Cheney pedira que Congresso não fosse informado do programa
Gilberto Scofield Jr.
WASHINGTON. Durante o governo do presidente George W. Bush, a empresa privada de serviços paramilitares Blackwater foi contratada em 2004 pela Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) como parte de um programa secreto que buscava localizar e assassinar líderes da al-Qaeda, segundo reportagem do jornal "The New York Times". Apesar dos milhões de dólares gastos, ninguém foi preso ou morto - e a empresa passou a se chamar Xe Services após matar 17 civis no Iraque numa operação a serviço dos EUA, há cerca de dois anos.
Foi por esta razão - o uso de uma empresa privada em missões de inteligência na guerra no Iraque, sem sucesso - que o atual diretor da CIA, Leon Panetta, convocou em junho, em caráter de emergência, membros das Comissões de Inteligência da Câmara e do Senado para informá-los de que uma operação secreta de assassinato de jihadistas fora cancelada. Panetta afirmou que, em 2002, quando o programa começou a ser formulado, o então vice-presidente Dick Cheney pedira à agência que não informasse ao Congresso.
Programa teria sido cancelado por falta de êxito
Não se sabe com clareza se a empresa seria escalada para participar diretamente das missões de busca e assassinato de líderes da al-Qaeda, mas seus homens estiveram envolvidos no planejamento, treinamento e supervisão das missões.
Com o recesso do Congresso, a negativa da Xe Services de comentar o assunto, e o governo envolvido no debate para a aprovação da reforma da Saúde, coube apenas ao porta-voz da CIA, Paul Gimigliano, confirmar que o programa fora cancelado por sua falta de êxito.
A Blackwater pertence a Erik Prince, herdeiro de uma família milionária da Carolina do Norte que serviu nos Navy Seals, uma força de elite da Marinha para operações de guerra. Sua passagem pelo grupo rendeu contatos importantes no Pentágono e fez da Blackwater uma das maiores empresas privadas envolvidas na guerra ao terror de Bush.
Ontem, durante palestra no Clube de Imprensa Estrangeira, o ex-diretor da CIA Michael Hayden (ele mesmo dono de uma empresa de inteligência), defendeu a privatização de missões pelas limitações estratégicas e de recursos da CIA.
- A ideia é achar quem é o melhor para o trabalho.
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