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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Pentágono enfrenta lobby armamentista para cortar gastos

19/07/2010

Internacional
De São Paulo

Pressionado pela Casa Branca para cortar gastos, o Departamento de Defesa dos EUA está tendo de enfrentar uma ofensiva da indústria militar americana. Lobistas de empreiteiras e fornecedoras de material bélico do país acusam o governo de estar travando uma "guerra ao lucro".

Em junho, o Departamento de Defesa exigiu que o Pentágono (comando militar americano) começasse a cortar gastos e renegociasse contratos com os fornecedores. O secretário de Defesa, Robert Gates, disse que o objetivo era economizar US$ 100 bilhões em cinco anos. "É uma questão de princípio. A realidade política exige que demos conta de cada dólar do contribuinte que é gasto", disse ele.

O Instituto Lexington, um think-tank conservador baseado em Washington, disse que os cortes de custos seriam direcionados exatamente para as áreas que respondem pela maior parte dos lucros das empresas de material bélico. Usando as conclusões do instituto, lobistas do setor bélico disseminaram na capital americana a versão de que o Departamento de Estado estaria em meio a uma "guerra ao lucro".

Eles teriam aventado também que isso seria perigoso num momento em que as Forças Armadas estão engajadas em dois conflitos importantes no exterior: no Iraque e no Afeganistão.

"Não estamos em meio a uma guerra aos lucros", respondeu Brett Lambert, diretor de política industrial do Pentágono. "Não é uma guerra aos empreiteiros. O que estamos tentando é tornar nosso sistema mais eficiente. E você não se torna mais eficiente só cortando as margens de lucro."

Executivos de empresas de defesa importantes, tais como Lockheed Martin, Boeing, Northrop Grumman, General Dynamics e BAE Systems, já foram convocados pelo governo para renegociar contratos.

Em uma das reações mais radicais da indústria de defesa, a Northrop Grumman, uma das maiores fornecedoras da Marinha, disse que pretende fechar um de seus sete estaleiros e que pode vender toda a sua operação naval. Seria uma das maiores viradas estratégicas da indústria.

"Nas prioridades de longo prazo da empresa, estamos vendo pouca ou nenhuma sinergia entre a construção naval e nossos outros empreendimentos", disse o CEO da empresa, Wes Bush.

O estaleiro fechado servia exclusivamente para a construção de corvetas para a Marinha - área severamente afetada pelos cortes de compras militares.

Analistas dizem que a empresa deve se voltar para áreas da indústria de defesa que possam ser mais atrativas para a exportação.

O Pentágono gasta US$ 400 bilhões em produtos e serviços de um orçamento de cerca de US$ 700 bilhões por ano, segundo dados oficiais. O que as autoridades estão tentando fazer é mudar os contratos para que tenham preços fixos, adaptar serviços e programas para que possam ser usados por mais de um sistema de armas e incentivar a concorrência.

As propostas do governo são de cortes e remanejamentos para chegar a uma economia de 3% a 5% do orçamento ao ano.

"Não se trata de reduzir o lucro. Trata-se de reduzir os custos", disse o diretor do Departamento de Compras do Pentágono, Ashton Carter. Ele salientou que os lucros "podem ser alcançados nos contratos de preço fixo" e por "um bom desempenho". E acrescentou que o Pentágono quer usar o lucro como um incentivo para a produtividade na indústria de defesa.

(Com agências internacionais)

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