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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Itália põe mercado nacional de defesa na alça de mira

Principal conglomerado industrial italiano desembarca no Brasil, mas terá de enfrentar predominância francesa no segmento
Marcelo Cabral, de Roma

Uma guerra fria promete esquentar a disputa pela segurança das terras, mares e céus do Brasil. Tradicional cliente dos Estados Unidos quando o assunto é a compra de materiais militares, o país assistiu nos últimos anos à gradativa substituição da influência americana pela francesa na área. Mas agora um novo competidor está chegando à batalha. Trata-se da Itália. O grupo Finmeccanica – maior conglomerado industrial italiano, que concentra a parte de leão do segmento de Defesa do país europeu – está se preparando para investir pesado por aqui, com a abertura de uma unidade em Brasília. O foco é o crescente mercado militar nacional, que vem se reerguendo após décadas de estagnação e falta de investimento. “O Brasil tema necessidade e a Itália tem a tecnologia”, resume Pier Francesco Guarguaglini,CEO do grupo.
“O Brasil representa uma grande oportunidade. É um país que está crescendo muito, tem ganhado projeção política internacional e ainda não possui uma indústria de Defesa muito grande. Isso é tanto uma chance para nós fazermos negócios quanto para o país desenvolver esse segmento”, analisa Paolo Pozzessere, vice-presidente de vendas. “Além disso, é claro, é um dos mercados de onde a concorrência americana se afastou, o que para nós é fantástico”, brinca.

Oportunidade
A brecha para o interesse italiano surgiu em abril, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi assinaram, em Washington, um acordo de cooperação entre os países, que prevê a possibilidade de diversos negócios na área de Defesa. Um dos campos considerados mais promissores é o naval, pois o Brasil deverá comprar cerca de 20 navios de grande emédio porte para reforçar o patrulhamento dos campos petrolíferos do pré-sal e criar uma nova esquadra sediada no norte do país. Ao longo dos anos, o negócio deve superar os US$ 5 bilhões. “Temos muita experiência emsuprirmaterial para as marinhas da região”, diz o vice-presidente. Através de sua subsidiária Telespazio, o grupo também está oferecendo sua constelação de satélites Cosmo- SkyMed para uso no patrulhamento da Amazônia Azul, nome dado pela Marinha para as 200 milhas navais da zona econômica exclusiva do Brasil. No setor aéreo, os negócios estão ainda mais adiantados para a venda de 24 a 36 jatos de treinamento M-346 para a ForçaAérea Brasileira (FAB) por cerca deUS$1 bilhão.
No entanto, os italianos terão que enfrentar uma barreira formidável, chamada França, para ter possibilidades reais nomercado nacional. Segundo Fernando Arbache, presidente da Arbache Consultoria, a Marinha foi a primeira força a se aproximar mais dos franceses, a partir da venda do porta-aviões São Paulo, seguida, no ano passado, de contratos para o fornecimento de submarinos e helicópteros franceses, além do desenvolvimento de um vaso movido a energia nuclear.Afrancesa Dassault também é favorita para a venda de seus caças Rafale para a FAB, um negócio que deve ultrapassar a barreira de US$ 10 bilhões jáno primeiro contrato.

Peso Político
A questão política também deverá ter um peso fundamental na relação entre o Brasil e os países europeus. “O jogo depende muito de saber quem será eleito no Brasil para o próximo governo e quem será o novo ministro da Defesa. Dependendo do resultado, toda a configuração política pode mudar”, alerta Expedito Carlos Stephani Bastos, pesquisador militar da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Mas a mesma máxima vale para os mandatários dos países europeus. Hoje, Lula é mais próximo do francês Nicolas Sarkozy que de Berlusconi.
A grande variável é que essas peças podem ser rapidamente substituídas por outras. “Não podemos ficar com uma única aliança. Se aparece nesses países um governo opositor, como lficamos?”, questiona Bastos, defendendo a diversificação das apostas políticas. A própria situação volátil da economia europeia, com a crise grega ameaçando desembarcar definitivamente em outros países, põe ainda mais pimenta no tempero diplomático.
Por outro lado, uma diversificação excessiva de fornecedores prejudica a cadeia logística das forças armadas brasileiras. “Atualmente temos uma miscelânea absolutamente sempropósito de equipamentos: blindados alemães, fragatas inglesas, caças americanos e mísseis russos, só para citar alguns”, argumenta Arbache. Ou seja, o importante é buscar um equilíbrio entre a variedade de aliados e de fornecedores, até que seja possível desenvolver tecnologia suficiente para fabricar os equipamentos militares por aqui. O que será bem mais fácil com pelo menos dois países disputando o protagonismo. ■
O repórter viajou a convite do grupo Finmeccanica

Grupo aposta emtecnologia e cooperação

Disputar o mercado brasileiro de Defesa com os franceses não será nada fácil. Mas a Finmeccanica - oitavo maior conglomerado mundial de defesa por faturamento, atrás apenas dos gigantes americanos e do consórcio multinacional europeu EADS - aposta na alta tecnologia como um fator decisivo para sair vitoriosa da luta. Hoje, cerca de 11% de todo o faturamento do grupo é revertido para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), um dosmaiores percentuais entre todas as companhias do setor, segundo a pesquisa International R&D Scoreboard. “Manter a liderança tecnológica é a única chance de competir no mercado de Defesa, principal mente em relação aos americanos. E reforça nossa estratégia de transferir tecnologia para nossos parceiros”, afirma o vice-presidente Paolo Pozzessere.
Atualmente, o grupo é formado por 20 empresas próprias e outras seis joint ventures, que atuam em sete grandes segmentos (veja quadro acima). Uma reestruturação iniciada nos anos 2000 mudou o foco dos negócios mais diretamente para o setor de Defesa, que passou de 43% para 81% no peso total das operações corporativas. O faturamento teve aumento similar, saindo da casa dos € 10 bilhões em 2005 para cerca de € 18 bilhões no ano passado, ou o equivalente a US$ 25 bilhões. Frente a 2008, a elevação foi de 21%. Ao mesmo tempo, o grupo se internacionalizou: a fatia do mercado externo passou de 20% para 43% do resultado da companhia. A maior parte dos empregados (56%) ainda está na Itália, que é seguida pelos EUA, ReinoUnido e Polônia.

Tradição conjunta
Diversas empresas do grupo já têm tradição em parceria com o Brasil. O avião de ataque leve AMX foi desenvolvido no começo dos anos 1980 pela Embraer em conjunto com a Aeritalia e a Aermacchi, (hoje Alenia Aermacchi) e está em serviço em ambas as Forças Aéreas. O know-how desenvolvido pela fabricante brasileira em componentes, nessa ocasião, deu oportunidade para a origem das linhas de E-jets e dos modelos Phenome Legacy, que hoje formam o coração da fabricante de jatos regionais. Mais ou menos na mesma época, a Selex Sistemi Integrati, na ocasião conhecida como Selenia, forneceu radares para navios da Marinha e, mais tarde, ajudou no complexo programa de modernização das fragatas da classe Niterói. Em terra, o Exército usa canhões leves da Oto Melara. Na área civil, a Telespazio fornece serviços de telecomunicações para operadoras de telefonia, e no ano passado a Ansaldo Breda assinou um contrato de US$ 117 milhões para fornecer trens elétricos para o sistema de transporte de Fortaleza.
O problema foi que a proximidade com os EUA e a crise econômica brasileira - que afetou profundamente o desenvolvimento de novos projetos de Defesa - afastaram a Itália do papel de protagonista do cenário militar do Brasil. Já nos últimos anos, a introdução de uma política nacional de Defesa, que pede a transferência de tecnologia, distanciou o Brasil dos EUA e abriu caminho para a chegada dos franceses. Como retomar o cenário positivo? “Se os italianos quiserementrar aqui, vão ter que atuar em sistemas como joint ventures, associação ou transferências de tecnologia. A direção das Forças Armadas está convencida de que só comprar os equipamentos não é mais suficiente”, diz o especialista Fernando Arbache. Segundo o CEO Guarguaglini, essa é exatamente a intenção do grupo. Para os países emergentes, como Brasil e Índia, a estratégia da Finmeccanica é partir para acordos de cooperação comempresas da região, diferente de outros mercados que já possuem indústrias militares estabelecidas, como a Rússia e a China. ■ M.

Compra de navios esquenta batalha naval entre países
França e Itália disputam contrato de pelo menos US$ 5 bilhões para fornecer fragatas e navios de patrulha para a Marinha
Marcelo Cabral

O mar deverá ser o palco da mais acirradas batalha entre Itália e França pelo mercado brasileiro de defesa. A peleja será travada em torno dos planos da Marinha de comprar de três a cinco grandes fragatas, com custo ao redor de US$ 500 milhões por unidade. Também devem fazer parte da encomenda outros 14 navios de patrulha demédio porte, ao preço médio de US$ 100 milhões cada. Somando-se todos os custos com fabricação, sistemas, armas,munição, treinamento e manutenção, o custo total deve superar US$ 5 bilhões ao longo dos anos. Segundo umafontemilitar, a tendência é de que a força naval faça uma escolha internamente ao invés de abrir uma concorrência externa. A operação deve ser anunciada até o final do ano.
Tanto franceses quanto italianos planejam oferecer à Marinha umnovoeavançadotipodenavio conhecido como Fremm, sigla para Fregata Europea Multi-Missione. Trata-se de um projeto conjunto entre os dois países para uma embarcação que consiga executar ao mesmo tempo missões contra aviões, submarinos e outros navios. Com armamentos avançados, sonares de última geração e um design que oferece baixa visibilidade ao radar, a Fremm é considerada um dos conceitos navais militares mais importantes dos últimos anos.
A diferença entre as duas ofertas estará no preço e na origem dos equipamentos. Se a França levar a melhor, os navios serão feitos pela fabricante Armaris, com sensores locais. Caso os italianos vençama encomenda, as fragatas serão inicialmente construídas pelos estaleiros Fincantieri — e posteriormente em instalações nacionais—e equipados comsistemas eletrônicos e de armas da Selex Sistemi Integrati, que pertence ao grupo Finmeccanica. “O Fremm é um excelente projeto. É simples e pode ser facialmente adaptado às necessidades de cada país devido à sua construçãomodular. Achamos que nossa proposta serámais atraente”, garante Pier FrancescoGuarguaglini,CEO do grupo italiano de defesa.
Os novos navios são parte fundamental do projeto da Marinha de proteger as plataformas que irão extrair o petróleo da camada pré-sal e patrulhar a região de entrada do rio Amazonas, que deverá receber uma nova esquadra – cujo base está sendo disputada por diversos estados da região, especialmente o Maranhão e o Pará. A expectativa dos militares é que o próprio combustível vindo do fundo do mar ajude a financiar as compras navais. Com as aquisições, “o Brasil se consolida como o país mais quente do setor naval no momento”, segundo o gerente regional da fabricante de peças de artilharia e blindados Oto Melara, Gianfranco Pazienza.

Domínio francês
Nos últimos anos, a Marinha se tornou a grande porta de entrada para equipamentos franceses nas forças armadas brasileiras, principalmente após a aquisição do porta-aviões São Paulo — que servia na marinha francesa —, em2000. De lá para cá o país dominou as vendas de equipamentos, que culminaram no ano passado com o anúncio da encomenda de quatro submarinos avançados da classe Scorpène, além do desenvolvimento conjunto de um submarinomovido a propulsão nuclear.
Para reverter esse quadro,Marina Grossi, CEO da Selex Sistema Integrati, investe na experiência. A empresa atua junto ao Brasil desde a década de 1970, quando forneceu radares para aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). Mais recentemente, na área naval, atuou na modernização de fragatas da classe Niterói e de corvetas da classe Barroso. Agora está abrindo uma unidade no Rio de Janeiro. “O novo centro carioca não é atrelado ao resultado da venda das fragatas. Existem muitas outras oportunidades no Brasil”, avisa. “Mas, em qualquer caso, faremos a transferência integral da tecnologia”, completa.

Protegendo os mares
Outra grande ambição dos italianos é a participação no programa de proteção naval do país. A Marinha pretende implantar um sistema para vigiar toda amovimentação que ocorre na faixa naval que vai da costa até a 200 milhas navais—podendo chegar a 350 milhas, dependendo de uma resolução estudada pela Organização das Nações Unidas (ONU)—da chamada zona econômica exclusiva, uma região que concentra o pré-sal e a maior parte das riquezasmarítimas do país.
O sistema que protegerá a região conhecida como Amazônia Azul será complexo: vai processar em um centro, em tempo real, as informações vindas de radares instalados ao longo da costa, a bordo de navios, aviões, helicópteros e plataformas de petróleo, e talvez até mesmo de satélites. O objetivo da Selex Sistemi Integrati é criarumainfraestrutura onde os dados vindos de todas essas diferentes plataformas – comequipamentosde vários países diferentes – conversementre si e sejam oferecidos aos operadores de modo unificado. “Podemos fazer os radares propriamente ditos em conjunto comoutras empresas da Finmeccanica, ou então fazer a integração de informações. A opção fica a cargo dos clientes”, finaliza Marina.

“Ferrari dos torpedos” é a arma secreta dos italianos no oceano
Mísseis antinavio também fazem parte do pacote oferecido para as novas fragatas brasileiras

A área de torpedos é considerada estratégica pelos italianos para tentar afundar a predominância francesa na marinha brasileira. A ideia é que, com a compra dos novos submarinos franceses Scorpène, o Brasil terá que modernizar seu estoque de armas, atualmente baseado em modelos americanos já obsoletos. A grande aposta da Whitehead Alenia Sistemi Subacquei (WASS) é o torpedo pesado Black Shark, definido como “a Ferrari dos torpedos” pelo diretor Renzo Lunardi. “É uma arma que usa sistemas de sonar passivo até a poucos quilômetros do alvo, então não pode ser detectada até que seja tarde demais”, afirma.
O potencial financeiro do negócio é elevado: o preço por unidade está em torno de € 2 milhões. Multiplicando as cerca de 20 unidades que serão necessárias para uma frota de oito submarinos, chega-se ao total mínimo de 160 torpedos para o Brasil, semcontar os que serão utilizados nos navios e os que ficarão em estoque. Uma eventual encomenda não sairia pormenos de € 500 milhões.
Armamentos navais também são o foco da oferta que outra empresa do grupo, a MBDA, pretende fazer ao Brasil. Uma das três grandes companhias globais na área de mísseis, a MBDA vê na expansão da frota brasileira uma oportunidade de ampliar sua presença no mercado sulamericano, onde já está presente na Argentina, no Peru, na Venezuela e no Equador. O próprio Brasil usa atualmente os mísseis antiaéreos Aspide, fabricados pela até então Selenia. “Mas agora queremos entrar no mercado dos mísseis antinavio”, especifica o consultor Giuliano Cottini. O objetivo é vender os modelos Otomat, de longo alcance, lançado por navios, e as unidades leves do tipo Marte, disparados a partir de helicópteros. Mais uma vez, porém, os italianos terão que superar a concorrência francesa, que já opera na marinha brasileira com os modelo Exocet.

Após caças, Brasil vai investir US$ 1 bi em jatos de treinamento
Modelos serão usados para treinar pilotos dos aviões de combate; compra ficará entre 24 e 36 aparelhos
Marcelo Cabral

Na proteção dos céus brasileiros, os italianos tentam entrar de carona na grande concorrência de pelomenos US$ 10 bilhões para a compra de jatos de combate para equipar os esquadrões da Força Aérea Brasileira (FAB), o chamado projeto FX-2. A Itália não está entre as finalistas do processo – o favorito é justamente o francês Rafale, fabricado pela Dassault -, mas está tentando aproveitar a chegada da sofisticada aeronave para vender novos jatos de treinamento para o país.
Segundo informações obtidas pelo , existe hoje na FAB a convicção de que o novo caça, seja qual for o escolhido, vai exigir a adoção de um avião de treinamento a jato. Isso acontece porque omodelo atualmente usado para treinar os pilotos – o turboélice Tucano – não consegue simular todas as situações que acontecememum aparelho a jato, muito mais rápido, potente e complexo. “O gap (lacuna) entre o Tucano e o Rafale ou Gripen é grande demais. Já existe na cúpula da FAB a convicção de que vai ser praticamente obrigatório comprar um novo aparelho de treino”, afirmou umafonte ligada aosmilitares.
De acordo com essa fonte após a conclusão das arrastadas negociações do FX-2, deverá ser lançada uma nova operação para comprar entre 24 e 36 jatos de treinamento. E o favorito para ocupar o postoéoM-346, fabricado pela Alenia Aermacchi. A um custo mínimo de US$ 20milhões por aparelho, mais o fornecimento de peças, manutenção e treinamento, o preço total da compra deve ficar na casa de US$ 1 bilhão. Valor nada desprezível, chegando a cerca de 10% do que deve ser gasto nos lotes iniciais dos caças. Mas, na visão de Sergio Coniglio, diretor- engenheiro da Alenia Aermacchi, o caro vai sair barato a longo prazo. “O M-346 permite reduzir o emprego dos caças como avião de treinamento. É mais econômico para essa função tanto emtermos de custo de operação quanto de gasto de combustível”, diz. “Então, os gastos menores com treinamento acabam pagando a aquisição a longo prazo”, raciocina.
Aliás, o M-346 é a grandemenina dos olhos da Finmeccanica para o setor aeronáutico. A empresa enxerga ummercado de até 2 mil unidades para aparelhos de treinamento e ataque leve ao redor do mundo nos próximos anos, demodo que está ampliando suas linhas de produção situadas no norte da Itália. “O avião é muito avançado.Hoje emdia,um piloto não é só uma pessoa que manobra a aeronave, mas que gerencia os sistemas de bordo. E o nosso aparelho é o único nomundo que permite treinar essa característica, que está presente em todos os aviões de combate de nova geração”, garante o diretor regional de vendas Luigi Taddia.
Os italianos estão emsituação favorável devido à sua tradicional parceria já estabelecida com a FAB. Durante décadas, a Força Aérea operou cerca de 160 treinadores leves MB-326, que inclusive chegaram a ser fabricados sob licença no Brasil com o nome de Xavante. Mais tarde, foi em conjunto com as italianas Aeritalia e Aermacchi (que hoje formama Alenia Aermacchi) que a Embraer desenvolveu o jato tático AMX, que hoje é omaior pilar da aviação de ataque brasileira. “Os aviônicos, componentes estruturais e tecnologias desenvolvidas na ocasião permitiram que a Embraer ganhasse knowhow para criar suas novas linhas de jatos executivos regionais”, explica Fernando Arbache, presidente da Arbache Consultoria.

Surpresa sueca
Caso o Rafale seja surpreendentemente derrotado pelo caça sueco Gripen, fabricado pela Saab, a situação do grupo melhora. Isso porque a Selex Galileo fornece uma boa parte dos sistemas eletrônicos da aeronave, inclusive o radar Raven, além dos modelos Grifo que já são usados pelos atuais jatos F-5F da FAB. “Nós ainda não perdemos a fé no Gripen”, avisa Fabrizio Giulianini, CEO da companhia. “Mas mesmo se o Rafale for escolhido, podemos fornecer radares para outras aeronaves”, garante Giulianini. Aliás, os italianos se propõe a compartilhar a tecnologia dos sistemas de rastreamento, uma das mais sensíveis no meio militar. “Poderíamos criar um centro de excelência no Brasil”, diz o executivo.

Em terra, Itália mantém supremacia
Iveco venceu contrato para a venda de 2 mil blindados ao Exército por R$ 6 bilhões



Se no mar e no ar a concorrência entre franceses e italianos para fornecer equipamento e tecnologia para as forças armadas brasileiras promete ser pesada, em terra a situação é diferente. No início do ano, a Itália dominou o setor com a confirmação de um contrato de R$ 6 bilhões, ao longo de 20 anos, para o fornecimento de cerca de 2 mil blindados de um tipo conhecido como Veículos Blindados para o Transporte de Pessoal Médio Sobre Rodas (VBTP-MR). A vencedora do contrato foi a Iveco, subsidiária para veículos pesados da montadora Fiat, que irá produzir os blindados em Sete Lagoas (MG). A fabricação dos blindados, que receberam o nome de Guarani, deve começar em dois anos. A produção envolverá 110 fornecedores diretos e até 600 indiretos no Brasil.
O projeto do Guarani é um exemplo de troca de experiência entre os países. Segundo o presidente da Iveco Latin America, Marco Mazzu, cerca de 60% do projeto é brasileiro, enquanto as demais tecnologias vieram da Itália. Omodelo é um veículo de 18 toneladas equipado com motor diesel, seis rodas e capacidade anfíbia, capaz de transportar 11 soldados. O Guarani, que substituirá os tradicionais Urucu e Cascavel, terá mais proteção blindada e mais mobilidade do que seus antecessores.
Apesar de o grupo vencedor do contrato ter sido a Fiat, a Finmeccanica também vê possibilidades de cooperação através da Oto Malara, empresa que produz tanques, blindados e peças de artilharia naval e terrestre. “A Iveco vai produzir o veículo, mas a Oto Melara pode ajudar na customização do modelo, fabricando as torres dos carros”, anuncia Gianfranco Pazienza, gerente regional da companhia. Isso porque a compra dos blindados faz parte de um programa de modernização do Exército chamado Combatente Brasileiro (Cobra), que prevê outras 16 variantes. E a maior parte dessas variantes terá torres de diferentes tipos. Para as funções mais leves, a Oto Melara oferece o modelo equipado com canhões de 30 milímetros. Já os usos mais intensivos, como reconhecimento, poderiam ser equipados com canhões de até 90 milímetros.
M.C. com colaboração de Ana Paula Machado

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