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domingo, 6 de setembro de 2009

Geração Y

Jovens dinâmicos, impacientes e insubordinados modificam o mercado de trabalho 14/07/2009
Maxsuel Siqueira

Acompanhe a trajetória de jovens que fazem parte de uma geração que representa hoje o futuro de qualquer empresa.

*Guilherme Tossulino, 26 anos, começou a carreira cedo e em pouco tempo passou por diferentes companhias. Formado em Sistemas de Informação, teve pressa em acumular experiências profissionais e atualmente é analista de sistemas do Instituto de Estudos Avançados (IEA), em Florianópolis, Santa Catarina.

*Mestranda do programa de pós-graduação em Ciência, Gestão e Tecnologia, Paula Carina tem um currículo extenso: formou-se em Biblioteconomia e foi pesquisadora de inteligência competitiva, pela Knowteck. Segue carreira pública e, de quebra, presta serviço de consultoria informacional.

*Bacharel em Design Gráfico e especialista em web, Diego Homem mora em Dubai e trabalha como gerente de conteúdo em uma agência web, a Flip Media. "A experiência em Dubai faz parte de um antigo sonho. Quando retornar ao Brasil, não descarto a possibilidade de trabalhar em outras capitais, mas antes quero conhecer o trabalho de TI em outros países", explica.

Guilherme Tossulino, Paula Carina e Diego Homem são típicos representantes da mais nova geração de profissionais que desafiam, mais do que nunca, as regras de atração e retenção de talentos. Eles têm algo a mais em comum: Diego e Guilherme criaram o blog Minha Carreira, espaço onde compartilham tudo que sabem sobre o mundo corporativo. Paula Carina chegou depois e hoje são quatro colaboradores. A caçula é a carioca Liliane Fonseca, de apenas 22 anos. "Futura trainee, quase publicitária e estagiária de Comunicação", como ela mesma se define.

A Geração Y, formada pelos nascidos nos anos 1980, domina um quarto da população mundial e que logo dominará a força de trabalho, consumo e política mundiais. Também conhecida Geração Millenial, já que entraram no mercado na virada do século, é um grupo composto por jovens criativos, familiarizados com diversas tecnologias e ávidos por desafios. Almejam uma carreira meteórica, possibilidade constante de crescimento, flexibilidade de horário e compartilham a idéia do "trabalho para viver, não vivo para trabalhar". Eles enxergam no salário a fonte de recursos para investir em conhecimentos, roupas, viagens, carros e celulares; assinam a maioria dos blogs; sugerem pautas para a imprensa nacional; discutem em fóruns e estão em maior parte nas mídias sociais. Um motivo para investir neles? Não são promessas. Além do mais, vão comandar as empresas e o país em um futuro próximo.

Gestores de grandes companhias se sentem inseguros. Professores são diariamente confrontados por alunos impacientes com aulas expositivas. Pais não sabem o que fazer. A constatação é única: velhas práticas precisam ser revistas. Os jovens Y possuem novos valores profissionais e novos conceitos para conhecidos termos, como fidelidade e paciência. Eles usam a mesma informalidade das conversas por e-mails no contato com o chefe ou presidente da empresa. Não se importam com certos protocolos da hierarquia e acreditam definitivamente que tempo de carreira só é posto no exército.

Geração Y busca por novos desafios no mercado de trabalho

A velha idéia de que "para chegar lá" e ter uma vida feliz é necessário muito esforço e trabalho não funciona com os jovens Y. Eles querem tudo ao mesmo tempo, sem abrir mão de um só momento de lazer. Os pais, não querendo repetir o abandono e a rigidez das gerações anteriores, educaram seus filhos com uma maior flexibilidade. "As gerações que já estão na empresa foram acostumadas em trabalhar com dedicação e reconhecimento por tempo de trabalho. A Geração Y só fica numa empresa se (e enquanto) estiver aprendendo. Não aceitam trabalhar somente por um prato de comida. Precisam se sentir importantes na companhia", afirma a pesquisadora da Companhia de Talentos, Renata Damásio.

Renata Damásio acredita que o Recursos Humanos das companhias vem evoluindo lentamente, deixando de ser apenas uma compartição, atuando de forma estratégica. "O que estamos assistindo é uma retomada da dimensão humana após anos seguidos de ambição material e consumo irresponsável. Na Era Industrial os funcionários eram vistos como recurso, assim como a tecnologia, o capital e a infraestrutura. A geração Y termina por dar um basta nisso, já que sobrenome corporativo e posição no mercado não seguram mais esses jovens nas empresas", explica.

Um relatório anual realizado pela Cia. de Talentos mostrou que a chance de ter novos desafios superou a imagem da empresa como principal razão para escolher um empregador. A última edição foi feita entre maio e junho do ano passado com cerca de 27.661 jovens brasileiros, entre 17 e 28 anos, universitários e graduados. O estudo revelou ainda que crescimento profissional e qualidade de vida estão no topo das necessidades. Do total, 97% afirmaram saber Inglês e 76% disseram estar prontos para enfrentar o mercado de trabalho. De fato, uma nova era. "A empresa ideal é lugar onde eu possa ser ouvido, valorizado, onde tenha a chance de colaborar e aprender", declara o jovem estudante paulistano Sergio Rodrigues, 18 anos.

Largamente discutido nos Estados Unidos, o tema é novidade aqui no Brasil. "A sociedade passou por diferentes esferas de poder: a posse de terra, de bens, de capital e, recentemente, de informação. O problema é que os mais velhos continuam dando à informação mais valor do que deveria ter hoje. Acreditar que o chefe deve ser o mais bem informado é falso, já que ninguém é capaz de manter informação por muito tempo e muito menos dar conta de estar informado sobre tudo. O jovem Y sabe disso. O que o atrai é a capacidade de conexão, de networking de seu líder", afirma o autor do primeiro livro brasileiro sobre o tema, Sidnei Oliveira.

Para Sidnei Oliveira, as respostas mudaram porque as perguntas não são mais as mesmas. "Os novos profissionais não querem controles rígidos. Eles exigem liberdade para andar com as próprias pernas. Algo como: 'me fale a direção, mas me deixa seguir sozinho. Só me avise se estiver errando, caso contrário não interfira no meu processo. Não questione se estou de Jeans, All Star, se uso pircing
ou se meu cabelo é laranja'", revela.

"A história determina uma cultura, que determina um comportamento", é desta forma que a consultora e presidente do Grupo Foco, Eline Kullock, entende as diferenças de comportamento entre a gerações. Formada em Administração de Empresas e MBA Executivo, Kullock também é sócia, há 13 anos, da Stanton Chase Internacional, multinacional de 'executive search', localizada em Londres. Pesquisadora das tendências do comportamento e a influência dos video games na atuação profissional dos jovens, ela explica como compreender melhor o fenômeno dessa nova geração.

O que define uma geração? Na sua opinião, estas mudanças ocorrem da mesma maneira ao redor do mundo?

Eline Kullock - O assunto ganha força nos países com alta taxa de natalidade. Além disso devemos saber que a história determina uma cultura, que determina um comportamento. Quando a geração Baby Boomer era jovem, o Brasil era subdesenvolvido. Com o tempo passou a ser chamado de país em desenvolvimento. A Geração Y cresceu com uma auto-estima diferente. A geração passada viveu uma ditadura militar e o pior é que não havia uma forma de avisar ao mundo o que estava acontecendo. O Brasil era mais fechado, não havia tantas multinacionais. Atualmente os jovens encontram um mercado expansivo, com muitas opções de escolha e uma acirrada guerra de talentos.

O que esta geração tem de especial em relação às demais?

Todos somos influenciados pelas características de todas as gerações, mas trata-se da primeira que aprendeu com seus pares. Os filhos chegam hoje em casa e perguntam: "Faço vestibular para Midialogia, Ciências do Consumo ou Direito de Internet?" O que responder? Instituições como a família, escola e o trabalho estão perdendo sua força tradicional porque estes jovens se deram conta de que já não temos mais as respostas.

Como definir o momento que estamos vivendo?

Antigamente, dizíamos "geração passada", para falar dos mais velhos. Hoje falamos da convivência de diferentes gerações em casa, na escola, no meio social e no trabalho. A imagem que a gente tinha das pessoas com mais de 60 anos era aquela de nossa avó sentada numa cadeira de balanço. A medicina deixou claro que a vida não acaba na terceira idade, logo os mais velhos não querem se aposentar e levar uma vida monótona. A expectativa de vida aumentou.

Os mais velhos se sentem desconfortáveis com a chegada de novos talentos no trabalho?

O Baby Boomer é pai do jovem Y que está no mercado. A geração X ficou no meio disso e para eles parece injusto que os mais novos encontrem as coisas "mais fáceis", já que foram obrigados a obedecer a controles rígidos por tanto tempo.

Como lidar com os jovens da Geração Y?

Colocando-os para trabalhar em grupo. São bons nisso. Colaboram quando há um objetivo em comum. Afinal, foram eles que criaram e alimentam a wikipédia. Priorizam aprender, portanto buscam e permanecem em empresas de onde possam tirar o máximo de conhecimento e, não é que não gostem de dinheiro, eles gostam, afinal levam uma vida intensa e precisam cobrir essas despesas, mas necessitam sentir que estão crescendo a partir das tarefas que realizam. Algumas empresas já se deram conta de que é preciso oferecer integração entre trabalho e diversão. Quanto a restrições no trabalho, é melhor pensar duas vezes antes de bloquear o acesso ao orkut, msn e outras formas de relacionamento.

O que os tornou tão ansiosos?

Quem já viveu uma experiência fora do Brasil há 20, 30 anos sabe bem do quanto fazer uma ligação era algo raro e caro. É injusto obrigarmos que eles sejam tão pacientes como fomos. Mesmo o que moram fora dos grandes centros urbanos são contaminados pelo novo conceito de tempo, seja pela internet ou mesmo pelo celular. O conceito mudou. Não havia fastfood, drive-through, disc delivery e outras comodidades como temos hoje.

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