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segunda-feira, 28 de junho de 2010

O Irã vai ser líder em tecnologia

Cada vez mais os dados disponíveis mostram claramente a existência de forte correlação positiva entre a capacidade científica e tecnológica de um país e o seu desenvolvimento econômico.
A existência de uma forte base científica e tecnológica assegura maiores possibilidades de desenvolvimento. A conscientização crescente dos diferentes governos tem propiciado um crescimento no investimento em Ciência e Tecnologia pela grande maioria das nações, levando a um crescimento contínuo na contribuição científica oferecida pelos diferentes países e que pode ser mensurado pelo número de artigos científicos publicados em revistas especializadas.
Em 1981, os 50 maiores produtores de conhecimento científico foram responsáveis pela publicação de 468.707 artigos, enquanto que em 2007 este número foi de 1.184.426, o que representa um aumento de cerca de duas vezes e meia em 26 anos. Alguns países crescem a cada ano— veja-se o que vem acontecendo com a China.
Nos últimos meses o Irã tem sido o foco da atenção mundial em parte devido ao seu programa nuclear que, a julgar pelo que tem sido descrito na imprensa, vem obtendo avanços significativos no enriquecimento de urânio.
Qual a base científica atual do Irã e como tem evoluído a atividade científica em países da região como Israel, Egito e Turquia? Em 1981, o Irã ocupava a quadragésima sétima posição, enquanto Israel, Egito e Turquia ocupavam a décima sétima, a trigésima terceira e a trigésima posição, respectivamente.
Em 2008, o Irã chegou à vigésima sexta posição enquanto os demais ocupavam a vigésima, a quadragésima e a décima quinta posição, respectivamente.
Esses dados apontam para um crescimento significativo da atividade científica na Turquia e no Irã. Eles são abrangentes e consideram todos os campos da atividade científica.
Os dados em duas áreas estratégicas, a área biomédica e a nanotecnologia, são indicadores do estágio atual. Estudo publicado em dezembro último no “Clinical Trial Magnifier” aponta o Irã como o país onde ocorrem as taxas mais elevadas de crescimento da produção biomédica mundial, tendo crescido cerca de 25 vezes apenas nos últimos dez anos.
Na área biomédica tem publicado mais artigos que Hong Kong, Nova Zelândia, Cingapura e a Rússia. Neste mesmo período o número de instituições de pesquisa iranianas na área biomédica aumentou de quatro para sessenta e quatro, o que explica o vigor do crescimento das ciências biomédicas no país. Cabe lembrar que esta é uma área que incorpora a moderna biotecnologia e suas aplicações em vários campos.
Na estratégica área da nanotecnologia, que vem produzindo uma revolução em vários setores industriais, a presença do Irã também é marcante. Em 2003, o Irã ocupava a qüinquagésima primeira posição na produção de conhecimentos nesta área. Neste mesmo ano Brasil, Israel e Turquia ocupavam a décima nona, a vigésima primeira e a trigésima quarta posições. Em 2009, o Irã já atingiu a décima quinta posição, enquanto os demais países ocuparam a décima nona, a vigésima terceira e a vigésima quarta posições, respectivamente.
Os dados acima deixam claro que, além da questão nuclear, sempre polêmica, e das considerações de caráter religioso, uma intensa transformação mais discreta vem ocorrendo na Ciência e Tecnologia da velha Pérsia. Seguindo as taxas de crescimento alcançadas nos últimos anos, muito em breve o Irã assumirá uma posição de liderança no desenvolvimento científico e tecnológico regional.
WANDERLEY DE SOUZA é professor da UFRJ e e diretor de Programas do Inmetro.
Foi secretário-executivo do Ministério da Ciência e da Tecnologia e secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio.

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