A Nova Ordem Mundial
O mundo como conhecemos está para mudar. E você, caro leitor, terá a oportunidade de viver a história sendo escrita. Gradativamente você perceberá que vive em um novo mundo, completamente sem fronteiras. Um mundo em que você pode ir ou estar em todos os lugares, um mundo em que nacionalidade influi menos e onde conceitos territoriais e geográficos perdem importância. Isso é ótimo. É a chance que temos para ignorarmos diferenças entre os povos e percebermos que no final das contas somos todos seres-humanos.
Durante grande parte da história escrita até então, o conceito vigente era o de que potências deveriam se sobrepujar em relação a todas as outras forças. Essas forças poderiam ser outras potências ou simples entidades de influência inexpressiva no contexto em que fazem parte. Não estou apenas falando de feudos, reinos, impérios, nações, países ou estados. Até esse momento era importante que crenças religiosas se impusessem perante as demais, que grupos étnicos prevalecessem perante minorias.
Essa realidade está mudando. Vivemos em um mundo onde a tolerância étnica e religiosa, embora nem sempre praticada, é pregada e em que nacionalismos ufanistas não são mais tão possíveis. Em 2009 nenhum país é suficientemente independente dos demais. A economia global está tão fragilizada que, para sobreviver no competitivo mercado internacional, as nações precisam apoiar os estados que são seus parceiros comerciais. Somente assim, países podem se unir e discutir interesses mútuos de modo a derrubar barreiras protecionistas que perderam sentido nesse mundo em crise em que todos precisam se desenvolver, ou sobreviver. Os que insistirem em dificultar o livre comércio correm o risco de serem boicotados pelos grupos econômicos que surgem sob pena de não terem para quem vender, ou de quem comprar.
Não importa se, no passado, muitos dos países europeus despejaram bombas uns sobre os outros, ou se brasileiros combateram paraguaios em sangrentas batalhas. Sem a União Européia eles não têm força para negociar conosco e sem o Mercosul enfrentaremos dificuldades para conversar com eles. Da mesma forma, não nos interessa ver a economia dos países vizinhos sucumbir pela simples satisfação de ver argentinos implorando por ajuda. Todos dependemos de todos. Precisamos ajudar os amigos mesmo que sejam ideologicamente lunáticos, como o Presidente Hugo Chávez. Assim como na União Européia, se o Mercosul funcionar, teremos trânsito livre entre todos os países que compõem o bloco. Poderemos fazer negócios com facilidade tanto no Chile quanto no Equador. Doaremos dinheiro não só para os desastres em Santa Catarina, mas para os de Quito e Caracas também.
Barreiras estão sendo derrubadas.
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Aliás, por que não devemos ajudar as pessoas de outros países? Nossos soldados não deveriam ter impedido que a população haitiana continuasse a ser dizimada pela fome ou pela guerra civil local? Instituições internacionais que tentam diminuir a importância das fronteiras geográficas em detrimento da justiça global como ONU são desnecessárias? Podemos tolerar que um país longínquo extermine seres-humanos no outro lado do oceano pela razão de estarmos bem longe e em segurança? Felizmente, parece que não. O Brasil está investindo alto para reativar sua industria bélica e para mostrar a eficiência de nossas tropas em missões de paz. O intuito é assumir uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU e ter voz diante das injustiças no mundo.
O mundo é cada vez menor e arbitrariedades cometidas por países cujo processo democrático está meio século atrasado serão cada vez menos toleradas. Enquanto nossos avós pouco imaginaram a possibilidade de conhecerem locais como Tailância, República Checa ou África do Sul, nossa geração desfruta de grande facilidade para explorar o planeta inteiro. Quando não podemos atravessar o globo fisicamente, podemos fazê-lo virtualmente. Novas tecnologias possibilitam comunicação com custo relativamente baixo entre qualquer país, por mais distante que esteja. Há dias atrás comprei um produto nos Estados Unidos, outro na China e um terceiro na Alemanha. Estou montando meu carro com peças produzidas nos quatro cantos do mundo graças às facilidades da Internet (e do PayPal).
Em um almoço com meu chefe alemão, casado com uma caribenha, tendo vivido boa parte da vida na Espanha, e pai de um menino brasileiro, descobri que já existem pessoas que perderam a noção de nacionalismo: meu chefe que não se importa com o país em que vive contanto que seu trabalho seja útil e faça a diferença. Acostumou-se a conviver com cristãos, judeus e islâmicos lado a lado. Sabe que a origem, cor da pele, ou as crenças de uma pessoa não diz nada, absolutamente nada, à seu respeito. E não é só ele que pensa assim.
“Vocês conhecerr aquela dos judeus em um barr?”
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Hoje, Barack Hussein Obama II está se mudando para Washington. O 44º presidente eleito dos Estados Unidos da América, potência hegemônica formada por brancos cristãos protestantes, é negro e filho de muçulmano. Criado no Havaí, viveu boa parte de sua infância na Indonésia com sua mãe americana, divorciada do pai queniano de Obama. A cor da pele do Presidente Obama abriu portas para a grande comunidade negra americana, segregada até poucos anos atrás. Em 1998, nenhum americano imaginaria um negro sentado no salão oval. Os brancos, que um dia foram racistas, foram obrigados a se curvar, aceitar e apoiar o resultado do processo democrático em qual a fundação do estado norte americano sempre se baseou.
Entretanto, não são apenas brancos e negros que o novo presidente pode unir. Seu sobrenome islâmico atraiu apoio de lideranças políticas muçulmanas em todo o mundo. O país que há uns dias atrás era odiado e taxado de anti-islâmico pela comunidade árabe internacional, agora é liderado por um homem fruto da tolerância étnica e religiosa. Nunca um ocupante do cargo mais importante do mundo teve tantas ferramentas para apaziguar povos de diferenças milenares.
A curiosidade que fica, é qual desculpa os terroristas árabes extremistas usarão para pregar a guerra santa contra o infiel cristão ocidental?
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