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domingo, 25 de julho de 2010

Disputa histórica por água

25/07/2010

Lydia Polgreen e Sabrina Tavernise The New York Times

Internacional
Índia e Paquistão, rivais antigos, agora lutam pela construção de uma rica hidrelétrica

No grande vale do Himalaia na Caxemira indiana desenha-se a mais recente disputa entre Índia e Paquistão. Desta vez, não se trata do chão em que pisam, o qual tem sido disputado desde a partilha sangrenta da Índia britânica em 1947, mas da água de geleiras de montanhas lançada em campos ressecados de fazendeiros na área agrícola central do Paquistão.

Trabalhadores indianos disputam para construir uma cara usina hidrelétrica em um vale remoto perto da região que vai abastecer a economia em rápida expansão, mas carente de e n e rg i a .

No Paquistão, o projeto gera temor de que a Índia, sua arqui-inimiga tenha o poder de manipular a água fluindo para a agroindústria, economia que emprega metade da população. Em maio, o país recorreu ao Tribunal Arbitral Internacional para impedir a obra.

Recurso vital A disputa, contudo, acrescenta mais volatilidade em um momento crítico para uma das relações mais perigosas do mundo, entre nações com armas nucleares profundamente desconfiadas, que já lutaram em três guerras.

Com as populações em rápido crescimento, a água é essencial para os dois países. O Paquistão contém o maior sistema de irrigação contíguo do mundo, dizem especialistas em água. Também tem sido um terreno cada vez mais fértil para recrutamento por grupos militantes, que se aproveitam da falta de oportunidade e do grande sentimento antiIacute;ndia.

Os rios que atravessam Punjabi, província mais populosa do Paquistão e centro da agroindústria, representam a salvação do país, e a disputa sobre o uso deles está no centro de temores envolvendo o vizinho maior e mais forte.

Para a Índia, os projetos hidrelétricos são essenciais para aproveitar a água do Himalaia, com o intuito de suprir a séria escassez de energia que afeta a economia. Cerca de 40% da população da Índia estão fora da rede elétrica, o que representa um obstáculo para a indústria.

O projeto do rio Kishenganga é parte crucial dos planos da Índia para preencher essa lacuna.

Embora a represa de Kishenganga seja permitida pelo tratado, a disputa é sobre como ela deve ser construída e sobre a liberação oportuna de água. O Paquistão considera que o escoamento na base da represa vai permitir à Índia a manipulação do fluxo de água, por exemplo, durante um período crucial da época do plantio.

– Isso torna o Paquistão muito vulnerável – disse um advogado paquistanês, que pediu que o nome não fosse revelado.

. – Não pode apenas nos avisar, ‘vocês devem confiar em nós’. Não confiamos; por isso temos um tratado.

Divisão das águas A Índia rejeitou qualquer sugestão que viole o tratado ou tente roubar água. Em um discurso no dia 13 de junho, a secretária das Relações Exteriores da Índia, Nirupama Rao, chamou as alegações de “propaganda de cunho emocional”, acrescentando que “o mito do roubo de água não resiste ao teste do escrutínio racional ou da razão”.

Os paquistaneses dizem ter motivo se preocupar.

Em 1948, um ano depois que o Paquistão e a Índia viraram Estados, um administrador na Índia fechou o abastecimento de água para inúmeros canais na Punjabi paquistanesa.

Autoridades indianas disseram posteriormente que houve uma desordem burocrática, mas no Paquistão, a memória não se apaga.

– Quando há uma arma apontada para sua cabeça, você não esquece – disse o advogado.

A disputa pela água não seria tão aguda, segundo especialistas, se a Índia e o Paquistão revelassem e compartilhassem dados sobre a água.

Em vez disso, a desconfiança e o antagonismo são tantos que os burocratas reuniram informações e tentam secretamente concluir projetos em cada um dos lados para serem os primeiros a ter algo concreto no solo.

– É como um casamento ruim em que condenamos papéis – disse o advogado paquistanês.

– Seria melhor se nos comunicássemos abertamente? Sim. Mas nas circunstâncias atuais nós não o fazemos.

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