14/07/2010
Mundo
Itália
Mais de 300 pessoas foram detidas ontem em uma ofensiva da polícia italiana contra a máfia calabresa, tanto em seus redutos originais, no sul, quando no próspero norte, “pulmão econômico” da ’Ndrangheta. A operação, de amplitude inédita desde 1995, contou com 3 mil policiais e permitiu a prisão de Domenico Oppedisano, 80 anos, considerado o número 1 da ’Ndrangheta.
“Trata-se da mais importante operação conduzida nesses últimos anos contra a ’Ndrangheta, atingida no coração de seu sistema, tanto no aspecto da organização quanto do patrimônio”, elogiou o ministro do Interior, Roberto Maroni. Os resultados foram apresentados pelo principal procurador antimáfia, Pietro Grasso, ao lado da colega Ilda Boccasini. De acordo com outro promotor, Alberto Cisterna, as prisões “confirmam que o norte da Itália é o verdadeiro centro de operações da ’Ndrangheta”.
Os mafiosos foram acusados de formação de quadrilha, assassinato, extorsão, detenção e tráfico de armas. Além das prisões em massa, a polícia apreendeu mercadorias, armas e drogas, informou a agência italiana Ansa. Entre os detidos estão o chefão da organização na Lombardia e vários empresários da saúde, além do responsável pelo setor na Prefeitura de Pavia. Para o especialista em máfia Lirio Abbate, jornalista da revista L’Espresso, a demostrou que a máfia calabresa tem “o poder de contaminar administrações municipais”.
Nas últimas décadas, a ’Ndrangheta tornou-se a maior e a mais perigosa das quatro organizações criminosas da Itália — a Camorra, na região de Nápoles, a Cosa Nostra, na Sicília, e a Sacra Corona Unita, a menor delas, em Puglia (sudeste). A máfia calabresa é a mais poderosa, com patrimônio avaliado em 44 bilhões de euros (R$ 98,2 bilhões), proveniente principalmente do narcotráfico e do comércio ilegal de armas, de acordo com o instituto especializado italiano Eurispes.
Em outras duas operação distintas, realizadas na segunda-feira, foram apreendidos bens no valor de 1,3 bilhão de euros (R$ 2,9 bilhões) pertencentes à ’Ndrangheta e à Camorra.
Contra a “mordaça”
A Organização das Nações Unidas (ONU) considera que a “lei da mordaça”, que limita o uso de escutas telefônicas pela imprensa na Itália, “ameaça a liberdade de expressão”. “Sei que o projeto de lei foi introduzido em razão das preocupações com a publicação de informes obtidos por escutas. Entretanto, na forma atual ele não constitui uma resposta adaptada a essas preocupações”, disse o especialista da ONU em direito à expressão, Frank La Rue. Ele pediu ao premiê Silvio Berlusconi que abandone o projeto, que já passou pelo Senado mas depende de aprovação pela Câmara. O chanceler italiano, Franco Frattini, se disse “desconcertado e surpreso” com a posição da ONU. “Em todos os países democráticos, o Parlamento é soberano e decide”, argumentou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário