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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Uma nação cercada de importância e confusão

Arthur Ituassu
MESTRE E DOUTOR EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS PELO INSTITUTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA PUC-RIO

Apesar da distância, não é de todo difícil para alguém no Brasil perceber a importância que tem a situação no Afeganistão para o ordenamento político internacional. A eleição que está lá do outro lado do mundo, de fato, afeta a tudo e a todos.

No coração da Ásia Central, o Afeganistão sofre da instabilidade crônica que até sua geografia corrobora.

Entre Irã, Paquistão, Rússia, China e Índia, todas potências nucleares ou quase isso, Cabul sempre foi palco de disputas acirradas.

Basta lembrar da guerra que os soviéticos travaram por lá durante dez anos, entre 1979 e 1989.

Do lado iraniano, Teerã nunca viu com bons olhos um projeto islâmico que lhe fosse competidor e por isso sempre tentou estar presente.

O Irã, por exemplo, prestou assistência aos mujahideen na luta contra o comunismo ateu, nos anos 1980, enquanto combatia o nacionalista Saddam Hussein, na guerra Irã-Iraque.

Do lado chinês, a preocupação sempre foi o separatismo muçulmano na região do Xinjiang, no Noroeste da China, que recentemente esteve nos noticiários.

Quanto mais forte e estável um regime islâmico no Afeganistão, pior para Pequim.

Com preocupação semelhante, estão os indianos. Com problemas com o islamismo radical no Paquistão, na Caxemira e também em Bangladesh, os indianos vêem com bons olhos um Afeganistão secular.

Quanto mais distante o Afeganistão estiver dos Talibãs, por exemplo, melhor para Nova Délhi. Os indianos, não à toa, estiveram ao lado dos soviéticos no apoio ao governo do Partido Democrático do Povo Marxista do Afeganistão, que lutava contra a resistência islâmica no país.

Da mesma forma, Moscou, apesar de ter perdido sua grande influência na região, com a retirada em 1989 e o desmembramento da antiga União Soviética, não gostaria de se ver na posição de ter um grande vizinho islâmico radical logo abaixo de sua fronteira no centro da Ásia em momento algum.

Em relação a Islamabad, o governo central tem sua própria luta interna para se manter dentro dos propósitos do secularismo. Apesar de contar com boa parte do apoio da população (pashtun) em províncias próximas à fronteira afegã, aqueles que lutam pelo restabelecimento de um regime islâmico no Afeganistão gozam da ira da autoridade central paquistanesa.

Uma verdadeira e generalizada instabilidade nesse terreno representaria uma ameaça de proporções nucleares.

Não à toa, foi no na Guerra do Afeganistão que Osama Bin Laden cresceu dentro do movimento islâmico radical, comandando os mujahideen na vitória contra, nada mais, nada menos, a União Soviética.

Como se não bastasse, agora e desde os atentados de 2001, estão também os Estados Unidos envolvidos no Afeganistão.

O presidente Barack Obama fez do país tema de campanha, defendendo que a verdadeira guerra contra o terrorismo se encontra lá, não no Iraque.

No coração da Ásia Central, país sofre da instabilidade que até sua geografia corrobora

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