´´Observe as tendências mas não Siga a maioria`` Thiago Prado


http://www.speedtest.net
http://geotool.servehttp.com/


quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O capitalismo bom e o capitalismo ruim

Nada melhor que iniciar o ano com uma boa leitura para refletir sobre o país que queremos. Em Capitalismo Bom, Capitalismo Ruim: a Economia do Crescimento e da Prosperidade (2007), William Baumol, Robert Litan e Carl Schramm registram que “o capitalismo não é uma forma de organização econômica monolítica. Mas, ao contrário, se apresenta em várias formas, que diferem substancialmente em suas implicações, tanto para o crescimento econômico quanto para a eliminação da pobreza”.
Segundo George Akerlof, prêmio Nobel de Economia em 2001, “esse é um livro ousado, com grandes, arrojadas e importantes idéias. A obra nos diz que o capitalismo vem em diferentes sabores, alguns muito melhores que outros. Entre as modalidades, o capitalismo dos empreendedores é o de melhor gosto, levando ao crescimento e à prosperidade. As outras formas devem ser evitadas, pois levam à estagnação”.
“O formidável aumento de produtividade e as ondas de inovações tecnológicas nos Estados Unidos nos anos 90 tornaram-se possíveis por meio de novas e inovadoras companhias, e não pelos gigantes estabelecidos, merecendo essa especial designação de capitalismo dos empreendedores”, afirmam os autores. “Essa nova modalidade de capitalismo difere da existente no Japão e na Europa continental, onde predominam grandes empresas auxiliadas por seus governos, de um lado, e pequenos varejistas e empresas familiares, de outro.”
O terceiro tipo, extremamente comum, é o capitalismo de Estado, regimes econômicos dirigistas, como na Alemanha nazista e no Brasil durante o regime militar. Os autores identificam outra modalidade bastante nociva, o capitalismo oligárquico, em que uma pequena elite de políticos e empresários concentra as oportunidades lucrativas em suas próprias mãos.
Sabemos que o crescimento econômico sustentável é um fenômeno de longo prazo e apresenta enormes desafios. Segundo os autores, há diversas características em uma economia bem-sucedida do ponto de vista empresarial: 1) tanto abrir quanto fechar um negócio deve ser extremamente simples; 2) um mercado de trabalho flexível e um sistema financeiro eficiente; 3) a regulamentação e as instituições governamentais devem encorajar os empreendimentos que criam riqueza e desencorajar atividades improdutivas que apenas transferem renda, sem aumentar o bolo, como comportamento criminal, lobbies políticos, de grupos de interesse, indústria de ações judiciais; e 4) regras e instituições que estimulem os empreendedores a uma busca incessante pela criação e disseminação de novos produtos e técnicas de produção.
Outro aspecto crítico em sua obra é o papel da educação. Reconhecem sua importância para o crescimento econômico, mas alertam: o ambiente favorável ao empreendedorismo é essencial. “Antes da queda do Muro de Berlim, a antiga União Soviética e os países da Europa Oriental exibiam alguns dos mais bem-sucedidos sistemas educacionais em todos os níveis. Mas, envolvidos em uma atmosfera política e econômica que era a própria antítese do empreendedorismo, não impediram a estagnação econômica.”
A receita dos autores para o sucesso é uma mistura em dose certa de dois tipos de capitalismo: o dos empreendedores, para inovar, e o das grandes empresas, para disseminar as inovações, derrubando os custos de produção por meio dos ganhos de escala. O que deve ser evitado é justamente o que temos no Brasil: o capitalismo de Estado, as oligarquias e os grupos de interesse, mantidos por instituições obsoletas e regulamentação inadequada.

Paulo Guedes, economista

Nenhum comentário: