objetivos do projeto sobre Livro Branco da Defesa Nacional?

O Livro Branco da Defesa Nacional, previsto no Projeto de Lei Complementar (PLP) 547/09, que apresentei, deverá conter dados estratégicos, orçamentários, institucionais e materiais sobre as Forças Armadas e abordará assuntos como operações de paz e ajuda humanitária. Os livros brancos são produtos históricos de regimes democráticos, documentos de caráter público e de fundamental importância para um país, pois oferecem a visão do governo a respeito da defesa nacional. Pelo projeto, o documento deve ser submetido à apreciação do Congresso, de quatro em quatro anos, a partir de 2012.


Essa medida reforçaria a participação do Congresso Nacional nas questões de defesa?

Se aprovado o projeto, o Congresso passará a participar ativamente da política de defesa, fortalecendo a transparência na tomada de decisões e o debate sobre assuntos de interesse nacional. O livro branco não representará um documento a ser redigido anualmente ou a cada dois anos, mas servirá para oferecer uma perspectiva que permita um orçamento e um planejamento plurianual da Defesa Nacional. Esse, aliás, é um assunto que está há algum tempo nas agendas de discussão da ONU e da OEA, que em suas reuniões já destacaram a importância do documento. Países como Argentina, Chile, Canadá, Guatemala, Nicarágua e Peru já implantaram os seus livros brancos.

Fonte: Jornal da Câmara

Militares perdem força na Turquia

A era dos golpes militares na Turquia parece ter ficado no passado depois do desmantelamento de uma suposta conspiração envolvendo oficiais do Exército que foram presos nas últimas semanas. A ação acontece um ano depois de as Forças Armadas terem fracassado na tentativa de banir da política o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, na sigla em turco). Ao mesmo tempo, alguns questionam se o enfraquecimento dos generais não significa, na verdade, o fim da república laica instalada em 1923 por Mustafá Kemal Ataturk, depois do colapso do Império Otomano, no fim da 1ª. Guerra.

Analistas afirmam não haver mais espaço para os militares derrubarem governos quando se considerarem insatisfeitos, como ocorreu uma série de vezes no passado, sendo a última em 1997. "Ainda é cedo para dizer se as prisões solidificarão as atitudes dos oficiais mais radicais ou se a era dos golpes acabou", afirmou em análise Henri Barkey, do Carnegie Institute for International Peace, em Washington. "Todos os sinais apontam para a segunda opção."

Para Mumtazer Turkone, analista do diário Today''s Zaman, de Istambul, os militares perderam a sua força decisiva na política. "Mas os militares não terão a capacidade de derrubar um governo no futuro? Sim, eles ainda têm a capacidade", diz, mas seriam necessários "oficiais loucos". "Ainda que existam alguns, os normais não permitirão uma aventura dessa."

A sociedade turca se divide atualmente em dois grupos. O primeiro, que apoia o governo, é composto por uma classe média emergente de muçulmanos mais conservadores, que inclui o premiê Recep Tayyip Erdogan e o presidente Abdullag Gul. Ambos são do AKP e religiosos, com suas mulheres cobrindo a cabeça com o hijab. Também integram essa coalizão intelectuais liberais e as camadas mais baixas da população, do interior, que foram favorecidas com o crescimento econômico dos últimos anos ? interrompido depois da crise financeira internacional.

Do outro lado, estão as Forças Armadas e a burocracia do Estado que eram a base de sustentação tradicional dos seguidores de Ataturk, que secularizou o país, adotando inclusive o alfabeto latino para substituir o árabe e proibindo o uso de hijab em universidades e instituições públicas.

ELITE

Entre os dois lados, está a elite ocidentalizada de Istambul. Eles admiram os avanços econômicos de Erdogan e as suas iniciativas para integrar a União Europeia. Tampouco concordam com os métodos não-democráticos do Exército. Ao mesmo tempo, os sofisticados moradores de bairros como Nisantasi têm arrepios quando veem mulheres cobertas circulando pelas lojas e restaurantes desta espécie de Jardins de Istambul.

Mustafá Akyol, do diário turco Hurryet, disse em artigo que "o Exército, como em muitas outras instituições, possui uma ala mais radical, mas a maioria de seus membros é moderada". Para Akyol, nenhum deles é fã da irtica (palavra usada para explicar o atraso dos religiosos muçulmanos na avaliação deles, como cobrir a cabeça). "Mas os moderados farão o possível para salvar o país e afastar os radicais", acrescenta.

Desta forma, hoje, as próprias Forças Armadas demonstram vontade de se reformar, eliminando o passado golpista, em uma forma similar como o que ocorreu em países da América Latina, como o Chile. O pensamento destes oficiais, aos poucos, se aproxima do da elite ocidental de Istambul, tendo como problema apenas o caráter religioso do AKP, que tenta exibir uma imagem mais próxima do Partido Democrata Cristão, da Alemanha do que do Hamas palestino ou da argelina Frente Islâmica de Salvação.

O partido de Erdogan se assemelha em alguns pontos ao PT, adotando uma política econômica conservadora, mas buscando uma política externa independente dos EUA.

Como o Brasil, pretende votar contra uma resolução com novas sanções ao Irã no Conselho de Segurança da ONU. O único ponto de concordância total do AKP com a ala mais radical dos militares se refere ao genocídio armênio ? todos negam que tenha ocorrido e dizem que as mortes foram consequência da guerra.

sábado, 6 de março de 2010

Após a eleição de Obama, cresce o extremismo dentro dos EUA

NOVA YORK. Os EUA estão vivendo um surto de ódio com o aumento de grupos extremistas e de milícias que orientam-se pela raiva diante da crise econômica, pela hostilidade às políticas de Washington, pelo ódio racial e pela crescente propagação de teorias conspiratórias contra o predomínio americano e a "instalação do socialismo no coração da América". Este é o resultado de um relatório divulgado hoje pelo Southern Poverty Law Center (SPLC), um dos grupos mais proeminentes de defesa dos direitos civis nos EUA, que acompanha exatamente o crescimento de "grupos patrióticos com ação discriminatória".

Segundo o relatório, houve aumento de 250%, com mais de 500 grupos pregando o racismo e pedindo livre porte de armas. Os racistas do tipo skinheads são o grupo que mais aumentou entre americanos, especialmente nos estados do sul dos EUA, com destaque para o Texas, a Geórgia e para a Carolina do Sul.

Teorias conspiratórias falam de complô mundial

De acordo com o documento, houve aumento também expressivo no número de sites que protestam contra o governo, fazendo sátiras com a figura de Obama, e que pregam o ódio contra negros, de forma violenta. Nesses sites, teorias conspiratórias falam de um "complô mundial" para impor o socialismo e aumentar o tamanho do estado em detrimento das liberdades individuais e dos direitos dos brancos. Há também convocações para grande manifestação pública em Washington no mês de abril em defesa da liberação total do porte de armas.

Obama aparece com a cara do Coringa do filme "Batman" e seu governo aparece como parte de um "Evil Empire". Esses grupos estão promovendo comícios em que os protestos contra Obama aparecem em cartazes dizendo que "a árvore da liberdade precisa ser regada com o sangue de tiranos".

- Os sinais de radicalização política estão produzindo números impressionantes no aumento dos grupos que pregam o divisionismo e o ódio. Registramos mais de 136 novos grupos contra imigrantes, incluindo milícias que andam armadas. Se somarmos os grupos racistas, ou de defesa da supremacia branca, com as chamadas "milícias patrióticas", que são organizações que pregam ódio contra imigrantes em geral, teremos um total de 926 novos grupos apenas em 2009, espalhados por 28 estados americanos. É um aumento alarmante, especialmente quando se leva em conta que a insatisfação é alimentada neste momento pela crise econômica - avalia Mark Potoc, do SPLC.

O pesquisador acrescenta que as teorias conspiratórias estão sendo também espalhadas por programas de rádios conservadores, que replicam o tom inflamado de locutores conhecidos nacionalmente como Rush Limbaugh, apresentador do Rush Limbaugh Show, um dos programas de maior audiência do rádio nos EUA, veiculado na Premiere Radio Networks, e de Glenn Beck, um dos principais locutores da Fox News, a maior emissora de TV conservadora nos EUA. Ao grupo juntou-se recentemente Lou Dobbs, ex-apresentador da CNN, que atualmente tem também um programa de rádio de protesto contra imigrantes.