O professor Braz de Araujo, coordenador do Núcleo de Análise Interdisciplinar de Políticas e Estratégia/Naippe, da Universidade de São Paulo, costumava trabalhar com a ideia de Paradigma estratégico.
Este instrumental de análise parte do princípio – e remonta à ciência militar – de que objetivos, meios e valores devem ser visualizados para conjecturas no campo do poder.
A busca de um equilíbrio entre objetivos, meios e valores é condição para que estes sejam, inclusive, mais bem compreendidos na perspectiva conceitual.
Sendo assim, com relação à área da energia – sobreposta ao xadrez geopolítico da América do Sul –, como estaria desenhado o equilíbrio entre objetivos, meios e valores, se considerada a posição relativa de alguns estados? Brasil, Venezuela, Argentina, Bolívia e Chile possuem os mesmos objetivos, meios e valores para, assim, podermos compreender a América do Sul como um contexto equilibrado na área da oferta e demanda de energia? Nesta perspectiva, o Brasil parece mais cooperativo, ofertando energia e desenvolvimento processual sob a égide de um regime político-institucional mais sedimentado.
Infraestrutura de produção e de distribuição minimamente descentralizada, parcerias no campo tecnológico, somadas aos trâmites democráticos de decisão política são os diferenciais neste caso.
A Venezuela, por exemplo, se configuraria como não cooperativa, disponibilizando poucos meios (tecnologia, por exemplo) e sendo muito assertiva nos objetivos; estes últimos ultrapassariam as questões de Estado, implicando na existência de uma política pública energética do governo Chávez e de sua agenda bolivariana A Argentina, mesmo sendo um centro importante de oferta de petróleo e gás na América do Sul, numa perspectiva histórica acabou por ter sua posição relativizada pela presença brasileira, quer seja no tocante ao processo de desenvolvimento econômico como um todo e/ou pela liderança inconteste do Brasil nos acordos de integração, como o Mercosul. A oferta portenha de energia ficou muito a reboque do peso sistêmico do país no cenário internacional e, neste caso, comparativamente ao Brasil, a Argentina perdeu posições de prestígio e visibilidade real.
O caso chileno infere alguma autonomia por parte de um modelo econômico mais liberal e de abertura operacional. Valores e meios estão dimensionados com alguma eficiência. Mas a relevância chilena no tocante à capacidade energética acaba sendo sombreada pela posição do Brasil em uma nova era – a era pré-sal.
Os objetivos do Chile nesta seara devem ser repensados.
A Bolívia se encontra em posição mais delicada. Sua participação no mercado de energia da América do Sul está muito atrelada aos interesses e projetos brasileiros. Somada a isto, a agenda de Evo Morales é por demais ideológica, obstaculizando processos de aproximação e de cooperação com outros países e empresas do setor.
Assim os valores de fundamentação político-ideológica se interpõem junto aos objetivos esperados pela sociedade boliviana. E os meios ainda devem ser aprimorados no campo da tecnologia.
Em relação ao Brasil, a Argentina perdeu posições de prestígio e visibilidade real
Fronteira Uruguai–Argentina não terá outra indústria
Jornal do Brasil
DA REDAÇÃO - Uma questão que têm acirrado os ânimos entre uruguaios e argentinos foi amenizada terça-feira, depois que diretores do grupo sueco-finlandês Stora Enso confirmaram que não instalarão mais planta industrial na cidade uruguaia de Fray Bentos, onde já existe outra fábrica de celulose que gerou conflito diplomático entre os dois países fronteiriços.
Antes da decisão anunciada terça-feira, ao saber da possibilidade de ser construída uma nova fábrica na cidade, o presidente eleito do Uruguai, José Mujica, se manifestou contra a ideia. O presidente da Stora Enzo para a América Latina, Nils Grafstrom, não descattou, porém, a instalação de uma fábrica no Uruguai.
– É lógico não construir a fábrica em um lugar onde podemos causar problemas para o governo. Considerando as variáveis econômicas, físicas e sociais, posso confirmar que há outros lugares no Uruguai que apresentam condições mais adequadas para nós do que Fray Bentos – disse Grafstrom.
Em novembro de 2007, a empresa finlandesa Botnia instalou uma fábrica de celulose na cidade de Fray Bentos, próxima à fronteira binacional com a Argentina, demarcada pelo Rio Uruguai.
Há mais de três anos, moradores e ambientalistas argentinos denunciam que a companhia causará uma contaminação no rio, prejudicando as condições de vida na divisa natural entre os dois países. Como forma de protesto, bloquearam a ponte internacional General San Martín.
Haia
O caso provocou tensões diplomáticas entre Argentina e Uruguai e acabou sendo levado à Corte Internacional de Haia. O julgamento da questão está previsto para ocorrer no início de 2010.
A oposição de Mujica, que assumirá a Presidência uruguaia em 1º de março de 2010, em relação à instalação de nova empresa no local, foi criticada por comerciantes da região.
– As empresas são fundamentais e os investimentos também, mas a relação com a Argentina é muito importante – declarou o presidente eleito, que afirmou ainda ter a intenção de realizar um acordo com o país vizinho, governado por Cristina Kirchner.
Na semana passada, Cristina e Mujica se reuniram de maneira informal durante a 38ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada em Montevidéu, no Uruguai.
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