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segunda-feira, 20 de julho de 2009

Protesto de muçulmanos na China


Os choques entre dois grupos na província chinesa de Xinjiang, no noroeste do país, deixaram mais de 180 mortos e 1.000 feridos no início de julho e provocaram um desentendimento diplomático entre a China e a Turquia. Foi o mais sangrento conflito no país desde o massacre da Praça da Paz Celestial, há 20 anos. Em jogo, estão as diferenças étnicas, culturais e religiosas da minoria uigure e da maioria han – a predominante no país. A província de Xinjiang é, na verdade, um barril de pólvora, cuja explosão já era prevista. Entenda o que está por trás desse conflito.

1. Como começou o conflito na província chinesa de Xinjiang?
2. Quem são os uigures e quem são os hans?
3. Qual foi a reação de Pequim aos distúrbios em Xianjiang?
4. Xinjiang sempre pertenceu à China?
5. Só há essas duas etnias na província?
6. Qual é a importância econômica da região?
7. De que tipo de desvantagem reclamam os uigures?
8. Há outras razões para insatisfação?
9. Consulte o mapa da China com destaque para Xianjiang


1. Como começou o conflito na província chinesa de Xinjiang?

Jovens da etnia uigure promoveram uma marcha na cidade de Urumqi, capital de Xinjiang, no dia 5 de julho, para protestar contra um caso de discriminação judicial, ligado ao assassinato de dois uigures por membros da etnia han. A marcha se espalhou pela cidade e terminou em choque com a polícia, resultando na morte de cidadãos da etnia han. Como vingança, membros desse grupo atacaram e mataram uigures. O governo admitiu que pelo menos 184 pessoas morreram e outras 1.000 ficaram feridas.





2. Quem são os uigures e quem são os hans?

Os uigures formam uma minoria étnica mulçumana de origem turca, com língua própria, que alega ser a primeira a habitar a região montanhosa da província de Xianjiang, no noroeste da China. Dados oficiais do governo chinês dizem que eles são 45% da população local atualmente. Os han, que são maioria na China, representam cerca de 40% dos cerca de 20 milhões de habitantes da província. Eles são vistos pelos uigures como colonizadores, pois começaram a chegar em grande escala à região em 1949, após a Revolução Comunista.





3. Qual foi a reação de Pequim aos distúrbios em Xianjiang?

O governo de Pequim foi rápido e brutal na repressão, mas não conseguiu desfazer a impressão de que o país padece do mesmo desarranjo nacional que levou ao esfacelamento do Leste Europeu. Em ambas as regiões, a mão dura do comunismo abafou diferenças étnicas e uma multiplicidade de aspirações nacionais durante décadas. Com a queda do Muro de Berlim, a panela de pressão explodiu em guerras e na contínua fragmentação dos antigos satélites soviéticos em nações cada vez menores.




4. Xinjiang sempre pertenceu à China?

Não. A província só foi anexada à China em 1760 pela dinastia Qing. Pela região, passava a Rota da Seda, caminho utilizado por mercantes que faziam o intercâmbio de produtos entre a Europa e Ásia. Atualmente, é classificada como região autônoma controlada pelo governo central (assim como o Tibete, que fica ao sul) e ocupa mais de um sexto do território chinês. A província, que serviu de cenário para o filme O Caçador de Pipas (2007), também é palco de uma luta pela independência, promovida por militantes uigures, que são retratados por Pequim como terroristas com ligações com a rede terrorista Al Qaeda, de Osama Bin Laden.





5. Só há essas duas etnias na província?

Não. Além dos uigures e dos han, outras 18 etnias compõem a população local, entre elas cacazaquistaneses, mongóis, manchus, uzbequistaneses, russos e tibetanos.





6. Qual é a importância econômica da região?

Xinjiang é considerada estratégica por ser rica em gás natural e petróleo. Mas a produção rural também tem grande peso na economia local. As chamadas bingtuan, grandes fazendas criadas pelo governo chinês na década de 50, são lucrativas e estima-se que um em cada seis hans que vivem em Xinjiang trabalhe em uma dessas propriedades. Os uigures, contudo, raramente trabalham nessas fazendas: as desvantagens deles, aliás, são outro motivo da revolta contra a Pequim.





7. De que tipo de desvantagem reclamam os uigures?

Eles alegam que sofrem desvantagens econômicas em relação aos imigrantes chineses da etnia han, que obtêm os melhores empregos. Esse desnível vem crescendo nos últimos 30 anos, uma vez que a concentração de membros da etnia han na província é crescente. Com a recente crise econômica, acredita-se que a crescente dificuldade para se encontrar emprego tenha forçado trabalhadores uigures a migrar para outras regiões da China.





8. Há outras razões para insatisfação?

Sim. Os uigures se dizem reprimidos culturalmente desde o início da década de 1990, logo após a queda do muro de Berlim e do colapso da União Soviética – momento em que uma onda nacionalista percorreu o mundo. A China temia que os uigures se identificassem com os turcos nacionalistas que pregam o islamismo fundamentalista. Atualmente, entre as restrições culturais de que são vítimas os uigures, estão o controle da prática da fé islâmica e a submissão da língua própria ao mandarim, idioma oficial da China, para fins profissionais.






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