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segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A Guerra Fria está de volta


DEZESSETE ANOS APÓS A QUEDA DA União Soviética, o mundo voltou a ver uma demonstração do poderio militar da terra dos czares. A seqüência de bombardeios que destruiu Tbilisi, capital da Geórgia, desde a quinta-feira 7, mostra que a Rússia decidiu retomar sua faceta de potência mundial, abalada desde os tempos de Boris Yeltsin. Em uma estratégia moldada pelo ex-presidente Vladmir Putin, o Kremlin aproveitou o conflito gerado pelo nacionalismo do presidente georgiano Mikhail Saakachvili para alcançar dois objetivos de uma só vez: mostrou que ainda é a voz preponderante na região do Cáucaso e também assegurou a dependência européia do petróleo e gás que passam pelos territórios dominados pelo antigo Exército Vermelho. Em menos de três dias de confronto, mais de dois mil civis morreram na região separatista da Ossétia do Sul. “A Rússia quer voltar a exibir os músculos que teve no passado”, disse à DINHEIRO Edward Lucas, autor do livro The New Cold War (A Nova Guerra Fria), sobre o recrudescimento do império russo sob as mãos de Putin. “Com os Estados Unidos em crise, os russos aproveitam a situação para voltar ao topo.”

A raiz do conflito na Geórgia está ligada às relações entre o presidente Saakachvili e os Estados Unidos. Desde a Revolução das Rosas, em 2003, os americanos se tornaram mais próximos, dando assistência financeira e fazendo investimentos importantes no país. Saakachvili estudou nos Estados Unidos e foi o primeiro presidente de uma ex-república soviética a receber um líder americano. A ambição americana chegou ao campo militar com a intenção de construir bases antimísseis na República Tcheca, na Polônia e na Geórgia. Foi essa ligação que, aos olhos de Saakachvili, o habilitava a enfrentar os separatistas da Ossétia. Ledo engano. “Os georgianos só fizeram isso porque tiveram o sentimento de serem apoiados por uma força maior”, escreveu o expresidente soviético Mikhail Gorbatchev no The Washington Post. Em um pronunciamento feito após o rompimento do cessarfogo acordado com a União Européia, George W. Bush exortou os russos a recuar. A resposta veio dura e ao estilo soviético, evidenciando, novamente, o fracasso da política externa de Bush.

Também desta vez, o conflito tem suas raízes na questão energética A Geórgia não possui sequer um poço de petróleo. Mas as companhias de energia ocidentais apostaram no país pró-ocidental, situado entre o Irã e a Rússia, para instalar uma rede de dutos que garantissem uma alternativa à dependência do Oriente Médio. São 1.768 km de tubulações ligando as reservas do Azerbaijão ao porto turco de Ceyhan, no Mar Mediterrâneo, que despejam 1,2 milhão de barris de petróleo por dia nos terminais, de onde é embarcado com destino ao Ocidente. A British Petroleum possui 30% desta infra-estrutura, cuja construção custou US$ 3 bilhões, ao lado de dez outros parceiros, entre eles os grupos americanos Chevron e ConocoPhillips. Garantir o transporte é vital tanto para a União Européia, que depende do combustível, quanto para os EUA, que investiram rios de dinheiro por ali. Mais ainda para a Rússia, que busca legitimar sua volta ao primeiro time de potências.

fonte: Istoé

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