Cerca de 30% dos casos de 11 tipos de cânceres pesquisados poderiam ser facilmente evitados no Brasil, de acordo com um estudo divulgado nesta quinta-feira, com a adoção de uma dieta saudável, a prática de mais exercícios físicos e um controle de peso adequado.
O relatório Policy and Action for Câncer Prevention (Política e Ação para a Prevenção do Câncer), uma parceria do Fundo Mundial de Pesquisas sobre Câncer (WCRF, na sigla em inglês) e do Instituto Americano para a Pesquisa do Câncer (AICR, na sigla em inglês), calculou a porcentagem dos casos de vários tipos da doença que poderiam ser evitados também nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha e na China.
Os pesquisadores calculam que um quarto dos casos de câncer em países de baixo poder aquisitivo como a China poderiam ser evitados com esses hábitos saudáveis. Em países desenvolvidos, a proporção sobe para um terço.
O Brasil, como país de poder aquisitivo considerado médio, se encontra no meio do caminho entre estas duas proporções, segundo o relatório.
Ao todo, 11 tipos de câncer foram estudados no Brasil e na China: o de boca, laringe e faringe (considerado uma única categoria); esôfago, pulmão, estômago, pâncreas, vesícula biliar, cólon, fígado, mama, endométrio (mucosa uterina) e rim. Nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, o câncer de próstata também foi pesquisado.
Os cientistas concluíram que cerca de 63% dos casos de câncer de boca, laringe e faringe no Brasil poderiam ser prevenidos, igual à proporção americana, um pouco menor do que a britânica (67%) e maior do que a chinesa (44%)
Em termos absolutos, o maior impacto seria na prevenção do câncer de mama, que é o segundo caso mais frequente da doença entre as brasileiras, atrás apenas do câncer de pele.
O Instituto Nacional do Câncer calcula que 49 mil casos de câncer de mama devem ser registrados no país em 2009. Consequentemente, segundo os cálculos da pesquisa, quase 14 mil casos poderiam ser prevenidos.
"Esperamos um crescimento substancial dos índices de câncer com o envelhecimento das populações, o aumento da obesidade, com as pessoas menos ativas e consumindo cada vez mais comidas pouco saudáveis", afirmou Martin Wiseman, diretor da pesquisa.
"A boa notícia é que isso não é inevitável e ainda podemos evitar uma crise, antes que seja tarde demais."
Entre as recomendações dos pesquisadores estão:
as escolas devem encorajar a alimentação saudável e as atividades físicas;
instituições de ensino não devem vender alimentos pouco saudáveis aos alunos;
os governos devem encorajar a população a caminhar e andar de bicicleta;
os governos devem tornar leis as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS);
a indústria alimentícia deve fazer da saúde pública a prioridade durante todos os estágios da produção.
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